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França vai passar a ser conhecida por Liberté, Egalité, Fraternité e Interneté. Foi necessário um Socialista aparecer em cena para começar a aplicar receitas normalmente associadas a outros regimes políticos. Agora ponderam aplicar uma taxa aos fabricantes de aparelhos que permitem a ligação à internet. Diga o que disser o Hollande, há aqui outras considerações que transcendem a mera ordem económica, a necessidade de angariar receitas em plena paisagem austeritária. Observemos com atenção este modo de censura que condicionará, com maior ou menor intensidade, a livre circulação de ideias. Trata-se de uma amostra do que é possível fazer. É o que eu digo, as ideologias assemelham-se a uma omolete, são mexidas e viradas ao contrário e servidas a frio. Sem darmos conta, pagaremos para satisfazer os fetiches de governantes que já perderam o controlo da situação económica, do descalabro, e que agora temem, mais do que nunca, a força das ideias. Aquelas que incendeiam bairros porque as juntas e levantamentos anteriores fracassaram. A França está ao virar da esquina de um descalabro económico e financeiro, com a séria agravante de ser um país que vive com uma profunda fractura, que opõe um país civilizado e católico ao banlieue muçulmano. Os tablets de barro que já eram utilizados pelos Sumérios, foram importantíssimos para as trocas comerciais, para o desenvolvimento da economia, mas mais substantivamente, para a livre circulação de ideias - para atirar barro à parede, para protestar, para plantar as primeiras sementes de discórdia. E essas amostras de dissensão viajáram até aos nossos dias enquanto elementos de definição da própria Democracia, tal e qual como a conhecíamos, e que teimamos em preservar. Ao censurar esse campo aberto que é o cíberespaço, Hollande demonstra a sua natureza autoritária, a sua inclinação para a arrogância. O pretexto de defesa da cultura francesa parece conversa de um chulo, que agora exige comissões ainda mais altas às prostitutas que escapam ao seu controlo, ao controlo de qualquer político. Eles andam nervosos. Por outras palavras, esta medida funciona como um aviso, uma ameaça velada feita a partir de uma bairro, por um cabecilha de um dos muitos gangs de políticos que povoam a Europa. Se nos provocarem o suficiente, puxaremos a tomada, não tenham dúvidas, e vós, súbditos do desastre, ficaréis às escuras como colaboradores de um Vichy de rede, enquanto a banda larga entoa os derradeiros acordes de uma revolução. A francesa, quem sabe.