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Verdade expressa

por Nuno Castelo-Branco, em 18.07.13

 

Se querem comparar Cavaco a D. Carlos, o único argumento a apresentar será a visita de soberania às Selvagens, pois o monarca, no momento em que as chancelarias indicavam a possibilidade do esbulho das ilhas por parte dos EUA, em boa hora decidiu a realização daquilo que ficaria conhecido como A Visita Régia aos arquipélagos da Madeira e dos Açores. A isto se resume qualquer similitude na acção das duas personalidades.

 

Um texto explicativo escrito por alguém que não pertence à nossa Causa, talvez tenha mais credibilidade. Henrique Raposo diz aquilo que qualquer observador honesto conta como verdade inquestionável, apenas esquecendo  um pormenor que decididamente afasta a 3ª República daquilo que foi a Monarquia Constitucional: o Rei não tinha partido, jamais foi arrastado até ao cadeirão do Palácio por um grupo de interesses, fossem eles quais fossem. Quanto ao poder de árbitro, do qual D. Carlos infelizmente teve de ser o exemplo mais notório, ninguém poderá hoje imaginar o Rei poder ter enviando recados ou destruído parlamentos através de discursos, reunido com "correligionários" que eram inimigos do chefe do governo, ou promovido teses de conspiratas sem sentido. De uma forma que muito longinquamente se pode comparar com o momento que vivemos, a procura de entendimentos interpartidários jamais esteve fora da vista do monarca. O surgimento de João Franco consistiu numa necessidade que a opinião pública da época acolheria com esperança, para grande desespero dos directórios e inenarrável estupor dos minoritários republicanos. A questão agora colocada é outra, até porque não se vislumbra um único nome com as qualidades outrora apresentadas por Franco e para cúmulo da infelicidade, Cavaco não passa de mais um chefe político-partidário entre os demais. O mesmo podemos dizer dos seus antecessores Soares e Sampaio, muito justamente considerados como alavancas do seu partido. É isto, a república.

 

"Ao contrário do que reza a lenda republicana e soarista, a I República não deu o sufrágio universal aos portugueses. Aliás, a Monarquia foi mais democrática do que a República. Nos primeiros anos, Afonso Costa manteve o sufrágio censitário herdado da Monarquia (o normal na época), mas em 1913 cortou para metade o número de eleitores. Além disso, convém registar que as eleições da I República não eram muito diferentes das eleições no Estado Novo. Para assegurar o resultado certo, o Partido Democrático colocava capangas junto das urnas. E na questão da liberdade de imprensa? A nossa Monarquia foi um dos regimes mais livres de toda a Europa. Durante décadas, os republicanos tiveram liberdade total para fazerem comícios e publicarem pasquins anti-Monarquia. Ao invés, o Partido Democrático atacou violentamente a liberdade de imprensa. De forma rotineira, os capangas da "formiga branca" vandalizavam as sedes dos jornais inimigos do partido."

publicado às 08:53


4 comentários

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De Duarte Meira a 18.07.2013 às 11:04


« ... o Partido Democrático atacou violentamente a liberdade de imprensa. »
 
Entre outros muitos casos que se foram sucedendo logo após a Outubro, ficará para sempre paradigmático da sanhosa fúria sectária e totalitária o caso da invasão e depredação das instalações do jornal Diário da Tarde, por causa da irredutível oposição ao totalitarismo que nesse jornal ia fazendo o grande Sampaio Bruno. Dias depois do assalto, este velho republicano enviava para os outros jornais uma nota onde constava isto: 

"Rogo-lhes o obséquio de darem publicidade no vosso jornal a esta declaração que entendo dever fazer, e é de que, desta data em diante, me retiro, completa e absolutamente enojado, da vida politica portuguesa."

Já em 1902, o filósofo portuense, por desacordo com a novel orientação política imposta por Afonso Costa no Congresso de Coimbra do Partido republicano, em plena Rua Sá da Bandeira, no Porto, quando seguia sozinho, tinha sido atacado e violentamente agredido pelo Costa, acolitado por vários capangas.

Caro Nuno:
Este tratamento de que foi alvo uma das mais lídimas figuras do republicanismo português (ocorre também o caso de Machado Santos, entre muitos outros) era, por si só, bastante para qualificar a qualidade moral do condutor do sistema implantado em Outubro.

Permita-me aproveite a ocasião para dizer que a grande, a trágica diferença em nosso desfavor, entre essa 1ª Rep. e esta 3ª em que mal sobrevivemos, cifra-se nisto: - não tenho a mínima dúvida de que, nessa 1ª havia muitos e bons portugueses. (Não respondo pelo Costa.) Tinham uma deficiente cultura política e julgavam que os melhores interesses da Nação podiam na mesma ser satisfatoriamente servidos fora do regime monárquico. Era um erro capital mas, na maior parte deles, sinceramente patriotas, apenas um erro. Ora, aconteceu o seguinte. Com o passar do tempo, esse genuíno nacionalismo das primeiras gerações republicanos vai-se erudindo, apagando... até, por meados do século XX, começarem a aparecer outros republicanos - os que trocaram o nacionalismo português pelo internacionalismo marxista e soviético. O jovem Mário Soares foi um dos primeiros exemplares desta transição.  (É isto que explica a posterior atitude dele diante a questão ultramarina, que o convívio e magistrado de um Sérgio não podiam também corrigir.) Quero dizer: esta 3ª República é feita de republicanos de uma qualidade diferente, nos quais os da 1ª e 2ª estariam muito longe de se reconhecer. O resultado foi a catástrofe imensa do abandono de África (e de Timor) em 74-75 e a perda da autonomia política assinada (nos Jerónimos!!!) em Junho de 85 (nos 600 anos de Aljubarrota).

Já não estamos, meu caro Nuno, em 3ª República nenhuma... Só aparências. Só ficções. Só o entretecido e longo  pesadelo de que vai ser muito difícil acordar...
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De Nuno Castelo-Branco a 18.07.2013 às 11:40

Nada mais há a  acrescentar, caro Duarte.
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De João Amorim a 18.07.2013 às 19:31

Muito bem.
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De Anónimo a 19.07.2013 às 12:39

Não há nada melhor que ser REI. Passeiam, dizem adeus aos súbditos, vão para caçadas, nunca são chamados a resolver problemas do monarquia e passam  a vida de festa em festa.
 Mas há lá coisa melhor?  
PS: Quando morre segue-se o filho ou a filha, nem que seja um incompetente. 

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