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Quando nasceu, Portugal sofria as tropelias dos bandos de Costas e de Bernardinos, iniciando o desastroso caminho das trincheiras da derrota militar na I Guerra Mundial. Foi contemporânea do final do reinado de Nicolau II e dos kaisers da Alemanha e da Áustria. Quando nasceu, o planeta Terra era ocupado por impérios com nomes tão exóticos e historicamente pesados como Áustria-Hungria, Império Otomano, Abissínia, Pérsia, ou Raj britânico. Viu surgir Lenine e não se apercebeu da sua morte. Comentou receosa, a ascensão de Estaline e de Hitler e testemunhou a ignominiosa queda de um e a misteriosa morte do outro. Na segurança relativa de uma África distante e talhada para ser um novo Brasil, viveu inteiramente a sua juventude de mulher extraordinariamente bela, elegante e prendada nos aborrecidos afazeres domésticos. Quando nasci, tinha apenas 43 anos e foi uma segunda mãe.
Veio para Portugal Continental em 1976, deixando enterrados em Moçambique os seus avós, o pai e tios. Consigo trouxe as cinzas do marido. São os despojos de uma vida, conservados à mesa de cabeceira. Não é muito, mas para esta avó, é o que mais lhe importou salvar.
O cinquentenário do casamento dos meus pais (15-9-1958), sem dúvida merecerá uma "reportagem fotográfica" especial, tendo apenas que esperar pelo conserto do scanner, avariado num imprevisto momento de mau humor. Coisas que acontecem...