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Quem dá a cara merece ser elogiado

por Pedro Quartin Graça, em 28.02.14

Podia estar acomodado, calado e insensível. Prestígio internacional não lhe falta. Tampouco experiência em grandes combates. Hoje deu corajosamente a cara por mais um. Aquele que marcou, de forma triste, a sua vida parlamentar de mais de 24 anos, sempre eleito e reeleito pela população portuguesa, e pelo Algarve em particular. Na hora em que muitos, de forma cobarde, se esconderam debaixo da tradicional disciplina da voto, José Mendes Bota soube interpretar o sentir de um Povo que rejeita uma escolha política que não sufragou e com que não concorda e tudo fez para que a mesma não tivesse lugar. Merece o nosso aplauso pela luta sem fim que protagonizou juntamente com todos quantos se erguem de forma firme contra o Acordo. Um abraço José. E obrigado.

 

Declaração de voto do Deputado Mendes Bota a propósito da votação dos Projectos de Resolução nºs 890/XII/3ª (Ribeiro e Castro e outros) que “recomenda ao Governo a criação urgente de um Grupo de Trabalho sobre a Aplicação do Acordo Ortográfico”),965/XII/3ª (PCP) que “recomenda a criação do Instituto Português da Língua, a renegociação das bases e termos do Acordo Ortográfico ou a desvinculação de Portugal desse Acordo) e 966/XII/3ª (BE) que “recomenda a revisão do Acordo Ortográfico”


Plenário da Assembleia da República, 28 de Fevereiro de 2014


"TENHO 24 ANOS DE ACTIVIDADE PARLAMENTAR – E HOJE, É PROVAVELMENTE O DIA MAIS TRISTE DESSE PERCURSO, EM QUE SENTI À EVIDÊNCIA A IMPOTÊNCIA DO DEPUTADO INDIVIDUALMENTE CONSIDERADO.
ESTA FOI UMA OPORTUNIDADE PERDIDA PARA COLOCAR UM TRAVÃO, UMA SUSPENSÃO PARA PENSAR, NUM PROCESSO QUE ESTÁ A CONDUZIR À DESTRUIÇÃO DA LÍNGUA PORTUGUESA, E A SEMEAR O CAOS ORTOGRÁFICO JUNTO DO POVO PORTUGUÊS.
ESTE É UM PROCESSO EIVADO DE INCONSTITUCIONALIDADES ORGÂNICAS E FORMAIS.
HOUVE UM PRESSUPOSTO QUE NÃO SE VERIFICOU: AO CONTRÁRIO DO QUE SE JULGAVA, ESTE ACORDO NÃO UNIFICA ORTOGRAFICAMENTE A LÍNGUA PORTUGUESA, ANTES PELO CONTRÁRIO. A QUESTÃO DAS CONSOANTES MUDAS, A QUESTÃO DOS HÍFENES, O CRITÉRIO DAS FACULTATIVIDADES, O CRITÉRIO DA PRONÚNCIA, E A FORMA COMO FUNCIONAM OS INSTRUMENTOS DO VOP E DO LINCE, DESTROEM PELA BASE O PRESSUPOSTO INICIAL. DESUNIFICA-SE EM VEZ DE UNIR.
POLITICAMENTE, PORTUGAL CORRE O RISCO ABSURDO DE CHEGAR AO INÍCIO DE 2016 E SER O ÚNICO PAÍS A APLICAR OBRIGATORIAMENTE UMA ORTOGRAFIA QUE NEM SEQUER ERA A SUA.
ESTE É UM ACORDO FEITO À MARGEM DOS POVOS A QUE SE DESTINA,QUE NÃO FOI PEDIDO, NEM É DESEJADO, SEJA EM DILI, EM LUANDA, EM LISBOA OU EM S. PAULO.
NEM É NECESSÁRIO. A LÍNGUA INGLESA TEM 20 VARIANTES, E NUNCA PRECISOU DE UM TRATADO. TAMPOUCO O FRANCÊS, QUE TEM 15 VARIANTES. COMO DISSE ADRIANO MOREIRA: “A LÍNGUA NÃO OBEDECE AOS TRATADOS. NÃO SE DÃO ORDENS À LÍNGUA”.
FIZ TUDO O QUE ESTAVA AO MEU ALCANCE PARA QUE O MEU GRUPO PARLAMENTAR TIVESSE UMA POSIÇÃO DIFERENTE, PROPUS UM PROJECTO DE RESOLUÇÃO CLARAMENTE NO SENTIDO DA SUSPENSÃO DA APLICAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO, MAS A DECISÃO FOI OUTRA – TENHO QUE RESPEITAR ESTA DECISÃO, MAS ESSE RESPEITO NÃO ME OBRIGA AO SILÊNCIO, ESTOU NUM PARTIDO DEMOCRÁTICO.
SEGUIU-SE EM PORTUGAL A ESTRATÉGIA DO FACTO CONSUMADO – PERDÃO! EU DISSE “FACTO”? ERRADO! É A ESTRATÉGIA DO “FATO” CONSUMADO, POIS TENHO UM “LINCE”ÀS COSTAS, QUAL PATRULHEIRO DAS PALAVRAS, QUE NÃO ME DEIXA FALAR EM BOM PORTUGUÊS.
A SOLUÇÃO HOJE AQUI APROVADA É O MÍNIMO DOS MÍNIMOS DOS MÍNIMOS, É UMA SOLUÇÃO FRACA, NÃO VINCULATIVA, E QUE NADA FARÁ PARA INVERTER O RUMO TRAÇADO POR ESTE ESTRANHO CONSENSO POLÍTICO RENDIDO ÀS CONVENIÊNCIAS ECONÓMICAS, DIPLOMÁTICAS E OPERACIONAIS.
UM DEPUTADO DO PARTIDO SOCIALISTA FEZ HÁ DIAS CIRCULAR UM EMAIL ACUSANDO-ME DE ESTAR EQUIVOCADO. SOU UM SER HUMANO, E ADMITO QUE TAMBÉM ERRO, E TAMBÉM ME EQUIVOCO.
MAS, QUANDO OLHO À MINHA VOLTA E VEJO TANTAS PERSONALIDADES DA VIDA LITERÁRIA, CULTURAL, POLÍTICA, COM AS QUAIS PARTILHO A MESMA OPINIÃO, DE REJEIÇÃO DA APLICAÇÃO DESTE ACORDO ORTOGRÁFICO:
LOBO ANTUNES E AGUSTINA; ANTÓNIO BARRETO; PAULO RANGEL E FRANCISCO ASSIS;
MANUEL ALEGRE E BARBOSA DE MELO; ADRIANO MOREIRA E FREITAS DO AMARAL;
MARIA TERESA HORTA E JOSÉ MANUEL MENDES; MIGUEL SOUSA TAVARES E VASCO GRAÇA MOURA; PACHECO PEREIRA E NUNO MELO.
E IMENSOS LINGUISTAS COMO:
ANTÓNIO EMILIANO OU MARIA REGINA ROCHA;
E OS IMENSOS MILHARES DE SUBSCRITORES DA PETIÇÃO QUE HOJE VEIO À TONA DO DEBATE PARLAMENTAR, NÃO CREIO ESTAR EQUIVOCADO NA REJEIÇÃO DESTE ACORDO ORTOGRÁFICO. MAS, SE ESTIVER, ESTOU MUITO BEM ACOMPANHADO."

 

 

publicado às 16:36


6 comentários

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De E. Oliveira a 06.03.2014 às 01:04

Não, "facto" mantém-se "facto", de facto.
A razão da manutenção do "c" está na pronúncia do dito cujo na palavra.


Mas "efectivo","objectivo" (e associados) , perderam o "c", porque este não é pronunciado.
 

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