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Anda meio mundo legitimamente indignado com as afirmações de Miguel Sousa Tavares. Por muito que se antipatize com a presidencial figura e com a instituição que ACS encarna, há limites que não podem ser ultrapassados. Esta sensação de impunidade tem antecedentes bem conhecidos, precisamente os factos que conduziram à subversão do regime da Monarquia Constitucional. A subversão não se limitou às reuniões conspirativas em casa deste ou daquele abastado gingão das lojas lisboetas e teve outras facetas muito mais perceptíveis pela massa da população indiferente.
Durante anos a fio, o Rei D. Carlos I foi livremente insultado pela pasquinagem afecta aos sediciosos. Canalha, Sardanapalo, ladrão, devasso, cevado ou bandido, eram apodos corriqueiros que não tiveram a devida resposta por parte dos defensores do Estado de Direito que Portugal era. As sanções limitavam-se a tímidas admoestações, logo seguidas por uma amnistia que Sua Majestade despreocupadamente assinava. Sabemos que estas ignomínias - os insultos e a ausência de forte penalização dos mesmos - significaram.
Apesar de aparentar ser politicamente parvo, Miguel Sousa Tavares está muito à vontade. Não passará por qualquer incómodo que lhe tire uma hora de sono. Este menino-bem é parte do mainstream pseudo-progresseiro que dita as normas e em conformidade faz e diz o que bem lhe dá na gana. Gostaríamos todos de saber como é que o comodamente instalado Miguel reagiiria, se um dia destes, desfolhando um jornal não balsemista, deparasse com aquelas palavras com que a generalidade da população gostosa e persistentemente apoda os dois antecessores de Cavaco Silva.
Soares e Lello abertamente insinuam ou acicatam o perpetrar de um crime. Agora, Sousa Tavares faz-nos regressar a 1907, ciente de que nada de penoso terá de enfrentar. Aliás, já é um arrependido, algo que neste contexto, não passará de uma figura de estilo. Preventivamente agiu, lixiviando a nódoa.
Não há qualquer dúvida, a república acabou, nem os seus por ela nutrem um ténue simulacro de respeito. Quem é que enterra a coisa?