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Os portugueses andam com os nervos à flor da pele - e justificadamente. O país encontra-se numa situação de desastre económico-social e, por essa razão, não devem perder tempo com ninharias, burrices. O artigo publicado na versão internacional do New York Times foi arrastado para a arena do sensacionalismo nacionalista como se fosse um ataque à dignidade, ao orgulho e à honra de um país. Os leitores portugueses não apreciam a ironia e denotam alguma dificuldade em lidar com a língua inglesa, mas acima de tudo, ler por entre as linhas, perceber outras mensagens importantes que passam. O artigo sobre o burro mirandês fez mais por Portugal do que se julga - colocou o país no mapa das emergências. Servindo-se da imagem da "burra nas couves" chamou a atenção para o drama nacional. Poderia ter sido a sardinha ou a cortiça da rolha, mas não, foi mesmo o asno - que fala mais alto que os outros. Não devemos esquecer a importância do burro na política. Os democratas americanos são burros, mas os burros não são um exclusivo do sistema político dos EUA. Encontramo-los um pouco por todo o mundo, nos governos nacionais, nos parlamentos e nas juntas de freguesia. Julgo que devemos apenas olhar para a questão de um modo positivo. Seja qual for o veículo (de cavalo para burro), a verdade é que Portugal ganhou exposição mediática com este artigo de opinião asinino, e isso ajuda a alertar consciências para os problemas nacionais. Ou seja, o burro mirandês tornou-se arma de arremesso político, carrega também o fardo da luta contra a Austeridade. Alguém perguntou ao burro mirandês o que ele pensa sobre o assunto? Acho que tem direito de resposta. Uma coisa é certa - já não anda apenas à nora. Tornou-se uma estrela internacional, a capa de um jornal de grande tiragem. O galo de Barcelos que se cuide que este animal não anda a brincar.