por Cristina Ribeiro, em 11.09.13


As primeiras fotografias do álbum mostram um bebé no meio de quatro rapazes mais velhos, nos penedos da praia da Póvoa de Varzim. Mais tarde viriam as irmãs. Foi aí que passei todos os meses de Setembro, até aos dezasseis anos. Junho era o mês em que a mãe tratava de arrendar a casa. Quando encontrámos a ideal, passou a ficar reservada para o ano seguinte, o que faciltou muito as coisas. Era um mês inteirinho de brincadeiras com os amigos que se encontravam todos os anos, no sítio do costume. É com um grande sorriso que relembro aqueles dias, sempre tão cheios, em que até os banhos na água gelada eram motivo de alegria e algazarra saudável. Ao banho de mar seguia-se o ritual, ansiosamente esperado, do "pãozinho de leite ó pastéis fresquinhos", anunciados pelas mulheres de branco e de cesto de vime, logo rodeadas pela criançada toda. Mais fundo na memória, só o gemido da ronca, que, nas manhãs de nevoeiro, guiavam os barcos, e nos anunciava que naquele dia tudo começaria mais tarde. Saíamos da praia já com o sol quase a tocar no mar, mas sempre com a sensação de que era ainda pouco.
( já editado )
Passaram vários anos até voltar a passar as férias na praia, trocada por uma quinta em Valença do Minho. Também o mês já não era o de Setembro, mas o de Agosto, e seria em Agosto que, passados anos, iria voltar à praia, mas agora a praia já não era a da Póvoa de Varzim; a de A Ver- o-Mar era mais sossegada, e era ali vizinha, um pouco mais a Norte...
Não demoraria muito, porém, e senti o cansaço da praia- era o chamamento do campo, da natureza verde das árvores e das serras. Voltei agora ao mar e a Setembro, que, como dizia um título de Odette de Saint-Maurice, continua a ser " um grande mês ".