" Um pouco além, a dois km da raia, está Lindoso, aldeia rude e típica, de velhas casas de perpianho de granito,algumas ainda com tecto de colmo, coroada por um velho castelo afonsino, talvez do século XIII, reconstruído e crismado por D. Dinis e um tanto alterado na época da Restauração.
O nome de « Lindoso » ( corruptela aprazível do qualificativo lindo) ter-lhe-ia sido dado pelo Rei-poeta por ocasião de uma das suas jornadas raianas. ( .... )
Ao lado do castelo há o interessante Largo dos Espigueiros. Todos os celeiros dos moradores da velha povoação aí se concentram. São airosos e de esmerada mão-de-obra. Tem-se a impressão, em face de cada um, de que se trata de um cofre-forte medievo, talhado em granito. O conjunto, com todas as suas cruzes, todos os seus tectos, os pés direitos, os balaústres em pedra trabalhada, sugere vago sonho de uma cidade de « abastança » "
Visitar o castelo e o grande aglomerado de espigueiros do Lindoso, era o objectivo nesse primeiro domingo de Agosto, pelo que, saídos de Braga, tomámos a estrada nacional - pelo caminho há sempre coisas a visitar, que não são visíveis da auto-estrada - para Ponte da Barca, em cujo concelho a freguesia se integra. Mas, não o sabíamos, era o dia de S. Mamede, santo padroeiro do lugar, e a festa estava rija. O barulho e a multidão, associadas a qualquer romaria minhota, eram de molde a fazer-nos repensar os planos. Iríamos ver só o castelo, afastado de toda essa confusão: o resto... ; há mais marés que marinheiros, dissemos-nos.
A ocasião apresentou-se uns meses depois: o vento que fazia, e as nuvens, que entretanto tinham surgido no céu, não constituíam empecilho, pelo que da intenção se passou à acção.
Logo nos demos conta, assim que chegámos ao destino, de que escolhêramos bem o dia: ninguém pelas redondezas, pelo que o silêncio era quase total: apenas o som do vento.
E como desfrutámos de todo aquele espectáculo visual de que nos fala Sant'Anna Dionísio no velho « Guia de Portugal ».