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A cobardia do Jornal de Angola (e de Portugal)

por José Maria Barcia, em 19.10.13

 

 

O Jornal de Angola, como é do conhecimento comum, é a voz oficial do regime. Por outras palavras, é um folhetim de propaganda para o regime angolano escrever o que ainda não pode dizer em discursos oficiais.

 

O Jornal de Angola queixa-se de Portugal, ora como virgem ofendida porque, imagine-se! alguém fez uma peça jornalística sobre um acontecimento negativo em Angola ou - Deus nos salve! - porque alguém escreveu uma crónica defendendo que chamar democracia a Angola é brincar com os conceitos.

 

O Jornal de Angola viu-se com o poder de ter chamadas de capa no Correio da Manhã porque acusa a TVI de seguir as instruções de Judite de Sousa e José Alberto Carvalho. A pobr'alma que escreveu essa crónica só através de associação de realidades pode chegar a esta acusação. Ora, lá porque em Angola a liberdade de expressão e de imprensa são um mito, não quer dizer que em Portugal também o seja. Lá porque o Jornal de Angola responde a José Eduardo dos Santos, o mesmo não acontece em Portugal.

 

Angola tem um regime com uma elite económica a deter uma enormidade da riqueza baseada em recursos naturais. No ranking do Índice de Desenvolvimento Mundial, Angola ocupa a 148º posição. Para um país que gosta de esbanjar capital em empresas portuguesas, podia pensar em investir parte na pessoas do seu próprio país...

 

Angola tem telhados de vidro para a atitude que tem vindo a ter para com Portugal. Atitude essa justificável na medida em a falta de coragem dos partidos portugueses, empresas portuguesas e até do Presidente da Republica portuguesa são notórias. Se Angola quer rever a colaboração estratégica com Portugal que assim seja. Se Portugal saliva por dinheiro Angolano, pondo-se de quatro ao mínimo susto vindo de Angola, então Portugal merece ser trespassado. Mudem a bandeira, ofereçam os símbolos de soberania a Angola. A Assembleia dava um óptimo salão de festas.

 

E fica o recado ao Jornal de Angola: querem ser credíveis? Querem ser mais que um papel propagandista? É simples. Parem de escrever que sabem que a elite portuguesa é corrupta. Parem de insinuar que sabem que acontecem negociatas com este ou aquele. Nós também sabemos. Comecem a dizer nomes, a apresentar provas. Por outras palavras, façam jornalismo. É que aparentemente no título do vosso pasquim, está primeiro "Jornal" que "Angola". Sejam jornalistas.

 

E para Portugal: já fomos humilhados pela comunidade internacional demasiadas vezes. Pelo Reino Unido, por Espanha, troika, etc. Na ultima humilhação (mapa cor-de-rosa) o regime caiu. Mudou-se de rei para presidente. E agora? Agora que Cavaco é um cobarde? Eu, português, sinto vergonha deste país que não se sabe impor e dar ao respeito. Sinto vergonha por este país que não tem um única voz dentro do poder politico a dizer que tem que bater com a mão na mesa e ganhar um belo par de tomates.

 

 

 

publicado às 14:51


2 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 20.10.2013 às 08:32

Era precisamente isso o que quis dizer num post que aqui deixei há alguns dias. O nosso país precisa de Angola e o mesmo se passa em sentido contrário. Se eles conhecem casos e nomes, então que os digam. É um favor, um grande favor que farão a Portugal. Não o fazendo, é o descrédito dos acusadores e um alívio para os alegados bandidos.


O nosso país tem ao longo de mais de trinta anos, transmitido a clara mensagem de por aqui tudo ou quase tudo não passar de um pro forma. Desde a política às finanças, economia e justiça, vivemos de formalidades. Os angolanos entenderam a mensagem e aproveitaram-na como melhor puderam, fazendo política à sua maneira. Não os condeno, cumprem o papel que os seus interesses impõem. 


As humilhações a que este nosso regime tem sujeitado Portugal, exigem um ajuste de contas que já tarda. A incompetência e mentira, o locupletar escandaloso de dinheiro, posições e mordomias, são a imagem de marca. Nós sabemos, o s estrangeiros sabem.
Aquilo que o Jornal de Angola imprime e divulga, é precisamente o mesmo que em Portugal vemos de uma  maneira menos acutilante mas nem por isso substancialmente menos virulenta. Os jornais estão cheios de recados, a SIC, o Expressoe a própria tv do Estado julgam-se no direito de criar ou dstruir governos, promovendo campanhas contra fulano e beltrano - ou a favor deste e daquele -, servem-se da justiça para atingir fins claramente políticos. O contrário também acontece, é uma evidência que não escapa a nacionais e a estrangeiros. O que é isto, José Maria?
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De José Maria Barcia a 20.10.2013 às 18:07

Isto, caro Nuno, é um regime assente num clima de impunidade descarada. É um penico de país onde todos se conhecessem e têm telhados de vidro.


É um país que permite a ascensão política de sujeitos que, à partida, deveriam ser barrados de entrar numa jota. É um país sujo de interesses económicos e públicos, onde os dois andam de mão dada para beneficio de só alguns.


No fundo, é uma palhaçada. E nós somos o palhaço que leva com a tarte na cara.

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