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Episódios da vida estatizada

por Regina da Cruz, em 12.09.13

Abro o e-mail e leio o clipping da imprensa. É mais do mesmo, todos os dias a mesma coisa, Portugal está falido e há gente que ainda não percebeu; digamos que os violinistas do Titanic tocam umas músicas muito giras…

Alinhados, os títulos parecem anedotas. Mas, no meio do rio de desperdício de dinheiro e má gestão dada à estampa, há uma notícia que me toca dolorosa e irritantemente o nervo: “Prevenção do suicídio chega as escolas já este ano.”


“A prevenção do suicídio chega às escolas” QUE MARAVILHA! É O FIM DO SUICÍDIO! Todos nós sabemos como o estado é bom resolver problemas!
 

O quão ridículo e hipócrita é o estado quando, após mergulhar em dívida um país e assaltar os cidadãos com impostos, tirando literalmente o pão da boca a milhares de famílias, deteriorando-lhes activamente a qualidade de vida (já de si, historicamente baixa), se propõe ir às escolas ensinar que pôr um fim à vida é uma coisa má, não tanto pelo desafio ético mas, e conhecendo nós o estado português como o conhecemos, por que este precisa de gente viva, para pagar o omnipresente IVA associado ao consumo. É necessária gente viva a quem extorquir para continuar a alimentar o estado glutão. Vá, queremos toda a gente viva ou semi-viva, mas a consumir, a comprar carros e pagar portagens (de preferência daquelas dos pórticos, com multa!) e a consumir água, luz, gás das empresas dos amigalhaços e todas aquelas coisinhas boas que alimentam a outra metade de Portugal. 


“A prevenção do suicídio”… Ah, a soberba! Como se fosse possível a máquina burocrática do estado, superficial, interesseira e despersonalizada, prevenir ou evitar algo tão íntimo.

Ou será que alguém no aparelho do estado estava a precisar de emprego e então vai daí inventa-se uma coisa qualquer que permita umas rendas durante uns meses a meia dúzia? Assim, a fazer lembrar o Acordo Ortográfico. É preciso arranjar um entretém aos amigos! O pessoal tem contas para pagar não é? Isto é uma pescadinha de rabo na boca.

O que é feito da família? O que é feito dos amigos? O que é feito da ligação espiritual do homem a todos as coisas? O que é feito da intimidade?

Desde quando o estado pode ou deve ou tem capacidades para lidar com um assunto desta profundidade? E será um formato tipo aula de religião e moral ou mais tipo alcoólicos anónimos?

Deixem-nos em paz! Desapareçam! Não queremos que nos venham com conversas psicológicas e soporíferas e nos digam que não devemos por fim à vida porque… “porque não”. Mas quem são vocês, psicólogos da treta e "agentes" de saúde, sempre muito presunçosos e metidos a conhecedores dos mistérios da psique? Não conhecem nada! Não sejam ridículos! Só conhecem aquilo vos dão e aquilo que vos dão é sempre pouco, invariavelmente distorcido pelas palavras, desorganizado como é próprio da natureza da emoção, sinuoso como as próprias pregas do cérebro, intrincado como as redes de neurónios. Mas vá, sim, iludam-se com as vossas teorias e iludam-nos também, por favor. Há que continuar com esta imensa farsa superficial que é a vida moderna estatizada, tão confortável como entorpecedora. Gostava que medissem o sucesso desta iniciativa só para que confirmassem o quão inútil é. Apenas para que confirmassem. Apenas para deixar claro. Pode ser que um dia abramos os olhos. Pode ser. E pode ser que no dia em que finalmente acordemos da ilusão paremos de esbanjar o pouco dinheiro que nos resta e que por sinal, nem é nosso.


Há uma forma fantástica do estado prevenir eficazmente que os homens e mulheres deste país se suicidem: é reduzindo de forma significativa a presença nas suas vidas.

publicado às 09:05







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