Em Alcácer-Kibir, naquele dia
de luto e tormentosos desenganos,
a Pátria curva a fronte, na agonia
de uma noite que dura sessent'anos.
Afoga-se na dor sem lenitivo
que bem pode chamar-se a Cruz da Dor:
- a dor sem tréguas de viver cativo
quem nasceu livre e para ser Senhor.
Mas eis que surge a Hora prometida
pelos profetas de tam nobre Povo:
- a Hora clara do regresso à Vida
de novo forte e audaz, livre de novo!
E basta uma só voz erguer-se então
- a voz sã da nobreza verdadeira -
para que ao grito da Restauração
responda o eco da Nação inteira.
Na luta desigual não vence a força
vence, sim, o direito que se aferra
ao rude intento, que não há quem torça,
de querermos ser nós na nossa Terra!
Nada pode o Poder, por mais que possa,
contra a vontade firme dum Ideal.
E Portugal ressurge Pátria-Nossa;
Dom João IV é rei de Portugal!
Ei-lo na Ronda! Avança par a par
dos nobres, dos soldados, ddos burgueses
- dos que venceram para nos legar
a honra de hoje sermos portugueses!
Silva Tavares