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Em pouco mais de meia dúzia de parágrafos, Henrique Monteiro diz o essencial. Não sei como é que o sr. Balsemão ainda o aguenta.
O que ontem se passou no Parlamento, obedece a uma conhecida manobra de agit-prop, parida logo após a revolução que em 1917 depôs o Czar Nicolau II. No Palácio Tauride reunia-se a Constituinte e o minoritário partido de Lenine organizava rotineiras algazarras que pretendiam intimidar os "deputados burgueses". Insultos, berreiro sem fim, ameaças de morte eram a rotina nas sessões parlamentares. Mais tarde, o mesmo se passaria nas Cortes de Madrid, chegando-se ao ponto da Pasionaria ameaçar com a morte - e tal aconteceu - o deputado Calvo Sotelo.
Em Portugal seguiu-se o guião à risca e durante os trabalhos da Constituinte, a gente do PC organizou o cerco e sequestro dos outros deputados eleitos. Sem poderem sair de S. Bento, exaustos, fisicamente ameaçados e sem comida, tencionava o PC amedrontá-los e na melhor das hipóteses, conseguir politicamente algo mais que aquela ninharia dos 12% saídos das urnas. Refastelavam-se os deputados organizadores do regabofe trauliteiro, rebolando-se de gozo com os ameaçadores urros que vinham do largo fronteiro ao Parlamento. Aproveitando o dislate, escandalosamente se empanturravam com todo o género de vitualhas diante dos já esfomeados eleitos do PS, PPD, CDS e ADIM. A baixeza chegou a este ponto.
Ontem, a sra. Esteves - pelos vistos, finalmente começou a ganhar alguma prática na condução dos trabalhos - fez precisamente aquilo que dela se espera e que o regimento obriga. Liquidou o dislate da melhor maneira e citou a Beauvoir, precisamente uma "pássara" que durante o PREC aqui desembarcou a pregar algo de bastante sinistro e que nas ruas mais tarde se traduziria, entre outras prepotências, no citado sequestro da Constituinte.
Qual será o motivo do escândalo que agora corre na imprensa? Parece que se deve ao alvo da citação da colega de quarto de Sartre, pois dirigia-se aos nacional-socialistas. Onde está então o problema, se esses mesmos nacional-socialistas foram aliados dos camaradas soviéticos e nos persuasivos métodos de intimidação prodigamente os copiaram? Procurem bem nos números do Avante! de 1939-41, pois lá estão todas as respostas. Isto, se algumas mãos caridosas não tiverem definitivamente incinerado aqueles preciosos papiros de outros tempos.
Foi uma marginal bancada quem moralmente organizou o ultraje de ontem. Querem a prova? Simples: à porta do Parlamento estava a sra. Avoila, acompanhada pelo sempre-em-pé "professor" Nogueira.