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Rebeldes ou Terroristas?

por FR, em 19.06.13

Em conversa com um amigo, discutindo a guerra na Síria, este parecia incomodado com o facto de eu tratar como terroristas aqueles que ele tratava como rebeldes. Gostaria então de apresentar os meus argumentos para tal tratamento:

 

- 17 Junho 2013: Explosão em Aleppo mata 60

- 16 Junho 2013: Carro-bomba explode em Damasco

- 14 Junho 2013: Dois homens-bomba matam 14

- 27 Maio 2013: Jornalista assassinada

- 17 Maio 2013: Três soldados da ONU sequestrados

- 14 Maio 2013: Homem filmado a comer o coração de soldado morto

- 30 Abril 2013: Explosão no centro de Damasco mata 13

- 30 Março 2013: Xeque mutilado e decapitado

- 21 Março 2013: Homem-bomba em Mesquita em Damasco mata 20

- 5 Janeiro 2013: Duas explosões em bairro cristão de Damasco

- 2 Janeiro 2013: Jornalista Americano sequestrado

- 17 Dezembro 2012: Um Italiano, dois Russos sequestrados

- 6 Novembro 2012: Bomba em bairro residencial de Damasco mata 10

- 27 Outubro 2012: Jornalista Libanês sequestrado

- 26 Outubro 2012: Carro-bomba em Damasco mata 47

- 25 Outubro 2012: Padre raptado e executado

- 7 Setembro 2012: Mota-bomba explode à entrada de Mesquita, mata 10

- 3 Setembro 2012: Carro-bomba explode em bairro cristão

- 27 Agosto 2012: Carro-bomba explode em funeral cristão, mata 12

- 11 Agosto 2012: Quatro jornalistas sequestrados

 

Agora pergunto eu: que outro nome senão terrorismo se poderá dar ao sistemático recurso a carros armadilhados em bairros residenciais, igrejas e mesquitas? À prática de mutilações, decapitações e rituais de canibalismo? Aos frequentíssimos sequestros e execuções de civis?

 

E o que dizer do facto da minoria cristã, cada vez mais pequena, ser alvo preferencial de ataques terroristas? Que dizer da quase total ausência de notícias sobre os constantes sequestros, assassinatos e violações dos cristãos Sírios?

 

Esta gente não está a lutar pela democracia e estes mortos não são mártires em nome da liberdade. São grupos radicais que não têm qualquer pudor em recorrer aos meios mais baixos e sangrentos de terrorismo com a intenção de impôr um regime obscuro que, a triunfar, conduziria o país para um era de terror e de trevas, e contribuiria para aumentar a destabilização de toda a região, incluindo o Líbano, o Irão e o Iraque. Só a posição de Israel sairia aparentemente reforçada com o derrube do regime, pelo que se poderá começar a entender a obsessão dos Estados Unidos com o derrube de Assad.

 

Quando os ataques são como os descritos acima, é imprescindível que a resposta das forças de segurança seja forte e decidida. Foi assim que respondeu o regime e não poderia ter sido de outra forma. Quando estes baixíssimos ataques são incentivados por apoios financeiros e logísticos vindos das potências externas e legitimados moralmente pela quase totalidade da comunidade internacional, é evidente que eles não irão parar, tal como não cessará por outro lado a resposta do regime. O resultado é aquele a que vamos assistindo há mais de dois anos, ou seja, a morte e a destruição de um país.

 

Não é novidade para ninguém que os governos sigam interesses particulares de forma a satisfazer a vontade de pequenas elites, e não só as massas, mas também a maioria da gente informada vai na sua conversa. Esta seria uma observação aterradora se a tal não estivéssemos já habituados e se para esses planos não tivésemos nós um Plano alternativo, mas é indicativa das infinitas possibilidades depositadas nas mãos destas autênticas máquinas de propaganda, capazes de conduzir nações inteiras, por capricho, para onde bem entenderem.

Nem que seja para o abismo.

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publicado às 13:39


7 comentários

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De Marcos Correia a 19.06.2013 às 15:21

Está a generalizar e a simplificar o conflito, a classificar 'preto' ou 'branco'. Resultado: Análise bastante distorcida e errada.
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De FR a 19.06.2013 às 15:30

Obrigado pelo reparo, infelizmente nao me apresentou quaisquer motivos que me permitissem compreender melhor este conflito, para alem do preto e branco. Há muito tempo que escrevo sobre o assunto, por isso se estiver interessado em esclarecer este pobre ignorante, muito lhe agradeço: http://arvoresdespidas.blogspot.com.br/search/label/S%C3%ADria
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De Marcos Correia a 19.06.2013 às 15:43

Não precisa de ser condescendente para comigo, não lhe chamei 'pobre ignorante' nem nada que se pareça, apenas afirmei que está a generalizar, um erro facilmente cometido por toda a gente, incluindo a minha pessoa.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_S%C3%ADria (https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_Civil_S%C3%ADria) 
Neste link do wikipedia, na tabela à direita onde estão inseridos os 'Participantes do Conflito' pode ver a miríade de grupos que populam am ambos os lados do conflito. Cada grupo com as suas ideias, quer sejam de como practicar a guerra ou religiosas.

Muitos dos acontecimentos, se não todos, que descreveu foram todos practicantes pelos entitulados 'Mujahedins', pessoas bastante diferentes do comum militante do exército sírio.

Aplico o mesmo ao outro lado da barricada. O extremismo das milicias leais a Assad serão certamente mais extremistas do que o exército regular, com objectivos e ideias diferentes.

Por fim, o mesmo se passa com os actores internacionais,os E.U.A. não parecem sedentos de intervir, nem creio que Israel prefira os Mujahedins a Assad, já que como se viu no caso do Egipto, o status quo anterior era mais favorável a Israel do que a actual Irmandade Muçulmana.

Cumprimentos
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De JPC a 19.06.2013 às 17:09

Subscrevo a opinião de Marcos Correia e acrescentaria apenas que o regime sírio também terá uma longa lista de atrocidades para apresentar. A não ser a óbvia população civil que não se envolve e sofre, entre as (inúmeras) forças em conflito é difícil encontrar inocentes neste filme.
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De FR a 19.06.2013 às 20:35

Caro Marcos Correia, tem razao, perdoe-me a evitável consdescendêcia do meu ultimo comentário.
Quanto a mim, tambem no seguimento do comentário do JPC, a questao fundamental prede-se com a legitimidade de cada uma das partes. O regime nao fez nada de extraordinario nos ultimos anos, até ao inicio do conflito, para perder a legitimidade que aparentemente toda a comunidade internacional lhe reconhecia. Pelo contrário: deu sinais evidentes de querer reformar o país, pediu ajuda à UE, abriu a porta a observadores e formadores, e propos uma nova constituiçao muito mais aberta a todos os sectores da sociedade, aquela que viria a ser aprovada por referendo em 2012.
É a partir destes factores que se torna muito pouco relevante que haja alguns elementos da oposiçao que nao sejam tao extremistas como os responsaveis pelas acçoes que referi no post, até porque nao se os vê a demarcarem-se claramente daqueles.
Por outro lado, desde há dois anos que Assad avisa que as suas forças nao estao preparadas para responder adequadamente aos protestos que que se formavam e que vieram a atingir as proporçoes que hoje conhecemos, e foi por isso que pediu a intervençao da UE e abriu as portas do seu país a observadores estrangeiros.
Cumprimentos
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De Pedro Quartin Graça a 19.06.2013 às 16:07

Excelente post!
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De FR a 19.06.2013 às 20:37

Obrigado Pedro

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