Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]







                                                                    VIRIATO (  (Herminius Mons)

Deus fez a Terra. E a Terra fez a Raça.

Da Raça mais da Terra tu vieste.

O barro escuro concebeu por graça

E a treva encheu-se dum clarão celeste!


P'ra trás de ti ficou a névoa baça,

Ficou a argila que o teu corpo veste, 

Parente das raízes em quem passa

Toda a rijeza de uma penha agreste!


Porque tu foste a segurança antiga,

Pode bem ser que a tua voz consiga

Livrar dos lobos o perdido gado!


Erguido sobre os longes pardacentos,

Ó filho das Levadas e dos Ventos,

Acode ao teu rebanho tresmalhado!


António Sardinha 

publicado às 18:37


7 comentários

Sem imagem de perfil

De xico a 22.04.2013 às 20:33

Cara Cristina
É bonito o poema. Mas entre Viriato e Afonso Henriques correu mais água nos montes hermínios do que entre Afonso Henriques e os nossos dias.
A minha identidade é muito mais grega, romana, semita, goda, árabe e bantu, do que celta.
Eu e Afonso Henriques caçamos dragões wagnerianos na sua Burgundia natal.
Eu oiço Bach nas bourrés dos ranchos das Beiras.
Eu e Tomás de Aquino pertencemos à mesma crença.
Eu e Petrarca encontramo-nos, pelo sereno da tarde, no Camões.
Eu e a rainha Ginga trocamos juras de amor na língua de Pessoa.
Eu e o cacique tupinambá admiramos o barroco de Vieira num terreiro de candomblé.
O Viriato é um velho conhecido que encontro por vezes, abismado, junto à estrada da Beira rasgada na penha agreste, que não compreende o Suevo minhoto nem o mouro algarvio. Depois reparo que é só um espectro. Uma ilusão.
Imagem de perfil

De Cristina Ribeiro a 22.04.2013 às 21:46

Aqui, Xico, Viriato até pode ser visto como um D. Afonso Henriques, D. Nuno Álvares Pereira ou D. João II: um pastor que tenha a força suficiente para reunir o " rebanho tresmalhado " à volta de uma ideia de Pátria; a Raça que o permita " livrar dos lobos o perdido gado ". Podemos ler o poema como uma exortação: ao homem d'hoje para que busque dentro de si essa mesma Raça, para que não feneça o que levou séculos a consolidar. 
Sem imagem de perfil

De xico a 22.04.2013 às 22:34

O que levou séculos a consolidar foi uma ideia que legámos ao mundo inteiro. Vale a pena cumprir Europa para que esse legado não morra, mesmo à custa dos egoísmos nacionalistas, esse cancro romântico do século XIX. Um pastor que saiba unir a tribo e levá-la à Europa e ajudá-la a construir, guardando a sua idiossincrancia, sim. Albanização, não! Portugal cumpriu-se sempre enquanto se expandiu e se integrou com os outros. Portugal virou as costas à Europa para a levar ao mundo. É hora de voltar para ela e lutar pelo legado que deixou ao mundo. Aqui foi a finis terrae dos povos da Europa, não há que nos envergonharmos de ser europeus. Até os lusitanos lutaram ao lado de Aníbal por uma ideia de Mediterrâneo e de império.
Sem imagem de perfil

De Duarte Meira a 23.04.2013 às 11:58


Lembrando muito justamente o lusitano Viriato temos, infelizmente, de lembrar os lusitanos que o traíram a soldo de  Roma. Ontrem, como hoje, era o génio irredutivelmente localista, de curto horizonte e não largamente solidário, a indisciplinada, mutável ( e subornável) vontade... Se houve cividades castrejas que resistiram até ao último homem e mulher (as mulheres também lutavam), houve outras que facilmente se rendiam aos romanos e traíam. Esses oportunismos das  rivalidades bairristas ainda são hoje o mesmo que sempre foram, e nada me surpreendia, estimada Cristina, que viessem desses tempos as rivalidades, por exemplo, entre os seus conterrâneso vimaranenses e os vizinhos bracarenses...

Ainda creio que este ano teremos notícias surpreendentes e inéditas sobre a influência do grande Viriato na nossa cultura. Depois lhe chamrei a atenção sua e dos leitores deste blogue para isso. Para já fiquemo-nos com a bela fotografia do Zêzere.
Imagem de perfil

De Cristina Ribeiro a 23.04.2013 às 14:46

Obrigada pela achega, Duarte. Fico ( ficamos ) à espera, ansiosamente, porque tudo quanto respeita à nossa História...
Imagem de perfil

De Regina da Cruz a 23.04.2013 às 15:57

Ler os posts da Cristina e os comentários do Duarte é uma satisfação.
Imagem de perfil

De Cristina Ribeiro a 23.04.2013 às 20:46

Obrigada, Regina. Concordo consigo: que riqueza traz o Duarte às caixas de comentários do nosso blogueImage

Comentar post







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas