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Portugueses contra portugueses

por Regina da Cruz, em 01.09.13
Incêndios

Sexta-feira, 30 de Agosto, excerto de uma conversa com um octagenário "analfabeto" residente numa aldeia do concelho de Barcelos: " Só podia ser assim, antes era raro haver um fogo, as bouças estavam limpas, ia-se ao monte buscar carros de mato para as camas do gado e carros de lenha, para o inverno... E havia respeito! Agora está tudo desgovernado, já nem guardas florestais há, as casas dos guardas estão tapadas de silvado... A gente mudou muito, já nao se pode confiar em ninguem, é só interesses! Veja: a madeira queimada é mais barata e os bombeiros e esses helicopteros precisam trabalhar, nao é verdade? Ora pense bem nos milhões que vale um incendio... Aqui ha uns anos, nao se podia construir no monte de Carvoeiro; foi só aquilo arder tudo e agora olhe pró monte... até já lhe chamam a zona industrial de Carvoeiro. Não acredite em nada do que vê nem que lhe dizem, nós não somos nada, há os interesses. No ano passado ardeu o monte de Aguiar e acusaram aquele moço sem emprego e sem recursos, e ele lá está, preso em Viana. Pois bem, este ano o monte de Aguiar voltou a arder. Que me diz a isto? Eu nunca vi nada assim, é muito grave e digo-lhe, nao tem soluçao porque é um problema da gente, esta gente de hoje nao respeita nada nem ninguem, nao é séria, só vê os seus interesses, não quer saber do bem de todos, que é maior. Não há soluçao, ou eu pelo menos nao vejo nenhuma."

Tribunal de Contas

Sabado, 31 de Agosto, excerto de uma conversa com o dono do quiosque de jornais: "Estes juízes estao a ganhar o deles, a defender o trabalho deles. Com os privados ninguem se importa mas os funcionarios publicos sao santos; olhe a minha mulher, trabalhava na fabrica, de um dia para o outro ela e mais 60 vieram para a rua porque a fabrica foi para outro país mais barato. E algum juíz veio falar? Nenhum! Anos de trabalho e dedicaçao, trabalhar sabados, domingos e feriados para entregar a obra, quando era preciso, e de um dia para o outro... É assim a vida, agora está em casa, montamos uma fabriqueta na garagem, está a minha mulher mais duas empregadas, não dá muito mas ela sempre se vai entretendo porque a reforma está longe. E depois um homem vê os enfermeiros, todos chateados por terem de trabalhar mais de 35 horas por semana! Chega a ser uma ofensa... Mas nao é q eu ache que os enfermeiros devam trabalhar tanto como o horario de um privado, que a maior parte das vezes, é um abuso por parte dos patroes, não é isso. O que eu acho é que nunca ninguem se preocupa com os privados... Só servimos para pagar impostos, mais nada. Bem fez o meu filho, que emigrou e eu, se soubesse o que sei hoje, nunca teria voltado."

Saúde

Quinta feira, 29 de Agosto, excerto de uma conversa com uma oncologista: "A vinda dos gestores para a saúde não me parece que tenha acrescentado valor, muito pelo contrário. Estes senhores nunca viram um doente, não têm o mínimo de noção como funciona a saúde: os cortes são cegos, sem consultarem os médicos e sem contarem com as subsequentes despesas que esse corte acarreta. Vejamos, com esta ideia fixa de se comprarem os medicamentos citotóxicos mais baratos eu hoje não consigo fazer uma epirrubicina (quimioterapia) por veia periférica pois provoca tromboflebites gravíssimas. Aquilo que era um procedimento simples, administraçao por veia, com o medicamento de marca, nunca dava problemas. Hoje em dia, com o medicamento (genérico) que temos no sistema, uma doente que tenha indicaçao para epirrubicina tem de ir ao bloco operatorio para lhe colocar um catéter central pois nao é toleravel por endovenoso. Veja os custos que uma pseudo poupança acarreta já para não contabilizar o sofrimento dos doentes. E neutropenias graves, como eu nunca vi?! Eu farto-me de reportar, o INFARMED está a par disto tudo... mas faz alguma coisa?! Quando eu vejo um grama de medicamento ser mais barato que um grama de farinha do supermercado, eu pergunto-me o que é que lá estará. Parece-me que esta reduçao da despesa na saude está a por em causa a qualidade dos tratamentos, os gestores desconhecem as reais consequencias dos seus actos economicistas, aparentemente inofensivos e a bem da "sustentabilidade do SNS". Aqui há uns meses o serviço requereu um aparelho de refrigeraçao portatil (para amostras biologicas); o pedido foi negado por que os senhores gestores acharam que estavamos a pedir um aparelho de ar condicionado.
(pausa)
Nunca foi tao difícil ser médico."

publicado às 12:16







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