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A Helena Sacadura Cabral recorda aqui um pormenor importantíssimo, que, pelos vistos, foi totalmente riscado do mapa por alguns dos protagonistas séniores da governação. De facto, eu, à semelhança da Helena, julgava que um ministro tem como função precípua definir políticas e acções na área de que foi investido das maiores e mais pesadas responsabilidades. Enganei-me. Nuno Crato, a título meramente exemplificativo, tem-se esforçado de todas as formas e feitios por demonstrar cabalmente aos portugueses que esta conceptualização do papel do ministro é um tremendo desatino. Crato, devido, talvez, à sua formação maoísta, entende o magistério governativo como uma negociação permanente sobre regalias e privilégios, em que o ministro faz a figura de urso, e os sindicatos colhem o aplauso dos prebostes corporativos. A coisa tem, em rigor, a sua lógica. No fundo, o que está em causa é apenas e tão-só o medo de governar, o receio incomensurável de arrostar os que mais podem. Num governante, como todos sabem, o medo é o início da derrocada, e Crato já teria, há muito, retornado às bancas da Universidade, se o primeiro-ministro fosse um político experimentado e prudente. O problema é que, nos dias que correm, Portugal é liderado por gente com medo, por políticos desaustinados e receosos, e, last but not the least por um partido cujo único sobressalto cívico foi o facto de um secretário de Estado ter sido apodado de alemão pelos periódicos gregos. É bom de ver que assim não iremos a lado algum. Porém, e como não há impossíveis, vamos esperar que o bom senso regresse ao cérebro dos estrategas passistas. Nunca é tarde para debelar o medo, Roosevelt que o diga.