por Cristina Ribeiro, em 17.04.13
" Politicamente monárquico mas intelectualmente um anarquista, Tomaz criou amizades entre o povo, e a cada passo as citava, ou em conversas ou por escrito, como modelos de bom pensar, bem falar ou de bem proceder. A sua paixão pelas origens da língua, pelas expressões pitorescas e anacrónicas, levava-o a anotar, com minúcias de arqueólogo, o linguajar provinciano e sugestivo onde quer que ele o topasse. ( ... )
As letras, dele ou dos outros, modelares ou apenas honradas eram, como ele mesmo dizia, o seu pão. ( ... ).
Sardónico, arrebatado, incapaz de condescender com o que ( ou com quem ) de algum modo lhe desagradasse, não temia manifestá-lo desenfreadamente e em público.
De uma fidelidade monástica às amizades, ao amor da terra e das tradições, Tomaz de Figueiredo era a inteligência, era a cultura, a lucidez, a dignidade, a irreverência e o sarcasmo. "
A arrumar vários exemplares da revista « Panorama », foi por acaso que, em vésperas de se comemorar mais um ano do falecimento do escritor de Arcos de Valdevez ( nascido em Braga ), resolvi folhear uma dessa revistas: a de Março/Junho de 1970. O escritor acabara de falecer - 29 de Abril - e um dos seus amigos, e colega de tertúlia do café Avis, Luís Cajão, escrevia um artigo, do qual respigo este excerto, sobre o grande escritor, sobre o autor d«A Toca do Lobo ».