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A Civilização do Espectáculo*

por Samuel de Paiva Pires, em 20.08.13

Por motivos vários, tenho andado um pouco alheado da espuma dos dias mediática e do que ultimamente tem preocupado as redes sociais. Contudo, não consigo resistir a tecer um breve comentário, sob a forma de interrogação, acerca do episódio Lorenzo-Judite, não de qualquer teor moralista ou político, até em larga medida superficial, mas que efectivamente a minha mente me força a exteriorizar alicerçando-se naquela ideia de Wilde de que "só as pessoas superficiais não julgam pelas aparências": quando uma jornalista que, a avaliar pelos comentários cada vez mais despropositados nas entrevistas a Marcelo Rebelo de Sousa e a Medina Carreira, parece cada vez mais tonta e considera interessante entrevistar num telejornal um exemplo perfeito e acabado de um douchebag só porque este tem dinheiro, o que é que isso quer dizer sobre um certo jornalismo luso e sobre os espectadores que gostam de consumir isto? Ou dito de outra forma, quando os telejornais parecem paulatinamente transformar-se parcialmente em versões das revistas cor-de-rosa e as redes sociais se entretêm com o que daí emana, o que é que isso diz sobre o país? Alguns dir-me-ão que há mercado para isto. Felizmente que já há algum tempo percebi que o mercado não é critério exclusivo - e frequentemente não é sequer critério - para aferir a qualidade. 


*Título roubado a este livro de Mario Vargas Llosa.

publicado às 15:52


5 comentários

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De makarana a 20.08.2013 às 17:16

Caro Samuel.Não vi a entrevista,e sobre isso,ouvi duas interpretações acerca do desempenho da jornalista na mesma.A primeira é que, ela estava possuída por um enorme sentimento de inveja,face á riqueza dele e á sua ostentação.Mas ouvi também outra tese,que se focava num pormenor que tem escapado á maioria das atenções: não era um problema de inveja, mas de desconfiança perante as origens da fortuna dele.O que Judite de Sousa pretendeu foi que os negócios dele(ou da sua familia) fossem abordados na entrevista,por meio de rodeios e insinuações que a origem da riqueza era de natureza dúbia.Até porque dificilmente,a função que ela exerce no canal televisivo permite grandes queixas da sua parte :) E para ser sincero,a segunda hipótse parece-me muito mais plausivel que a primeira.Foi um pequeno interrogatório pidesco.
Boa Semana para si.
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De makarana a 20.08.2013 às 17:17

BTW,quando refiro-me a queixas,refiro-me ao aspecto financeiro do emprego dela.
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De Samuel de Paiva Pires a 20.08.2013 às 17:20

Eu sobre essas teses não me pronuncio. O meu ponto é apenas o de questionar que tipo de jornalismo é este. Obrigado e boa semana também para si!
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De makarana a 20.08.2013 às 18:42

Caro Samuel.Eu diria que é um estilo truculento,demasiado,e acima de tudo, um jornalismo populista em que tentou virar os espectadores contra o convidado.Nas actuais circunstãncias socio-económicas, os temas do crime ou da corrupção mexem com as pessoas.Naturalmente que ela quis explorar esse campo,visando maior audiência.Um pouco á maneira do que o Correio da Manhã ou a Manuela Moura Guedes faziam ou fazem.
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De Cristiano Lopes a 20.08.2013 às 21:17

Concordo em quase tudo consigo. Se me permite, devo apenas fazer um reparo. Isto não diz muito sobre o país até porque o total da vida do país e dos portugueses vai bem além do que passa na TV - ainda para mais na TVI. Isto diz sobre a tal cultura dos mercados que conseguiu fazer alguma carreira na classe média do nosso país. Posso dizer-lhe que a classe baixa, e talvez a classe alta - e aqui, por pertencer à primeira de nascença, mas não à segunda, socorro-me do seguinte artigo do MEC http://causamonarquica.com/2011/02/11/miguel-esteves-cardoso-fidalgos-queques-e-betinhos - pouco se importam com o que vai entretendo as massas.
Isto tem a ver com quem foi educado pelo audiovisual e que dele aprendeu o que esperar e o que consumir.
Parabéns pelo artigo e os meu melhores cumprimentos.

Cordialmente,
Cristiano Lopes

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