O que está a acontecer é exactamente aquilo que se esperaria de um país cujo regime há quase duas gerações insiste em renegar o seu próprio legado histórico, aliás perfeitamente compreendido pelos países sa CPLP.
Aqui mesmo neste blog tenho despretensiosamente chamado a atenção para isto e pelo que parece, os "meias brancas" do regime - da direita à esquerda - continuam deslumbrados pelos fumos do euro-novo riquismo à conta de outrém. Enfim, apesar de tudo creio que a declaração de JES não será irreversível, mas tratar-seá de um sério aviso que talvez ainda possa ser corrigido. Como se dizia, é preciso agir "agora e em força", diga a gente do eixo Balsemão/Belmiro o que bem quiser.
Para o próprio JES, para Angola e para os angolanos que aqui têm interesses, também há algo a perder. O que Portugal têm feito e conseguido, não seria assim tão fácil noutros países, Espanha incluída. Que isto sirva de aviso a quem mantem excelentes relações com a China, Venezuela e outros cujos pergaminhos democráticos "à europeia" são no mínimo questionáveis.
Viva Nuno,
O legado histórico a morder os calcanhares...o timing de Angola é perfeito - o momento de fraqueza política e económica de Portugal. Nada disto é um devaneio de uma manhã outonal. Há maturidade na política externa angolana.
Um abraço,
John
Não sei se será mesmo isso, pois por vezes parece-me que por lá ainda não descolaram do período da guerra e pior ainda, daquela desconfortável sensação de um poder que longe de conquistado pela força das armas, lhes foi entregue de bandeja, sem a tal "vitória total" que os manuais recomendariam.
Parece-me que aproveitam bem este momento e às cegas atacam um governo composto sobretudo por amigos. Como podem eles prejudicar quem com eles sempre manteve relações que no mínimo podem ser consideradas como quase cúmplices? Julga JES que a justiça portuguesa - embora muito comprometida com a política - é por cá coisa a quem o governo facilmente dê ordens? Pois não é e o Tribunal Constitucional pode ser visto como um exemplo por estes tempos muito visível, mas apenas um entre outros. É claro que casos como aqueles a que durante anos assistimos - a total impunidade dos meliante, a destruição de "fitas incómodas" para certos políticos - são conhecidos em Luanda, daí o mal entendido que provoca a rápida adopção de reacções a quente. É assim que ajem os países recentemente chegados à cena internacional, ou seja, a imprevisibilidade dita a norma. mas como prevalecerão sempre os altos valores do business as usual, creio que chegarão a um entendimento. Foi a este ponto que o regime nos trouxe e não existe alternativa senão contactarem directamente com quem manda na política, imprensa e justiça angolana.