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As notícias que têm vindo a lume a respeito da crise congeminada pelo senhor Fernando Vaz (estou a ser muito benévolo no tratamento dado a este gentleman), permitem extrair uma conclusão pouco abonatória no que tange à influência política e diplomática exercida pela CPLP. O Paulo Gorjão e o Francisco Seixas da Costa já se referiram ao assunto aqui e aqui, salientando, justamente, esse ponto. De mais a mais, as últimas ocorrências deste affaire não são, propriamente, muito surpreendentes. A CPLP, enquanto organização política, tem primado pela mais absoluta irrelevância - veja-se o supino caso do acordo ortográfico -, algo a que não é alheio o facto de tanto o Brasil como os PALOP, sem esquecer, evidentemente, Portugal, terem votado esta instituição a um agradável ostracismo, no qual os assuntos mais candentes se resumem à mercearia involucrada numa hipotética adesão do regime de Obiang Nguema Mbasogo à organização. Para bom entendedor, meia palavra basta. Ademais, é facílimo de entender a preferência do Estado português pela abordagem multilateral dos problemas políticos emergentes na Guiné-Bissau: em primeiro lugar, a reduzidíssima efectividade política e diplomática da CPLP assim o obriga, em segundo lugar, como o próprio Francisco Seixas da Costa ressaltou, o acto ocorrido em Bissau foi, clara e inequivocamente, um acto de pirataria, pelo que a abordagem a seguir deverá ser, obviamente, multilateral. Em guisa de conclusão, mais uma vez, a CPLP provou que, política e diplomaticamente, não existe fora do quintal das Necessidades, o que, em boa medida, só leva a concluir que, nestes moldes, a instituição em questão é absolutamente inútil. Por fim, gostaria, igualmente, de lamentar o total despudor exibido pelos media portugueses ao amaciarem as posições da Guiné-Bissau, com entrevistas e peças jornalísticas a destempo. Assim, com estes gramofones comentadeiros de péssima qualidade, é, de facto, muito difícil ter uma diplomacia que funcione e prossiga os interesses nacionais.