escreveu há tempos um amigo blogosférico na caixa de comentários. É, precisamente o que se me oferece dizer sobre Aquilino Ribeiro e a sua obra.
Fui das que, em 2007, assinou uma petição contra a ida dos seus restos mortais para o Panteão, por entender que lá não é o lugar para alguém que conspirou contra a vida de um Chefe de Estado, mas tal não obsta a que, com Amandio César, pense que " não há escritores de direita ou de esquerda, há sim bons e maus escritores de todos os lados da barricada " ( citado pelo blogue
Manlius ).
O meu primeiro contacto com a sua escrita aconteceu na escola, no 1º ano do Ciclo Preparatório, e o que me diverti com as " artistices " da raposa Salta-Pocinhas. Logo no ano seguinte, não poupei as gargalhadas com as peripécias do almocreve beirão. Mas seria bem depois que iria encontrar nos seus livros um escritor de mão cheia, merecedor de que se lhe tire o chapéu. Senhor de linguagem riquíssima, de uma vernaculidade a lembrar o escritor dos Serões do Minho; os regionalismos nela encontrados, a pedir dicionário a cada palavra, saborosíssimos. Passou,então, a fazer parte daquela plêiade de autores, em que Portugal é pródigo, que têm de estar sempre presentes, porque os sentimos " nossos ", muito próximos do povo, que muito facilmente com eles se identifica.
Muito recentemente descobri um outro escritor, Júlio Brandão, de leitura deveras agradável; dele, mais concretamente do livro Bustos e Medalhas, estas palavras sobre o homem do Carregal: " ... muitas das suas páginas são temperadas dum sabor vicentino -rude, português, dum travo delicioso. Como pintor de género é um mestre flamengo. A sua paisagem é admirável; sabe a frutos bravios, cheira a flores silvestres. Muitas das suas telas rústicas, a qualquer hora que no-las faça contemplar - lume matinal, crepúsculos, luares - deixam-nos a impressão da própria terra brava, onde se espelha um não sei quê de bíblico... "