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Um estado todo-poderoso, insindicável e pouco transparente tende, frequentemente, a produzir este género de fenómenos. Não está em causa a honorabilidade de Pedro Reis que, em bom rigor, actuou de molde a evitar todas as suspeições que pudessem advir da aceitação do convite formulado pelo Ministério das Finanças. O que interessa relevar neste caso é a total falta de tacto da equipa comandada pelo Capitão meteorológico, Vítor Gaspar. Repare-se que Gaspar convida expressamente, com vista à assumpção de responsabilidades num banco estatal, um cidadão que exerce funções numa instituição situada na órbita do Estado (AICEP), menosprezando os, mais do que óbvios, conflitos de interesse que resultariam dessa escolha. Não se trata apenas de desatenção, isto é pura zombaria para com os cidadãos contribuintes. O AICEP, como é do domínio geral, lida diariamente com todos os bancos, pelo que um convite deste jaez teria, forçosamente, de contender com os interesses dos bancos concorrentes da Caixa Geral de Depósitos. No fundo, estes convites são a prova de que, com mais ou menos troikas, o Estado português é irreformável. Por maior que seja a vontade deste ou daquele protagonista da governação, os interesses que gravitam em torno dos centros de poder jamais cederão a menor quota na apropriação das tão ansiadas e cobiçadas rendas económicas. Pedro Reis é um mero peão nesta jogatana que não tem desfecho à vista. O capitalismo luso funciona assim, em capelinhas fechadas à concorrência e à abertura. Mercado livre? Viram-no?