De Francisco a 17.08.2013 às 13:06
Penso que esta a cair num certo facilitismo comum ao pensamento ocidental, que 'e pegar em aspectos contrastantes, neste caso a religiao, e coloca-los como ponto de partida de analise. A religiao certamente 'e um factor neste problema, mas nao 'e o unico e nem sera certamente o principal. A destruicao de Igrejas nao equivale, nem releva, em nenhuma parte, quando comparada com o assassinato de manifestantes a queima roupa por parte dos militares, algo que esta neste momento a acontecer nas ruas de Cairo.
Nao entendo como descreve esse reporter espanhol como indignado em tom trocista. Quer se queira quer nao, Morsi foi eleito democraticamente, logo 'e natural que a populacao que lhe concedeu legitimidade popular se revolte contra este esbulho de poder ilegitimo por parte dos militares. E isto 'e verdade no Egipto ou em qualquer outro pais, independemente da religiao.
De Ana a 17.08.2013 às 15:27
Concordo consigo plenamente. O povo escolheu democráticamento aquilo que queria, então há que respeitar a sua decisão.
Há que respeitar a decisão, disso não existe qualquer dúvida. O problema está no facto de o sr . Morsi ter de imediato tentado estender os seus poderes muito para além daquilo que a legalidade lhe permite. Os leitores sabem o que isso quer dizer, nem valerá a pena colocarmos isso em interrogação. Trata-se da antiga prática da salamização que era própria de outro tipo de facções, mas que no nosso tempo os islamitas tentam levar à prática. se recuarem no tempo, os nacional-socialistas alemães e os representantes da URSS no leste, executaram precisamente os mesmos processos de tomada do poder. Isso chama-se totalitarismo.
O disparar sobre a multidão é deveras o aspecto mais horroroso de tudo isto e não querendo relativizar nem por um momento, há que saber o que na verdade se tem passado no terreno. Não seria de admirar virmos a verificar que do outro lado também se dispara, também existem milícias perfeitamente organizadas e fortemente armadas. Têm dúvidas? Talvez um dia saberemos a realidade.
Outra vertente que é mencionada pelo Francisco, consiste no factor religioso que neste contexto, bem ao invés daquilo que o leitor diz, cobra a parte de leão e secudariza todos os outros problemas a juzante. A verdade é que a I.M. apresenta a mesquita como assunto primeiro a resolver, tentando fazer crer que todos os outros naturalmente serão solucionados. Sabemos que não será assim, pois o Irão é o melhor exemplo para desmentir a falsidade. Querem conformar o Estado, todo o ordenamento jurídico, aos ditames dos imãs iluminados não se sabe bem por quem ou pelo quê.
Convém estarmos atentos àquilo que o nosso embaixador no Cairo diz, pois as suas palavras mostram-nos aquele lado que o mediatismo ocidental evita divulgar.
De Francisco a 17.08.2013 às 19:51
Pois, resta saber se nao estarao a trocar um possivel ditador por outro possivel ditador. Mesmo sabendo que nao 'e muito popular por estes lados, nao deixo de sentir um sentimento de orgulho em relacao ao povo portugues na forma como conduziram o processo revolucionario emergente da revolucao dos cravos. Demonstraram uma maturidade politica e humana exemplar e esse 'e um aspeto que nunca 'e demais referir e espero que nos acompanhe sempre.
Caro Francisco, estamos de acordo. Este é um país antigo e muito mais sólido que outras realidades políticas aparentemente fortes, mas sem um historial nem remotamente comparável. Estamos a colher alguns benefícios disso mesmo, basta-nos andar pelas ruas de uma Lisboa cheia de estrangeiros que nos visitam. Tanto pior para os gregos, egípcios e tunisinos. O ataque a pessoas e bens é um boomerang que lhes está a sair muito caro.
Ao contrário do que muitos julgam, Portugal é viável e a calma reinante é mesmo o indício mais palpável.
De lucklucky a 18.08.2013 às 05:20
Não há que respeitar a decisão do povo maioritário se o que o povo maioritário quer é ilegítimo sobre o povo minoritário. Se a maioria dos portugueses quiser que as mulheres sejam escravas do marido e se vistam só de preto você respeita a maioria?
A Democracia tem limites.
De João Pedro a 18.08.2013 às 17:47
Claro que tem limites, mas que não está a ser respeitada minimamente. Todos podemos falar à vontade, não sabemos é se no dia seguinte continuamos no nosso posto de trabalho e esta é uma verdade insufismável. Este é o estado em que infelizmente está a nossa democracia. Bonita a democracia em que se trai a constituição a torto e a direito.
De Francisco a 18.08.2013 às 20:46
Sabe que ter um posto de trabalho e a constituicao sao dois planos diferentes nao? 'E esse tipo de pensamento que nos colocou nesta alhada da pouca produtividade. A sociedade portuguesa tem que perceber que para um pais pequeno como o nosso o pensamento da populacao tem que ser concentrado em deveres e nao em direitos. Simplesmente nao temos uma economia (PIB de 200 bilioes de dolares) para sustentar tanta gente a pedir tanta coisa.
De João Pedro a 19.08.2013 às 00:14
Não vamos falar das dimensões de países porque há países bem mais pequenos que Portugal e em que os direitos são respeitados. Mais deveres? Quem está a pagar a dívida? Quem pagou os roubos dos bancos? Quem esbanjou dinheiro a torto e a direito foram os portuguses? Somos humanos e como tal temos direito a uma vida digna, o que neste momento não existe para a maioria dos portugueses. Que interessa ao comum do cidadão viver para pagar impostos e não ter direito a nada na vida? A vida só tem sentido, enquanto o homem pensar ou puder sonhar que o amanhã será melhor que o hoje. Não temos dinheiro nem vamos ter, porque para se ter dinheiro tem de se criar economia e não há economia sem dinheiro. Se o comum do cidadão não tem dinheiro não pode comprar, se não pode comprar não se fabrica porque não se vende e é este o triste ciclo da nossa vida. Já agora para termos só deveres então cada qual que se governe a si próprio, que de certeza se governará melhor. Se pensa que vamos pagar a dívida desengane-se porque jamais nós ou algum país a pagará, porque não se pagam dívidas sem dinheiro.
De lucklucky a 19.08.2013 às 05:53
Uma Constituição seria ilegítima se garantisse emprego. Desde quando alguém tem obrigação de arranjar emprego a outra pessoa?
Foram os portugueses que criaram e votaram em partidos socialistas. Conhece algum que em Portugal não seja a favor do défice.
Logo qual a surpresa de até aos anos 90 a dívida ter subido para 60%, ter -se lá mantido até 2006 só por causa de constantes aumentos de impostos e depois ter disparado para mais de 120% do PIB?
Eu lembro-me quando foi de Maastricht como todos urraram, do CDS ao PCP passando pelo PS e PSD contra os 3% de défice. Só aceitaram porque não podiam voltar atrás, para a elite e o povo pertencer à ao clube dos ricos era como uma religião por isso engoliu-se os 3%...
A maneira de pensar do João Pedro foi uma das que criou o problema que se queixa.
O regime populista sobreviveu durante 40 anos devido à ditadura "fascista" ter tido uma dívida muito reduzida : 15% no 25 de Abril. Isso deu um excelente crédito à cultura social-populista - na verdade uma redundância- que se seguiu.
Esse 40 anos acabaram. Não é mais possível ter défice.
De Francisco a 19.08.2013 às 12:37
Tem que haver uma fase de crescimento sem duvida mas tem que ser acompanhada por uma mentalidade mais realistas do povo portugues. Ha uma tendencia para pensar que os portugueses eram perfeitos e que o problema era apenas do governo, algo que 'e completamente falso.
Parte de viver em democracia 'e questionar, a tempo e horas, as politicas do governo. O betao todo que se comprou, as autoestradas agora desertas, as fundacoes e comissoes inuteis, aumento do ordenado da funcao publica.. tantos exemplos de coisas que algumas pessoas falaram mas que a maioria da populacao estava se completamente a borrifar. 'E uma questao de responsabilidade e agora claro que estamos a sofrer na pele a irresponsabilidade. Portugal 'e uma economia pequena, nao nos podemos dar ao luxo de grande desperdicio nem de ficarmos sentados no cafe. As pessoas ainda nao perceberam isso, temos que trabalhar o dobro agora e especialmente de uma forma inteligente.
De João Pedro a 19.08.2013 às 15:47
Trabalhar onde? As empresas estão todas a encerrar porque não vendem os seus produtos, a restauração não tem clientes, a banca constantemente fecha balcões e mais uma vez pergunto trabalhar onde? Convido-o a visitar a Suécia, Dinamarca, Filandia, Canadá, já não menciono a Noruega porque me iria dizer que tem petróleo, é que esses países são democracias puras, mas olham acima de tudo para o bem estar do seu povo. Convido-o a ir ao parlamento deles e observe o parque autmóvel dos senhres ministros, e vai ver uma diferença abismal é que se somos um país pobre os nossos políticos têm de viver segundo as possibilidades do país. Não se pode aumentar a função pública? Porque razão a função pública não pode ser aumentada? Isto sim, é Portugal a falar no seu melhor. Trabalhem função pública e sirvam-nos com reverência e no fim, fiquem com as migalhas que sobrarem. O que não nos podemos dar ao luxo é de continuarmos a aceitar a corrupção como algo que tem de ser. Se pensássemos em banir a corrupção e os corruptos e discutir como sair desta situação, isso sim. Uma coisa também é certa e garantida, não haverá economia e jamais crescerá, com salários diminutos e sem classe média.
De Francisco a 19.08.2013 às 16:43
Concordo consigo em muita coisa. Eu trabalho directamente com noruegueses e digo-lhe que 'e impossivel comparar a nossa cultura, toda esta bagagem que temos, com a dos povos nordicos em geral. Sao culturas, racas, formas de ver a vida simplesmente diferentes e isso em si nao 'e mau pois nos temos pontos positivos tambem. A sina dos portugueses 'e estarem 'presos' a um pais pequeno, apenas isso pois garanto-lhe que nao ficam atras de ninguem. Alias, muitas vezes, e especialmente em contextos internacionais, sao bastante superiores pela sua diplomacia e multiculturalismo inato.
O povo portugues 'e um povo acima de tudo internacional, e penso que isso se perdeu algures na mentalidade do povo. A grande preocupacao dos empresarios portugueses e da sociedade em geral deve se concentrar na exportacao dos produtos, na criacao de produtos que outros povos queiram comprar, pois nos temos uma verdadeira facilidade no comercio internacional. Claro que 'e dificilimo fazer isto, mas as obras portuguesas nunca foram faceis nem podemos esperar isso. O povo simplesmente ficou molenga, encostou-se ao estado e agora 'e oq se ve. 'E preciso mais energia e acima de tudo arranjar maneira de fazer as coisas e nunca desistir.
De João Pedro a 19.08.2013 às 17:30
Para isso teria de desaparecer a corrupção, pôr a justiça a funcionar que não funciona, Não ponha a culpa no povo, porque o povo é a principal vítima de toda a falta de bom senso que existe nestes governantes. O povo infeizmente tem de sair deste país, porque aqui desesperam. Também não se pode esquecer que muitas empresas que exportavam faliram com tanto imposto e sem compradores. Que tal a Europa impôr regras à saída das empresas europeias para países de mão de obra barata? Não há trabalho na CE então regressem as empresas, caso não voltassem teriam de pagar um imposto bem alto para a entrada do seu produto. É apenas uma de muitas ideias.
De Francisco a 19.08.2013 às 17:57
Eu falo de povo em abstracto como sinonimo da sociedade civil. Em vez de resistir a mudanca as empresas portuguesas tem que se adaptar. Por exemplo, nao faz sentido existir uma quantidade excessiva de pequenas empresas. Portugal deve olhar para o exemplo empresarial niponico que 'e tendencialmente um mercado de actuacao de grandes empresas, de consorcios onde varias pequenas empresas coexistem sobre uma grande marca. A Mitsubishi e a Yamaha sao um bom exemplo. Para efeitos de exportacao, 'e um modelo bastante mais viavel e que tem a capacidade de empregar muito mais pessoas do que um tecido empresarial fragmentado em varias pequenas empresas que sao bastante vulneraveis a falencia, muitas delas nao chegam a 1 ano de existencia.
Agora, isto tudo nao pode ser orquestrado pelos economistas 'publicos', que jogam com o dinheiro dos contribuintes e no final do dia nao tem qualquer responsabilizacao para alem da re-eleicao. Portugal precisa de super empresas desesperadamente que consigam facer face a competicao internacional.
De João Pedro a 19.08.2013 às 22:34
Sabe perfeitamente que grandes empresas não se fazem dum dia para o outro e além do mais nós não somos o Japão, como o Japão não é os Estados Unidos.
Portugal, Grécia, Espanha e outros têm de agir e rápido antes que seja tarde, porque o desespero não acontece só no Egipto. Talvez a CE acorde quando a dívida Holandesa vier ao de cima, é que essa consegue suplantar a Grécia e aí veremos se se massacram os holandeses como nos massacram a nós. Isto daria uma conversa longa caso os nossos jornalistas a quisessem discutir, mas com economistas a sério.