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Sobre a nacionalização no BPN

por Samuel de Paiva Pires, em 03.11.08

Não tenho grande coisa a dizer. Apenas resalvo que, infelizmente, mais uma vez se prova o que venho a dizer e escrever há muito, o mercado e a mão invisível funcionam na perfeição em teoria, porque na prática têm a intervenção de seres humanos, imperfeitos por natureza.

 

Já agora, parece que esta situação de gestão danosa já se vinha arrastando de algum tempo a esta parte, indiciando que a crise financeira internacional não terá relação directa com este fenómeno. Se assim é, mais uma vez se pergunta, para que serve o Banco de Portugal e o cargo ocupado pelo Dr. Constâncio? Depois do escândalo no BCP, aparece mais uma vez demasiado tarde e com demasiada inércia, depois de alguém se ter tornado milionário à conta da gestão danosa. Num país sério alguém como o Dr. Constâncio teria vergonha na cara e demitia-se.

publicado às 22:44


11 comentários

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De Nuno Castelo-Branco a 04.11.2008 às 00:12

Ora aí está, Sam! Ontem dei-me ao frete de ouvir o gajame de serviço à crise e as palavras enroladas, as desculpas tendentes à auto-satisfação, não me convenceram lá muito. E sou eu completamente leigo na matéria. O que salta à vista de todos é que estamos perante uma situação absolutamente nova. Na prática, quando os bancos "aceitam" as benesses do Estado, isso pressupõe - espero eu, mas não me admiraria do contrário - a supervisão pública. O que quer isso dizer? O Estado é parte interessada e os bancos são praticamente colocados sob tutela. No caso português, bem!
parece-me absolutamente esdrúxula a afirmação do João Salgueiro, que reza ..."os bancos não t~em mais valias relevantes"... Então o que significam aqueles comunicados phoney balloney acerca de lucros de biliões anuais? Serão apenas matéria de marketing para atrair incautos? Não acredito.
Estamos perante uma nova etapa, onde o papel regualdor - mesmo que mínimo - do estado é inevitável, procurando evitar a autêntica depredação a que temos assistido. Será um novo capitalismo? Decerto. O que interessa é o simples facto de agora, os bancos passarem a depender e muito, do contribuinte que "para eles desconta mais de 10 cêntimos quando bebe um café"! Logo, esses lucros miliardários, deverão ser taxados em conformidade, nem que seja para a tal solvência da segurança social, ou para suprir dificuldades da Tesouraria pública. Isto não é "socialismo", segundo o conceito clássico e que tão maus resultados deu. Vou até mais longe! Esta nova situação terá de encontrar reflexos na própria organização política. Mais cedo ou mais tarde, para o regime sobreviver "eles" terão de ceder.: redução drástica do número de deputados na AR que passará a contar com uma segunda Câmara apenas parcialmente eleita e composta pelos grupos de interesses patronais, sindicais, culturais, académicos, etc. Chama-se a isto corporativismo? Não, porque a Câmara baixa continuará entregue aos deputados eleitos directamente nas listas partidárias.
As grandes questões relativas aos investimentos públicos, terão de passar com o pleno aval da Câmara alta e aqui o Chefe do Estado é obrigado a assinar, pois esses inúteis tribunais constitucionais, PGR's etc, serão abolidos, tal como acontece nos países civilizados, a Dinamarca ou Suécia, por exemplo. "Eles" terão de adoptar um novo sistema eleitoral que salvaguarde as pequenas formações, não se podendo cair na tentação chapeleira do PS/PSD de hegemonizar a vida política-partidária.
O primeiro-ministro deve obter poderes presidenciais, tal como em Espanha, evitando-se este sistema abstruso que simplesmente não serve: nada de semis-presidencialismos.
Como nota final, será irreversível o novo traçado no ordenamento territorial, sem regionalizações quiméricas. Não temos fundos para esse tipo de banalidades. E já agora, o PR deixa de servir para o que quer que seja. A Monarquia torna-se então não só desejável - porque agregadora e muito económica -, como inevitável.
Veremos até onde vai a vontade regeneradora.
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De Nuno Castelo-Branco a 04.11.2008 às 01:10

Desculpem os erros, t~em em vez de têm e regualador em vez de regulador. Escrevo depressa e falham-me as teclas e ainda por cima não revejo os textos. Só a posteriori, quando a asneira está feita.
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De Margarida Pereira a 04.11.2008 às 11:20

...isso é natural, quando existe - como existe - essa vivacidade invejável. Essa ansiedade de comunicação daquilo em que veementemente crê. Admirável...
Que tribuno daria, Nuno...
Tomando o fim pelo princípio: se Monarquia,... quem?
(posso esperar mais, se for necessário, ou publicar um apelo aos monárquicos de boa vontade: iluminem-me, por gentlieza...)
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De JMB a 04.11.2008 às 00:38

Tem toda a razão Samuel.

JMB
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De Margarida Pereira a 04.11.2008 às 11:24

Samuel, a questão da seriedade está estendida ao mundo; não se queda por cá...
Para que servem tantas instituições?
Para abrigar os afilhados da cor.
As infâmias são recorrentes e sem gosto se conclui que não é exclusivo luso.
Creio que seja característica humana.
Logo, estamos perdidos.
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De Anónimo a 04.11.2008 às 13:04

Comentário apagado.
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De Nuno Castelo-Branco a 04.11.2008 às 17:38

António, o seu comentário (aliás, post!) é interessantíssimo mas está muito cifrado. Importa-se de o repetir? Please...
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De António de Almeida a 04.11.2008 às 18:52

Vou tentar, se conseguir apague o original, não sei porque acontece.
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De António de Almeida a 04.11.2008 às 18:55

Apenas mais umas questões para reflectir:
1-Ao impedir a falência do pior dos bancos portugueses, não terá o governo enviado um sinal que não deixará falir nenhum outro?
2-Partindo do pressuposto anterior, não terá sido feito um convite a todos os gestores que podem tomar decisões de risco? Se bem sucedidos ganham fama e proveitos, se mal, contam com um seguro de gestão garantido pelo Tesouro.
3-Terão fundamento algumas vozes que afirmam que existem avultados depósitos da Seg Social em fundos de investimento no BPN ? Se assim for, tecnicamente estaremos perante um resgate, bem oneroso por sinal, e não uma nacionalização.
4-Apenas no caso de ter fundamento o ponto 3 posso compreender a nacionalização do BPN , mas terei de perguntar, investir dinheiro da seg social no BPN ? Porquê?
5-Não se confirmando o ponto 3, sendo os problemas do banco conhecidos desde 2002, mais detalhadamente após procura de auxílio do estado por parte de M.Cadilhe , porquê a nacionalização agora? Será porque daria jeito ao PS uma eventual condenação em praça pública de militantes destacados do PSD nos próximos meses? Mesmo que depois os processos judiciais resultem no costume em Portugal, nada! Mas terá passado o período eleitoral e talvez uma nova maioria.
6-Não se confirmando nenhum dos pontos anteriores, o que duvido, qual o problema em deixar falir o BPN ? Nenhuma instituição financeira manifestou interesse na sua aquisição, o que é um sinal bem interessante.
7-Quais os custos que o Tesouro irá ter com esta operação? No final o BPN será incorporado na CGD , que não terá grande interesse nem retirará dividendos da operação, ficando os encargos para o contribuinte, estarei errado?
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De Lady-Bird a 04.11.2008 às 16:21

Olá Samuel, pois é, Constâncio à sombra da bananeira...
e está tudo muito caladinho porque acham que esta nacionalização advém da actual crise...
Ainda hoje a Finanças Públicas o assistente deu-nos a conhecer que o mais provável é que os accionistas "levem" com títulos de dívida pública a 10 anos, que é para não destabilizar o orçamento... mas isto não dizem eles porque não lhes convém.

um beijinho
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De Samuel de Paiva Pires a 05.11.2008 às 22:01

Peço desculpa a todos pelo atraso na resposta aos comentários, não é por mal, mas o tempo e disponibilidade mental ultimamente têm-se sido necessárias e roubadas para outras actividades.

Nuno e fazeres um post sobre isso? :p)

Obrigado JMB!

Margarida, talvez nos esteja a faltar uma dose daquele realismo que, embora pessimista, nos faz levantar a cabeça e nos ajuda a viver melhor connosco e com o mundo, mesmo que esse esteja perdido. É que os "outros" são muitos mais...

António tomei a liberdade de apagar o seu comentário original! Concordo plenamente consigo, e, parece que já se confirmou a existência de 200 milhões de euros da Segurança Social no BPN. Coincidências, ou, como dizia o outro senhor, "em política o que parece é?" Pelo meio também parece realmente que se nacionalizam os prejuízos e se deixa a parte lucrativa do grupo que detém o BPN intacta. Maravilhoso. E de resto, tal como referi, concordo em absoluto!

Eheh Lady Bird, essas coisas que se vão sabendo nas universidades são sempre espantosas, e o que mais me espanta é as alarvidades que se vão sabendo e difundindo e não passam cá para fora, lá está, não interessa falar sobre isso...



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De Samuel de Paiva Pires a 05.11.2008 às 22:04

Raios, António tenho que lhe pedir desculpa, não me apercebi que o Sapo ao apagar o comentário original, como estava numa árvore hierárquica, apagava os outros! Mil desculpas!

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