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Controlo de pensamento

por John Wolf, em 29.07.13

Não são apenas os colossos financeiros que devem nutrir a nossa desconfiança. Não são apenas os bancos de Wall Street e as agências de rating que devem ser o alvo da nossa preocupação. Vivemos num mundo de fusões e aquisições, de intervenientes cada vez maiores que detêm o controlo sobre o nosso dinheiro, sobre as nossas ideias e sobre as nossas preferências. Sirvo-me do mais recente exemplo de gigantismo que está prestes a subjugar ainda mais o nosso mundo; a fusão das duas maiores agências de publicidade do mundo para se tornarem na maior de todas. Os mercados, e em particular os consumidores, estarão deste modo ainda mais à mercê de uma força irresistível, uma espécie de cartel do champô e da pasta dentífrica. É isso que está em causa num ambiente de défice democrático, onde a força de uma minoria esmaga as aspirações dos pequenos, as liberdades individuais. O mesmo sucede no meio editorial - também estamos sujeitos a uma lavagem, embora neste caso seja mental, cultural. Os principais grupos editoriais do mundo decidem o que os neurónios do resto do mundo devem consumir. Numa sala pejada de executivos, decisões importantes são tomadas para acalmar os ânimos, domar os leitores mais irreverentes - os potenciais destabilizadores de sistemas de poder. São estes grupos de comunicação que formatam o nosso modo de pensar, de reinvindicar. São estes monstros que decidem por nós o que é válido e o que deve ser obviado. Embora os editores se afirmem como intelectualmente independentes, em abono da verdade não passam de agentes de interesses dissimulados em literatura light, parágrafos inofensivos - para não causar muito dano. Nesta época de convulsões, em que apontamos baterias a políticos e banqueiros, seria bom que não perdêssemos a perspectiva, a vista dos actores que jogam no mesmo tabuleiro de controlo e opressão. A liberdade intelectual já não é o que era. O pensamento e a reflexão profundos estão ao serviço do bottomline, do saldo positivo. Estes monstros apenas têm uma coisa pregada na mira da balança; o lucro. A qualidade é um tema secundário, não tem importância, desde que se possam embalar as expectativas cada vez mais baixas de indivíduos levados na incoerência. Uma corrente onde não abunda massa crítica, espessa. 

publicado às 14:37


8 comentários

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De Artur de Oliveira a 29.07.2013 às 15:26

O teu artigo lembra-me aquele filme do 007, Tomorrow Never Dies em que o vilão, Eliot Carver, era um magnata dos media que pretendia causar a World War III em nome de um exclusivo e do lucro, claro...
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De zé luís a 29.07.2013 às 17:05


Estes monstros apenas têm uma coisa pregada na mira da balança; o lucro. A qualidade é um tema secundário, não tem importância, desde que se possam embalar as expectativas cada vez mais baixas de indivíduos levados na incoerência. Uma corrente onde não abunda massa crítica, espessa. 

Bem, no caso dos nossos (pequenos) monstros de media, não vejo onde anda o lucro. Pior: não o alcançando, não percebo como porfiam em baixar a qualidade, depauperando o expectável lucro. Vejam-se as tiragens dos pasquins e até o Belmiro a confessar perder 3Meur anuais no Público: que outra empresa da Sonae resistiria a dar tal prejuízo certinho, certinho?

Isto é que não se entende; o de forjar broncos e inválidos intelectuais não é só perceptível como arrepia de tão flagrante e real hoje em dia.

Essa reflexão de ao pé da porta mereceria ser levantada.
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De O Ingles a 29.07.2013 às 17:48

Quem me dera que Portugal tivesse mais multinacionais que conseguissem controlar o mercado. Alias, essa ideia de as multinacinais serem horriveis por causa do defice democratico e tal 'e completamente desenquadrada da realidade. O o mundo real constata exatamente o contrario: um pais com defice de empresas e muito mais susceptivel a atrair por parte do sistema politico (e da propria populacao) comportamentos 'antidemocraticos'. Querem um exemplo? Observem o caso actual da Grecia com a Golden Dawn. Aconteceria o mesmo se a Grecia produzisse empresas multinacionais competitivas? Se a Grecia conseguisse gerar riqueza? Duvido. E estamos a falar de um pais europeu, algo simplesmente assustador.

A segunda premissa deste texto tambem esta desconectada com a realidade. Nunca em nenhuma epoca da historia houve tanto livre e facil acesso a informacao. Alias, hoje em dia, tanto na escrita como na musica, ja praticamente nem e necessario o recurso a qualquer tipo de editora devido a internet. Formatos digitaais basicamente eliminam o intermediario. Antigamente sim era praticamente impossivel um autor publicar as suas obras sem recorrer a qualquer tipo de 'empresario' que controlava o monopolio de publicacao, uma situacao que na maioria dos casos era bastante injusta para o autor. Hoje em dia, ja nao e necessario. Alias, nunca a informacao foi tao livre e independente como agora onde existe praticamente um website para qualquer nicho de opiniao.

Por muito que exista uma tendencia de conservadorismo, de estar constantemente a olhar para o passado, o mundo esta a evoluir. A razao 'e e sempre foi o motor de evolucao do mundo. Provavelmente a logica de criacao de super empresas 'e uma forma racional de sobrevivencia de empresas ocidentais face a enorme (e implacavel) concorrencia asiatica. Para alem disso existo algo chamado lei da concorrencia logo as fusoes nao sao deixadas ao acaso.
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De Fernando Melro dos Santos a 29.07.2013 às 18:08

Sabes que o comentador é um zelota a soldo de agremiações politizadas quando escreve num registo balbuciante, com gralhas recorrentes, e sem que urda uma ideia de fio a pavio que não passe pela destruição daquilo que foi originalmente postado.
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De O Ingles a 29.07.2013 às 18:13

Hein? Se nao concorda refute. Alias, a julgar pela sua intervencao, se conseguir refute.
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De Fernando Melro dos Santos a 29.07.2013 às 18:48

Ó homem, vá passear. Tenho lá pachorra para si.
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De O Ingles a 29.07.2013 às 19:02

Realmente manda a provacao e depois finge-se desinteressado, 'e uma atitute cobarde no minimo. Ainda por cima colaborador do blogue. Perceba que em nenhuma parte do meu comentario teci qualquer tipo de comentario pessoal ao autor, ao contrario de vc. Pois entao 'zelota a soldo de agremiações politizadas'? Olhe va o senhor passear e tente ganhar algum tipo de educacao e cortesia.
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De os moços da Azambuja a 29.07.2013 às 23:03

Enquanto a malta pensa que pensa, e se chateia por causa de divisões artificialmente criadas, os nossos donos e os seus empregados (políticos) continuam a faturar alegremente e com mais meios para semear as discórdias. O plano é perfeito.

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