Mas a verdade é que deve deixar de sê-lo e com urgência. Portugal tem um papel fundamental na CPLP. Mas se está reduzido a um protectorado, como afirma o senhor vice-primeiro-ministro Paulo Portas e muitos outros políticos portugueses, não tem capacidade para assumir as suas responsabilidades na comunidade dos países que falam a Língua Portuguesa. Está pior do que a Guiné-Bissau, apesar de tudo um Estado soberano. E corre o risco de ter um estatuto político muito próximo da “aspirante” Guiné Equatorial. Fazemos esta constatação, com mágoa. Mas a vida continua e a CPLP não pode ficar à espera de um Portugal que até os seus mais altos dirigentes políticos aceitam seja um protectorado (...)
Gostávamos de saber que outros investidores no mundo arriscavam um euro num país em que até membros do seu Governo consideram um protectorado. Os angolanos não querem ter em Portugal um estatuto especial, ainda que os laços afectivos profundos que nos unem, o justificasse."
Politicamente e em termos de ansiados negócios, o PSD sempre foi um grande amigo dos governos de José Eduardo dos Santos, nisto competindo com o contraditório e internacionalista PC de Cunhal, Carvalhas e Jerónimo de Sousa. Nesta preferência ambos se diferenciam da apertada relação, aliás jamais cabalmente explicada, do PS com a UNITA do dr. Savimbi.
De forma insofismável, o Jornal de Angola apenas escreve aquilo que há muito aqui dizemos sem rebuços. Por mera coincidência, a Portugal costumamos chamar de ..."uma espécie de Protectorado da Boémia-Morávia" e bem faz o ministro Paulo Portas em sublinhar esta humilhante situação em que o regime, no seu todo - do BE ao CDS e sucessivos inquilinos de Belém -, nos colocou.
Outra leitura a fazer de tudo aquilo que desabrida e oportunamente nos chega de Luanda, talvez seja um convite ao repensar da estratégia nacional, devendo esta tornar-se mais equilibrada e com um pendor claramente atlantista. De facto, se excluirmos Moçambique e Timor, todos os membros da CPLP são banhados pelo Atlântico, existindo uma miríade de possibilidades de desenvolvimento harmonioso que dê à lusofonia um lugar de destaque nas relações internacionais, sector da Defesa incluído.
Portugal cultiva excelentes contactos com países como a China - um campeão de todo o tipo de casos que todos julgamos incompatíveis com a sempre alardeada Constituição portuguesa - ou a cada vez mais estranha Venezuela. Até ao dia de hoje, não assitimos a uma única campanha concertada pela imprensa portuguesa contra estes dois regimes tão diferentes daquilo que consideramos ser uma democracia.
Chegou o tempo de por cá se deixarem de puerilidades.