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"Em política o que parece é"

por Samuel de Paiva Pires, em 29.08.08

Aprova-se uma lei que acaba com a prisão preventiva e incentiva ao aumento da criminalidade, com a ajuda mais ou menos aparente ou latente da comunicação social faz-se crer os cidadãos num panorama de insegurança generalizado, utilizando o mote do sentimento de insegurança aprova-se a criação de um cargo que centraliza e governamentaliza a investigação e o combate ao crime e logo de seguida volta-se a implementar a aplicação da medida de prisão preventiva. Daqui a uma ou duas semanas a comunicação social já não dará tanto destaque ao sentimento de insegurança. Daqui a um mês já pouco ou nada se falará sobre isso. Efectivamente, como diria Salazar, "em política, o que parece é".

publicado às 18:04


9 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 29.08.2008 às 18:22

Samuel, terás de concordar que a prisão preventiva, tal como aqui se usa, é um abuso inacreditável no que respeita ao desprezo pelo tempo em que as pessoas se encontram detidas sem acusação formal. Pode ser usada contra todos!
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De Samuel de Paiva Pires a 29.08.2008 às 18:29

Claro que sim, eu concordo perfeitamente Nuno, mas passou-se do 8 para o 80, de um extremo para outro (sem contar que o proprio sistema de justiça é a causa dos abusos a que assiste quanto à aplicação da prisão preventiva a que depois só se dá seguimento em tribunal muitos meses mais tarde), e assistimos ao que temos assistido neste Verão. E o que importa é que me parece que isto foi tudo muito bem orquestrado para levar à criação do tal cargo de secretário geral da segurança interna sem que ninguém faça muitas ondas. Daí que, "em política o que parece é".
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De António de Almeida a 30.08.2008 às 17:39

-O problema começa na desorganização de todo o sistema judicial, mapa judiciário incluído , em que todas as autarquias querem um Tribunal no quintal lá de casa. Continua pela lentidão do sistema, é inacreditável o tempo que vai entre uma acusação e uma sentença. Agrava-se por um Código Penal excessivamente brando. Mas atenção, as reformas do ano transacto visaram apenas objectivos económicos.
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De carlosbarbosaoli a 29.08.2008 às 18:34

À falta de fogos na florestas, a comunicação social ateou o fogo da "onda de assaltos". Os criminosos agradecem, porque consideram o destaque um estímulo. Aposto que alguns desses pilha galinhas ( é disso qu na maioria dos assaltos se trata) gravam todos os noticiários e fazem recortes de imprensa.
Perante o panorama qu faz o PSD? Pede a demissão do ministro. Este Centrão é arrepiante!
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De João Quaresma a 29.08.2008 às 19:33

À falta de fogos? Mas não têm faltado fogos, o que não são é mostrados na TV. O incêndio no passado Sábado em Belas foi o maior na região de Lisboa em 10 anos. Viu imagens dele nas televisões?

«Aposto que alguns desses pilha galinhas ( é disso qu na maioria dos assaltos se trata) gravam todos os noticiários e fazem recortes de imprensa.»

Todos os partidos fazem isso, constituindo uma base de dados. Por isso é que nos debates parlamentares se vão buscar declarações antigas e incómodas.

Quando era ministro do Ambiente, Sócrates tinha 8 assessores. Quatro deles tinham como únicas funções reportarem notícias relativas ao ministério que saíssem nas três televisões e na rádio.

Foi substituído por Isatino De Morais, que por sua vez tinha quatro secretárias pessoais: três lindas de morrer e uma escrava.
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De victorangelo a 29.08.2008 às 23:01

As estatísticas mostram que o crime violento, de que tanto se fala, é de facto uma realidade e não apenas uma questão de comunicação social. Aliás, creio poder dizer-se que o debate público, a atenção dada pelos media ao problema têm contribuído para que um pouco mais de iniciativa se tenha manifestado nos últimos dias. O que há a lamentar, no entanto, é a ausência de coordenação e de comunicação política efectiva sobre a matéria. Há muitos actores mas não se vê o encenador. A cacofonia, só por acaso, dará luz a uma melodia com algum jeito.
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De Samuel de Paiva Pires a 29.08.2008 às 23:17

"O que há a lamentar, no entanto, é a ausência de coordenação e de comunicação política efectiva sobre a matéria. Há muitos actores mas não se vê o encenador." - touché caro Victor, concordo plenamente. E faz-me lembrar o que um professor meu ensina nas suas aulas, quem é que quer que eu acredite nisto, porquê e para quê?

Quanto à onda de criminalidade, não foi minha intenção afirmar que não existe ou que é apenas uma invenção da comunicação social, mas que os media muito têm contribuído para o sentimento de insegurança da população pela exposição exacerbada e mediatização, não me parece que hajam dúvidas, retirando muitas das vezes espaço de manobra às autoridades (já de si pouco organizadas ou coordenadas), e neste caso criando o sentimento necessário para a criação do tal cargo centralizador, contra o qual a esmagadora maioria dos portugueses não se manifesta, até porque como povo parece que gostamos mais da segurança do que da liberdade, sacrificando a segunda em nome da primeira. Falta saber até onde estamos dispostos a sacrificar a nossa liberdade em nome de um alegado sentimento de segurança. Porque claro que o crime violento é cada vez mais frequente, agora os sentimentos de segurança ou insegurança, esses dependem do agenda setting e dos tais diversos actores e encenadores.
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De victorangelo a 30.08.2008 às 20:34

Caro Samuel, li com atenção a sua resposta e penso que levanta um ou dois problemas fundamentais: liberdade versus segurança, bem como a questão de quem define a agenda pública. Ambos merecem que se lhes dedique alguma atenção. Vamos a ver se o fazemos no futuro. Saudações. VA

PS: Viu o que escrevi no meu blogue sobre estas matérias? victorangelo.blogs.sapo.pt
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De Samuel de Paiva Pires a 30.08.2008 às 21:32

Caro Victor, com toda a certeza, são temas que merecem ser tratados,! Vi e acrescentei o link na coluna ali do lado, é um prazer tê-lo como leitor do Estado Sentido e do que li no seu blog parece-me ser bastante "refrescante" no panorama da blogosfera nacional.

Quanto à questão ainda da segurança, devo dizer que a sua análise quanto ao Governo estar a transformar-se numa administração paralisada pelo medo de cometer erros e perder apoios merece também ser aprofundada, tem muito que se lhe diga!

Cumprimentos,
Samuel

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