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Hoje, dia 17 de Maio, foi aprovada a co-adopção por casais do mesmo sexo. Por outras palavras, o parlamento aprovou hoje, na generalidade, um projeto de lei do PS para que os homossexuais possam co-adotar os filhos adotivos ou biológicos da pessoa com quem estão casados ou com quem vivem em união de facto.
Sei que neste blogue poucos concordarão comigo quando escrevo que este foi um dia bom na democracia portuguesa. Hoje há mais liberdade e paradoxalmente, mais igualdade. É difícil haver mais liberdade quando o nível de igualdade aumenta. O progressismo social a este nível não é perigoso. Não é o fim do mundo quando um casal de pessoas do mesmo sexo pode, com os mesmos direitos, adoptar uma criança que foi deixada numa instituição sem pai nem mãe.
Comparar casais homossexuais com casais heterossexuais é, de facto, subir um degrau no contexto civilizacional. Não há ameaça à criança quando esta é retirada de um sistema estatal para um casa onde encontra uma família. Chamar pai e mãe, mesmo que em duplicado, é infinitamente melhor a nem sequer ter essa oportunidade. E, feitas as contas, é só isso que interessa. Vão, as crianças adoptadas, ter uma vida melhor? Acredito que sim. O Estado nunca foi bom pai para ninguém.
Chamem Pai e Mãe, ou Pai e Pai, ou Mãe e Mãe. O que vale é o que se sente quando se dizem estas palavras. O resto são pormenores.
Diz o anónimo, e compreendo que se não identifique, que teve "um pai e uma mãe e no entanto posso garantir que tudo o que não tive foi uma educação, no sentido comum, saudável." E eu chamo-lhe a atenção para isto: você teve um pai e uma mãe que não terão desempenhado convenientemente os seus papéis, logo que não assumiram as suas responsabilidades e não cumpriram os seus deveres. É lamentável, sobretudo para si, e não se deve desejar isso a ninguém. Todavia, o amigo sobreviveu e pôde hoje escrever o que escreveu. E conhece(u) o seu pai e a sua mãe. E, porventura, outros cuidaram de si, felizmente.
A uma criança adoptada por um par de homens, estes e as autoridades que o consentem, estão a roubar à criança a possibilidade de ter e conhecer a sua mãe, verdadeira ou não, (ou o pai, se o par for de mulheres) e isso não me parece aceitável. Cada um de nós teve um pai e uma mãe, que poderá não saber quem é, mas teve. De quem até nem pode gostar, mas teve ou ainda tem. A vida é assim mesmo.
Mas enganar uma criança, ensinando-lhe que tem dois pais e não tem mãe, como vi em recente reportagem na televisão, é egoísmo ou outra coisa qualquer, nunca forma de defender os superiores interesses da criança. Na minha opinião.