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Com o fim da União Soviética e a chegada deste novo mundo kantiano que os Pangloss de serviço se apressaram a celebrar, é que veio a bancarrota. A Europa passou de Império a Baixo Império, mas os ‘bárbaros’ conhecem as nossas tecnologias e as nossas cabeças, por que lêem os nossos livros e trabalham mais e gastam menos. Como Spengler e Godard tinham previsto, até por que não eram tão racistas como pareciam.
Lembrei-me destas coisas ao ler no Público a entrevista a Teresa de Sousa, de um ‘europeu desencantado’, Eduardo Lourenço, que reconhece tudo aquilo que os europeus eurocépticos sempre souberam e disseram.
«Não há uma ideia europeia». Claro que não. A essência e a força da Europa foi a unidade na diversidade, uma cultura e um espírito idênticos em comunidades políticas bem definidas, independentes e competitivas entre si. E foi a resistência dos Estados-nações europeus às tentativas imperiais de Carlos V, de Napoleão, de Hitler, foi essa resistência ao Império, à unidade imposta por um centro que fez a força das nações europeias. No passado, foi pela competição militar, política, na Ciência e na Técnica e até na memória dessa rivalidade na Literatura e na Arte, que chegaram onde então chegaram.
Mas a União (Europeia) desfez a Força (da Europa ) "
Em nome dessa inexistente " ideia europeia " se foi roubando soberania às até aqui resistentes, porque senhoras do seu destino, nações, que, em cada momento, sabiam defender, da forma por elas mesmas consideradas mais conveniente, os interesses próprios; se foi manietando, progressivamente, o poder de decisão que a cada uma delas cabe naturalmente. E o resultado sentimo-lo, vêmo-lo, ouvimo-lo.
Como escreveu Spengler em « O Declínio do Ocidente », estamos a viver o período dito de civilização, em que a decadência se manifesta na progressiva eliminação do primado da qualidade pelo da quantidade.