Estado Sentido

João, o meu pai "foi-se embora em Outubro" passado. Quero que pelo menos a sua imagem fique pela net , ligada à sua terra natal e aos sítios por onde andou e de que tanto gostava. O que mais poderei fazer? Por vezes deparo com maços de velhas fotos à venda em feiras. A minha irmã é uma grande coleccionadora, mostra-me as suas aquisições - muita gente sem nome, muitas vidas incógnitas -  e faz-me imensa pena o esquecimento. Por exemplo, veja bem o que representa um achado como aquela foto que há dias publiquei com o Otelo. Através dessa publicação, já consegui mais um nome que incluirei no post. Alguém viu o post e... "olha, este sou eu"! Quanto aos molhes e molhes de fotos perdidas em alfarrabistas, lelões de curiosidades ou simplesmente achadas no lixo de quem não quer saber dos seus, a verdade é que ninguém sabe da existência daquelas pessoas. Parece-me uma indecência.  
Hoje temos o dever de perpetuar a memória e a internet pode ser um veículo. Ainda por cima, involuntariamente pertenço à última geração portuguesa nascida no Moçambique sob a nossa soberania, fechando o honroso ciclo iniciado em 1415. Creio que isso é história, embora tivesse preferido um  desfecho bem diferente daquele que bem sabemos. 
Continuarei a partilhar todas as fotos, pelo menos até ao esgotar do filão. Já falei com as minhas primas e primos, talvez encontrem algo mais.