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Dilma, Morsi e o dr. Soares

por joshua, em 02.07.13

A rua está a falar cada vez mais alto. Gritou na Turquia. Vociferou no Brasil. Berra agora no Egipto, rejeitando um presidente eleito, o islamista Mohamed Morsi, cujos passos políticos foram dados no sentido, não de uma reconciliação nacional, mas de um absolutismo islamizante, pé ante pé, medida ante medida. A rua é soberana no século XXI? Depende. Alguns, na Esquerda Impostora e Nihilista Portuguesa, convocam-na e ela não acontece. Nunca. A não ser que, num primeiro momento, se disfarce de movimento cívico Que se Lixe a Troyka para logo se expor e gerar desmobilização dado o facto de os portugueses odiarem ser manipulados do Sofrimento Real para o Nada Garantido, típico das Esquerdas Raivosas, do BE ao PS. A rua não se empertiga em Portugal. Não acontece em Portugal. Mário Soares, por exemplo, tomando a nuvem por Juno, considerou que os insultos organizados pelo Bloco de Esquerda e os arrufos promovidos pelo PCP, à chegada e à partida dos Ministros em eventos e encontros oficiais, chegariam e sobrariam para derrubar o Governo Passos. Não. A rua, aqui, é minoritária e até é parva: não se derruba um Governo para instalar em seu lugar o Nada-de-Jeito, dando força à Funfas Catarina, ao Gasoletas Semedo-Morcego, ao Frankenstein Jerónimo. As pessoas vão, sim, trabalhar, pedir à porta dos hotéis e das igrejas, emigram em massa, consideram muito mais útil ir lutar com as armas que têm pela própria vida e por um emprego precário, espécie de raspadinha com prémio, do que servir de gado aos partidos do sistema. Ninguém nos leva ao colo. Nem amigos. Nem família. Nem Igreja. Temos de fazer pela vida. A rua em Portugal não funciona, caso os instigadores dela se proponham trocar o inferno da Austeridade pelo terror de Coisa Nenhuma e Talvez Pior que Nada. Mas no Brasil, por um pouco Dilma e o seu Governo cairiam, se a rua quisesse, excluindo a opinião do dr. Soares, para o qual esses largos milhões de brasileiros zangados talvez mereçam o epíteto de golpistas e a rua brazuca seja epigrafável de ilegítima. O dr. Soares é amigo de Dilma. O dr. Soares não abençoa a rua que execre Dilma. E agora, no Egipto, é a praça de todas as primaveras árabes, Tahrir, que forceja a deposição de Mohamed Morsi. Não é anarquia. Estão é fartos de tirania. O que os jovens liberais e de Esquerda exigem, liderados pelo socialista Hamen Sabbahi e por Mohamed ElBaradei, é o fim de uma deriva subversiva, mesmo dos pressupostos da democracia, tentação em que caiu a Irmandade Muçulmana sob Morsi. Também os nazis ascenderam à tirania mediante eleições livres e injustas, que nunca mais foram livres nem justas porque não mais aconteceram. O exército, no Egipto, é, portanto, agora a última instância para as aspirações democráticas e laicas do Povo egípcio. Trata-se de um presidente que não resolveu nem a crise económica nem o desemprego, que está nos 13,2%, nem um défice fiscal que escalou para os 48% face ao período homólogo anterior, nem um endividamento externo já vai nos 80% do PIB. Mas há outras razões para um derrube iminente deste Presidente, legitimado em eleições mas logo iligitimado por tal desempenho económico e sobretudo pela deriva islamizante, actos e decisões que configuram alguns tiques de absolutismo religioso. A Irmandade Muçulmana perdeu prestígio. Se ganhou as eleições, há um ano, foi por um sentido de gratidão do eleitorado por longos anos de misericórdia e assistencialismo social, gratidão pouco lúcida, logo traída pela agenda islamizante e pela intolerância e castração de costumes com o que a juventude e os democratas não podem. A rua pode ser soberana no século XXI! Em casos extremos, o Parlamento pode e deve ser, por vezes, uma avenida da Liberdade repleta [Teria sido belo derrubar o segundo Governo Sócrates Fajuto com quinhentos mil a pedi-lo uma semana inteira nas praças e acessos da Capital]. Portugal, Brasil, Egipto: a menos que o dr. Soares não passe de um tonto hipócrita, dir-se-ia que o Povo-Rua só é soberano em Portugal, neste momento, contra a Agenda Austeritária da Troyka e contra o Governo de Direita. Não o será contra um Governo Socialista sob a Agenda Auteritária da Troyka. Não o seria mesmo em massa contra o Governo Petista de Dilma. Quanto ao Egipto? Soares não sabe/não responde.

publicado às 12:00


8 comentários

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De Anónimo a 02.07.2013 às 14:08

Texto maçudo  com muito e sem nada. Já agora, o que tem feito a bela direita e ultra direita deste país? Infelizmente nada. Basta olhar para o momento actual esmagam-se os funcionários públicos ,matam-se as empresas e quando já resta pouco para dilacerar fogem.  E, como incapazes que são, ei-los presidentes do parlamento europeu,BCE,e outros. É o mérito do inteligente que nada fez no seu país, além de empobrecer o povo e no fim,  como crâneos que não são, aí estão a eles a  subir mais um pouco. Que tem feito o CDS, além de dizer que não concorda com certas medidas e na hora de dizer basta, nem tuge nem muge. É como pilates lava as mãos .Tem sido sempre assim, nesse aspecto nunca enganaram. É tão bom o Poder e como sozinhos jamais lá chegarão, então, na hora de agir votam amen, como sempre fizeram e farão, e assim lá vão ficando.       
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De Equipa SAPO a 04.07.2013 às 09:08

Bom dia,

este post está em destaque na área de Opinião do SAPO.

Cumprimentos,
Ana Barrela - Portal SAPO
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De Anónimo a 04.07.2013 às 14:03

''A rua, aqui, é minoritária e até é parva: não se derruba um Governo para instalar em seu lugar o Nada-de-Jeito, dando força à Funfas Catarina, ao Gasoletas Semedo-Morcego, ao Frankenstein Jerónimo.''
Se o povo português se unisse como no Brasil e no Egito, Portugal talvez não estaria onde está. Todos temos o dever de reivindicar nossos direitos. Saiam as ruas, no Egito Mursi foi derrubado, no Brasil Dilma está com Rabo entre as pernas e está fazendo o que o povo reivindica. Se o povo Português se unirem com certeza vai derrubar esses sangue suga que estão no governo. Enquanto o povo fica com a bunda no sofá só vendo de camarote, os políticos safados estão gastando vosso dinheiro com carros de luxo, viagens e muito mais. Se unem, que o resultado vem rápido.
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De Pedro Figueiredo a 04.07.2013 às 14:25

Sou brasileiro e vivo em uma grande capital brasileira. Concordo com que meu amigo português expôs em seu  comentário. Vejo que a direita não troca muito de aparência nem de ânimo onde quer que ela se encontre. Age da mesma maneira aí e  em terras tupiniquins. E pelo momento que o Brasil atravessa, tem fomentado toda a idéia e todo fator que possa significar uma nota de fragilização do governo da presidenta Dilma Rousseff.
Não há outra tradução: reassumir o Palácio do Planalto depois de doze longe do poder.
O que me preocupa, amigo (adianto que não advogo em favor de grande parte da administração que ora está no comando de meu país), é que quando eles estiveram no poder, venderam empresas que possuem capacidade de influir até mundialmente nos mercados onde atuam, como é no caso de uma das maiores mineradoras do mundo e quase ter vendido a Petrobrás, uma petrolífera de reconhecimento global.
Não quero, sinceramente, ter de ver meu país daqui a dez anos ficar sem cartas para negociar (depois de ter vendido tudo a troco de nada) e depender novamente de financiamento externo.
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De antónio a 04.07.2013 às 16:22

Esta direita, perfeitamente representada pelo autor deste blog, tenta dourar a pílula, retocar o rosto para que o verdadeiro, o de um qualquer Salazar ressuscitado , não apareça no esplendor da sua caveira.
Poupem-nos!
Sorrateiramente, o fascismo está a tomar conta deste país, multiplicando o número dos que andam da chapéu na mão (como interessa a esses indivíduos), e garantindo as benesses dos que nada fazem.
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De ivo peres a 04.07.2013 às 17:13

Gosto da sua análise que subscrevo. Claro que nem todos os comentarios são concordantes, mas é normal. Estou emigrado e ajudo por todos os meios os meus familiares e, advogo, se todos assim fizerem, uma parte do problema resolver-se-a. Registe-se a estratergia da Irmandade Moculmana. Nos, infelizmente, temos a Irmandade da Porra, a do quanto pior melhor e liderada pelo Largo do Rato que aposta num perdao da divida que sente proxima ( sou dos que julgam que nao há alternativa) para voltar ao mesmo. Vamos ver.
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De Jorge Sobreiro a 04.07.2013 às 18:40

O que sei é que a Esquerda, que governou para aí cerca de 65 % dos anos, depois do 25 de Abril, levou o País até a vinda desta Troika. A Direita vai levar-nos até um segundo resgate. Nao sei o que fazer nem em quem acreditar. Mas vou votar em branco nas próximas eleições, porque todos os políticos, de todos os quadrantes, só pensam neles próprios e nunca no povo. Política significa a gestão da Polis, da cidade. Eles nao pensam em gerir o País, a Polis, pensam neles próprios. Estou cansado de políticos e de partidos. 
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De Pedro Figueiredo a 05.07.2013 às 16:13

A terceira via ainda é uma quimera. A direita e a esquerda são dois dramas. Esta é como morar perto da pedreira: todo dia uma insatisfação, mesmo sabendo que o barulho é o mesmo, cada dia nos dá um susto e a certeza de que jamais o sossego e a satisfação serão usufruídos ; e aquela é como morar na encosta da montanha: tudo parece seguro e próspero, quando então um desmoronamento vem e leva tudo o que foi construído em todos os anos de paz.

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