Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




A escassos meses de eleições na Alemanha (que acontecem em Setembro), poderemos desenhar, grosso modo, o mapa de viagens da austeridade. Basta pensarmos que os políticos desejam a sua sobrevivência acima de tudo e, quando encostados às cordas, não hesitarão em aplicar as medidas que melhor preservem a sua continuidade. Com as notícias que chegam sobre a aplicação de medidas de austeridade na própria Alemanha, a que se associa à recessão em França, resta saber até onde a Merkel poderá ir sem comprometer o seu futuro. Por um lado, para poupar os contribuintes germânicos, poderá exigir ainda mais cortes e ajustamentos aos governos dos países sob ajuda externa, e isso a meu ver será catastrófico, uma desgraça. Por outro lado, a Alemanha poderá começar a esboçar um novo ciclo de relações externas, em consequência da situação doméstica que mostra sinais de desgaste económico e social. Ou seja, um progressivo abandono da Europa, passando a não impôr regras económicas e financeiras tão apertadas aos países da periferia Europeia, mas com o ónus para esses países, de verem uma mão vazia, estendida. Contudo, esse possível e gradual desligamento da Europa, na sua expressão mais ortodoxa, também significa criar uma fractura no eixo principal do projecto Europeu. Por outras palavras, menos austeridade, decidida em sede de governos nacionais, traduz-se em menos dinheiros a receber. Dinheiros extraordinários e de emergência, ou aqueles fundos provenientes de quadros institucionais comunitários. A situação que estamos a atravessar, não se reduz a um jogo de soma-zero, em que um leva tudo e os outros nada. A Alemanha terá o seu momento de bliss e não de blitzkrieg, e fará este exercício de procura de um equilíbrio razoável aos olhos dos seus constituintes, mas não necessariamente aos olhos dos estados-membros do sul da Europa. A Alemanha tem uma longa história de presenças em ambos os lados da barricada. Já foi devedora e actualmente afirma-se com credora. O Cavaco Silva, que viu há escassos dias a luz de inspiração divina, também estará a pensar no próximo ciclo - aquilo que ele designa por pós-Troika. Para isso terá convocado um conselho de Estado, mas a meu ver, dada a situação de emergência em que se encontra o país, não há tempo para convívios que produzem resultados nulos. Será que a Maria, o Cavaco e o Marques Mendes sabem algo que nós não sabemos. Para o Presidente da República falar de um modo tão efusivo de um conselho de Estado dedicado ao ciclo pós-Troika, será que estava de pijama no meio da  noite de Belém, quando lhe apareceu a figura fantasmagórica do protestante Martinho Lutero, portador da notícia que a Angela Merkel vai findar a sua posição de timoneira, de mister na equipa da Troika? É disso que se trata? Ou serão apenas os efeitos alucinatórios de uma qualquer água benta vertida pela Nossa Senhora de Fátima. Qual pós-Troika, qual carapuça! O homem está a delirar.

publicado às 12:11


2 comentários

Sem imagem de perfil

De Duarte Meira a 16.05.2013 às 21:08

« ... um progressivo abandono da Europa ...»

Caro John:

Não há "abandono", mas apenas recentramento no centro-leste da Mittleuropa, a preparar o grande encontro  com a Rússia. A ocidente o grande problema alemão é a decadente França, que mesmo no estado lastimável em que está e estará, tem um peso não despiciendo. (Problema menor para ela é a posição britânica. Para já, o Camarão conservador conseguiu adiar o referendo. Mas, para nós, os portugueses, não é nada indiferente que os britânicos, com ou sem a Escócia, venham algum dia a sair do Império Eurásico em formação. Será bom para eles, e para nós, que algum dia saiam.)

O seu texto saiu prejudicado ao misturar com estas questões magnas as insossas pataratices cavacudas. Francamente, gostava que neste blogue só se falasse mais alguma vez deste Nulo, para lhe celebrar a saída e agradecer que tenha sido, no pós-74, o "presidente da república" que mais fez para descredibilizar esta caricatura republicana da instituição monárquica.)
Imagem de perfil

De John Wolf a 16.05.2013 às 21:44

Caro Duarte,
Concordo...recentramento!
Trazer ao barulho o Cavaco foi intencional. No quadro das grandes movimentações que estão em curso, o Presidente da República parece estar a leste de tudo. Se para o conselho de Estado elegeu a nova ordem pós-Troika, está (estão) obrigado (s) a reflectir sobre a emergência de um novo quadro de relações de poder no panorama Europeu. Associar as miudezas às grandezas, serve para demonstrar o perfeito grau de desadequação do chefe de Estado...
Obrigado.
John

Comentar post







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas