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« Não confundamos a canção com o cantor »,

por Cristina Ribeiro, em 20.06.13

escreveu há tempos um amigo blogosférico na caixa de comentários. É, precisamente o que se me oferece dizer sobre Aquilino Ribeiro e a sua obra.

Fui das que, em 2007, assinou uma petição contra a ida dos seus restos mortais para o Panteão, por entender que lá não é o lugar para alguém que conspirou contra a vida de um Chefe de Estado, mas tal não obsta a que, com Amandio César, pense que "  não há escritores de direita ou de esquerda, há sim bons e maus escritores de todos os lados da barricada " ( citado pelo blogue Manlius ).


             O meu primeiro contacto com a sua escrita  aconteceu na escola, no 1º ano do Ciclo Preparatório, e o que me diverti com as " artistices " da raposa Salta-Pocinhas. Logo no ano seguinte, não poupei as gargalhadas com as peripécias do almocreve beirão. Mas seria bem depois que iria encontrar nos seus livros um escritor de mão cheia, merecedor de que se lhe tire o chapéu. Senhor de linguagem riquíssima, de uma vernaculidade a lembrar o escritor dos Serões do Minho; os regionalismos nela encontrados, a  pedir dicionário a cada palavra, saborosíssimos. Passou,então, a fazer parte daquela plêiade de autores, em que Portugal é pródigo, que têm de estar sempre presentes, porque os sentimos " nossos ", muito próximos do povo, que muito facilmente com eles se identifica.


Muito recentemente descobri um outro escritor, Júlio Brandão, de leitura  deveras agradável; dele, mais concretamente do livro Bustos e Medalhas, estas palavras sobre o homem do Carregal: " ... muitas das suas páginas são temperadas dum sabor vicentino -rude, português, dum travo delicioso. Como pintor de género é um mestre flamengo. A sua paisagem é admirável; sabe a frutos bravios, cheira a flores silvestres. Muitas das suas telas rústicas, a qualquer hora que no-las faça contemplar - lume matinal, crepúsculos, luares - deixam-nos a impressão da própria terra brava, onde se espelha um não sei quê de bíblico... "

publicado às 19:06


3 comentários

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De Anónimo a 20.06.2013 às 19:39

Olhem sempre em frente, olhem o sol, não tenham medo de errar, sendo originais, iconoclastas e anti, o mais anti que puderem, e verdadeiros, fugindo aos velhos caminhos trilhados de pé posto e a todas as conjuras dos Velhos do Restelo. Cultivem a inquietação como fonte de renovamento.
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De Duarte Meira a 20.06.2013 às 21:46


Era admirado e foi várias vezes elogiado por um Araújo Correia ou um Tomaz de Figueiredo. Não é preciso dizer mais. Pois apesar de Aquilino conhecer bem este último, do convívio lisbonense do Chiado, não conheço uma palavra de reconhecimento e retribuição por parte do mais velho.

Mas nos dois volumes que dedicou a Camilo, mostrou que não compreendeu nem estava à altura da trágica grandeza humana do Mestre de Ceide. Nem podia, porque este Aquilino era um terra-a-terra, sem grandes preocupações metafísicas.
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De Cristina Ribeiro a 20.06.2013 às 22:17

O que só vem confirmar o que dele penso, Duarte: um homenzinho pequenino, que tinha dentro de si um grande escritor.
Confirmam-no também os elogios desses dois Grandes; é como diz: não é preciso dizer mais.

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