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Há uns poucos anos, um sempre mediatizado primeiro-ministro de um velho país do sudoeste da Europa, decidiu anunciar durante o telejornal das oito da noite, o súbito aumento dos impostos aos bancos que como toda a população sabia, eram escandalosamente irrisórios. A situação tanto mais chocante se tornava, quando à constante quebra do poder de compra das famílias e ao permanente aumento de impostos directos e indirectos, somava-se no vasto rol de calamidades, o estendal quotidiano de basófias propaladoras de lucros fabulosos das entidades bancárias. E quem pagava esses lucros? Os depositantes que quotidianamente eram e continuam a ser, sugados através de cartas não desejadas, circulares informando de coisa alguma, taxas para isto e taxas para aquilo. Eram e são os mesmos bancos que pagando impostos ridiculamente reduzidos, aproveitam para negociar com o dinheiro dos clientes, emprestando-o a fundo perdido a amigos e parentes, ou pura e simplesmente, fazendo-o desaparecer em despesas de representação e outras costumeiras cenas de prestidigitação.
Voltando ao infeliz primeiro-ministro que se julgava popular, o pobre homem mal sabia o que tal anúncio significava para a sua improvável e periclitante carreira no governo. Com espanto e choque, viu a sua maioria absoluta ignominiosamente dissolvida por um fulano com alegados poderes para tal, sabendo-se da ocorrência no casarão Supremo, da recepção a uma embaixada de ofendidos banqueiros e seus moços de recados que exigiam reparação de danos.
Consequências? O primeiro-ministro foi deposto, os amigos do Supremo foram para o governo e adivinhem quem ficou a controlar apertadamente a pasta das Finanças? Alegadamente, um ex-membro da tal embaixada. A Constituição foi pisoteada e algumas páginas serviram decerto para superficial limpeza do terminal digestivo de alguns devoradores de trufas, foie gras e bebericões de Moet et Chandon.
Isto, a propósito dos aumentos de gasolina, num momento em que o petróleo baixou para preços muito razoáveis para aqueles a que já nos acostumáramos. E a propósito também, das desculpas esfarrapadas de um dos "ministros da pasta". É o fim da Democracia e a esplendorosa assunção aos céus da plutocracia. Um novo regime, mais uma desgraça de república...