Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Não é demais repetir a tirada salazarista que esclarece aquilo que todos interiorizam: "em política, o que parece, é".
Toda esta crise de saídas e entradas irrevogáveis, coincide até ao insólito, com a desconfiança acerca do verdadeiro poder oculto pelas meras formalidades institucionais. Sendo a pagadora das crises, a Alemanha manda. Zanga-se quando vê ameaçada a sua liderança - e os seus créditos - e exulta aquando do regresso ao caminho julgado como o único. Até Mário Soares disso tem a certeza, pois recordar-se-á dos prestimosos serviços pelos alemães prestados ao seu partido e mais importante ainda, aos seus governos.
Pelas reacções daqueles que não elegeram Cavaco Silva, dir-se-ia estarmos perante gente que não faz a menor ideia daquilo que é e deve ser uma república. O presidente eleito, inevitavelmente está comprometido com aqueles que lhe ofereceram o cargo, não havendo lugar para recônditos desejos de nele verem um sucedâneo de monarca sem coroa. Desiludam-se. Cavaco será tão Cavaco, como Sampaio foi imensamente Sampaio para gáudio dos seus e desespero dos demais.
Bem pode o ersatz de presidente Hacha proceder aos contactos que bem entender, pois estes cabem à justa nas suas incumbências de sofrível e provisório jarrão decorativo. Neste caso, faz muito bem em aconselhar o acato do insuportável. Se por maldição da Nossa Senhora da Muxima decidir o contrário daquilo que Berlim dele espera, quem pagará são aqueles que não recebem um salário estranho à profissão que desempenham. Na mente dos portugueses, apenas resta a certeza da eficácia de uma meia dúzia de telefonemas vindos de Berlim. O PP volta ao redil, o PSD suspira de alívio e ao PS aconselha-se um prudente saber esperar. Quanto aos outros, são dados fora do copo.
Já agora, aproveitem as atenções internacionais distraídas pela situação no Egipto.