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As últimas duas semanas já deixavam antever o desfecho da questão do Orçamento de Estado, tão profícuas que foram em atitudes mais ou menos ensandecidas.
De José Sócrates a culpar Cavaco Silva pelo fim do seu governo, a Miguel Relvas a confiar que a História lhe dará razão, de António José Seguro a dizer que quer ser governo e que «há um Abril a nascer» (sugiro que comece por renacionalizar o Banco Espírito Santo; é só uma ideia), ao Ministro que deveria ser dos Negócios Estrangeiros a anunciar contratos de carne de porco e de galinha no Japão (já agora, por que não uns computadores Magalhães?), do Parlamento de um país falido a brincar às moções de censura, a uma coligação de patrões e sindicalistas a pedirem um aumento do Salário Mínimo financiado pelo Estado, podemos concluir que o manicómio em autogestão está bem e recomenda-se. O problema é quando a abstração da realidade, o culto da irresponsabilidade, a negação do mais elementar bom senso atingem o orçamento do manicómio, mesmo que seja em cumprimento dos estatutos da dita instituição - nada mais coerente. O que está em causa é o que, melhor ou pior, torna toda essa loucura possível e sem o qual se dá um dolorosíssimo regresso ao mundo real.
Eu quero acreditar que ainda haverá um esforço de bom senso, onde ele se puder encontrar, e que não chegámos ao fim da linha. É que se não houver, o resultado final será abundante e sobrará para todos, quando it hits the fan.