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Só neste momento momento me é dado iniciar a minha colaboração neste blog.  Gostaria antes de mais de cumprimentar todos os outros participantes e agradecer as simpaticas palavras de incentivo do Nuno Castelo Branco e a boa vontade do Samuel Pires.

 

 

                    Portugal, 34 anos de uma Democracia

                                              de sucesso

Todos os dias somos confrontados com a crise do Estado. As falencias,  as manifestações dos professores, o mal-estar nas forças armadas e o aumento da criminalidade são só alguns dos muitos sinais de uma situação que tem vindo a agravar-se. Os problemas do país, por mais estranho que possa parecer aos menos informados,  deve-se muito simplesmente à sobreposição dos interesses particulares de individuos ou grupos sócio-profissionais aos interesses superiores do país e dos portugueses.

A revolução do 25 de Abril de uma forma muitas vezes clara, estimulou  a mudança de valores dos portugueses no sentido do sucesso a qualquer custo, com óbvio prejuizo do país.

O nacionalismo relativamente moderado, foi uma caracteristica do Estado Novo. O culto dos simbolos nacionais, da História e dos antepassados foram uma constante do regime.

Nalguns momentos em seu nome terão sido cometidos abusos, mas geralmente numa escala muito inferior aos praticados por outros países de regime politico totalitário e mesmo liberal democrata.

Após o 25 de Abril o ideário nacionalista passou a ser automáticamente conotado com o fascismo, a ditadura e o autoritarismo.

A tónnica do discurso do novo regime politico liberal democrata em Portugal, passou a ser o da igualdade fundamental entre os povos e a desvalorização das especificidades nacionais.

Os valores nacionalistas foram combatidos com recurso a conceitos como o universalismo portugués e a experiencia Histórica (com recurso frequente ao ideário marxista).

O pós 25 de Abril foi uma época de abertura a fluxos  migratórios vindos sobretudo de África e da América do Sul.

Esta modificação de mentalidades no sentido da diluição da identidade portuguesa numa mais ampla europeia e ibérica não seguio o padrão internacional, que de uma forma por vezes pouco moderada, continua a previligiar o nacionalismo.

Podendo compreender o contexto em que surge, a impressão que retenho desta politica pós 1974 de rejeição extremada dos valores nacionalistas (identitários) é de que é perigosa para a unidade nacional e para a coesão interna (paz social)

Em geral a maior parte dos Estados caracterizam-se pela heterogeneidade, fruto das especificidades do seu espaço físico ou da origem cultural, racial das suas populações.

Portanto os interesses e as formas de "SENTIR" o espaço e o mundo são por vezes muito diferentes, pelo que criam condições para a eclosão de conflitos.

A experiencia comum em todos os países é a de que um nacionalismo de natureza moderada é essencial para criar sentimentos de pertença a uma realidade maior e transcendente ao individuo ou grupo, a da nação.

Desta forma é mais fácil levar grupos populacionais diferentes e individuos a cooperar, ultrapassando os seus interesses mesquinhos prejudiciais do conjunto.

                                                     Uma virtude inquestionável do Estado Novo, foi a de este   ter

                                                     conseguido pacificar a sociedade portuguesa, levando-a a     

                                                funcionar de uma forma mais eficiente, senão                                                       mesmo   harmoniosa.

 O seu "segredo" não foi tanto a propagada repressão, mas sim a sobreposição dos interesses da nação áqueles que eram particulares a grupos e individuos.

Actualmente observa-se o inverso, pelo que o país como entidade colectiva funciona mal e decai de ano para ano em relação aos demais. Não existe um Portugal, mas muitos que dentro do mesmo espaço competem ferozmente entre si para defender os seus interesses e previlégios.

Nessa luta fraticida saímos todos a perder.

 

 

publicado às 13:34


8 comentários

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De CMF a 28.11.2008 às 15:37

"Os problemas do país, por mais estranho que possa parecer aos menos informados, deve-se muito simplesmente à sobreposição dos interesses particulares de individuos ou grupos sócio-profissionais aos interesses superiores do país e dos portugueses."
Foi a"sobreposição dos interesses colectivos" que levou ao trágico século XX. Foi a subalternização do indivíduo em relação ao colectivo (seja ele visto como o Estado, a Nação, ou a etnia) que nos conduziu aos horrores do comunismo e do fascismo. Acordar os monstros é brincar com o fogo. Foi a democracia (mais ou menos) liberal, foi o capitalismo, aquilo que nos levou, em poucas décadas a uma situação de maior prosperidade, e certamente de maior Liberdade. Queremos morder a mão que nos deu comer? Queremos evocar fantasmas, com apelos ao superiores interesses da nação, ou organizando colóquios sobre Marx (como julgo que aconteceu há poucos dias em Lisboa). Óptimo. Mas depois não se queixem. Quando a Europa cair outra vez nas malhas do colectivismo, saberei que é finalmente altura de emigrar para os EUA. Lá existe uma coisa chamada “patriotismo”, mas com um significado bem diferente do europeu: nos EUA acredita-se numa ideia, num sentido de Liberdade, expresso na Declaração e na Constituição, e simbolizado pelos “pais fundadores”. Etnias, língua, “grandes feitos do passado” estão sempre em segundo plano.

Apetece recordar M. Tatcher: there is no such thing as a society; there are individuals and then there are families... Começamos a esquecer as lições do século XX. Temos memória curta.

Bem, mas mais importante do que tudo, bem-vindo a este Estado Sentido!
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De Nuno Castelo-Branco a 28.11.2008 às 17:34

Em boa parte estou de acordo com o CMF , mas creio que a situação actual ultrapassou em muito, os limites toleráveis. Precisamente, o excesso de um certo individualismo que luta , melhor, impõe o sucesso de alguns a todo o custa, trará uma violenta reacção que nos conduzirá novamente aos modelos totalitários. A situação presente é límpida no que respeita ao caminho que já se iniciou - assim o creio - de forma bastante perceptível. Estão a abusar.
Quanto aos EUA, enfim, aquilo que o CMF chama "patriotismo" deles, é uma exacerbada manifestação de nacionalismo como jamais vi em parte alguma: nem nos 10 de Junho do Estado Novo. O trapo - desculpe-me mas acho a bandeira horrenda e sinistra - está pendurado em todo o lado, surge obrigatoriamente hasteado à porta de casa, etc. As mãozinhas no peito enquanto ouvem o hino ... dos foguetes que estralejam ..., a lágrima fácil da sua cinematografia de impressionar corações frágeis das massas, a moralice de trazer por casa... bem, podia continuar por aí e ser acusado de xenofobia ou atraso mental.
As campanhas eleitorais bacocas do "I have a dream , Yes I can ", são isso mesmo, uma quase histérica mensagem de hiper-nacionalismo . estão no seu direito, porque defendem a soleira da sua casa e as suas contas bancárias. nada a condenar. mas que existe, existe, assim como a maníaca vontade de depreciar o legado dos outros (em benefício de banalidades como o far-west ). Um dia inteiro a ver o Canal História, é suficiente para entender isto: os melhores e únicos aviões, os melhores navios, os soldados bestiais que libertam tudo e todos, a maior plataforma petrolífera, o melhor batedor de bolos, o maior hamburger . Sinceramente, embora - que remédio!::: - seja pró-EUA por INTERESSE nacional, estou um bocadinho farto deles. A última campanha foi um autêntico chorrilho de conversetas do tipo Big Show SIC, sem um mínimo de profundidade, sempre com os our values " na boca, enfim, balbuciando as mesmas asneiras que acusamos aos nossos políticos mais rednecks .
CMF , quanto aos "grandes feitos do passado", eles são peritos nisso. Basta ver televisão. Qualquer escaramuça entre os pategos do G. Washington e um punhado de moicanos, surge como gesta incomparavelmente mais relevante que Waterloo ou as campanhas de Júlio César.
Para não falarmos da efabulação da verdadeira História, como o escabroso e traiçoeiro ataque aos espanhóis na guerra de Cuba, a provocação à Alemanha em 1916-17, os raids na América central, etc. Se isto não é nacionalismo...?
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De CMF a 28.11.2008 às 18:45

Eu penso que o grande problema, Nuno, não é o individualismo em si, mas o falhanço estrondoso do Estado de Direito (pelo menos em Portugal). Eu convivo bem com individualismos mais ou menos egoístas, mais ou menos solidários. Mas não podemos culpar o individualismo (o metodológico?) pela situação actual. Temos um regime falhado, e agora tudo está a saque. É a natureza humana, e nada há a fazer se esta não for controlada pela Lei, e por uma justiça eficaz. O pessimismo antropológico também passa por isto: aceitar os pecados e as virtudes da natureza humana, mas confiar no Estado como garantia de Justiça. Foi isso que se perdeu. Ou que nunca existiu.

"Se isto não é nacionalismo...?" Claro que é. Eu apenas defendi que é um nacionalismo mais virado para uma Ideia, do que para uma Nação, ou etnia, ou seja lá o que for. Uma ideia de Liberdade. Se é ou não respeitada sempre, se é ou não aproveitada por políticos medíocres para fazerem passar mensagens (e actos) opostos, isso é outra história. De qualquer forma quando lemos Hamilton (e talvez até o tonto do Jefferson), pensamos haver esperança para a Humanidade. O que se faz sobre esses princípios fundadores...bem, lá voltamos ao pessimismo e à natureza humana...
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De Nuno Castelo-Branco a 28.11.2008 às 19:09

Ah! bom, CMF, assim já nos entendemos, grrrrrrrrrr... :)
É que esta história de nação tem muito que se lhe diga. Sempre me pareceu curioso que o hoje politicamente correcto rejeite o nacionalismo, quando foram os seus próprios ascendentes (1789) que inventaram o monstro e o impingiram a tiro de canhão por todo o lado. Veja-se o caso português: apesar de todas as lutas pela defesa da independência, o nacionalismo como tal, vem ferozmente atrelado ao carro do prp. E quem beneficiou da "educação republicana"? O seu sucedâneo. Então, não se queixem, não é?
Bom, afinal estamos de acordo naquilo que é essencial.
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De Nuno a 30.11.2008 às 16:15

Agradeço o seu comentário e digo-lhe que estou extremamente ciente do papel dos extremismos políticos na História europeia do século passado.
Penso que não compreendeu bem o que eu quis dizer. Não estou a defender a supressão do individualismo, mas sim a total sobrevalorização do "EU" em prejuízo do interesse público. A raiz do problema está em permitir que o individualismo atinja extremos que incapacitam as pessoas de ocupar cargos de serviço público. Abandonando o plano teórico, o que são indivíduos como o Vale e Azevedo e uma diversidade de políticos e funcionários públicos que colocam os seus interesses acima dos dos outros a que estão obrigados a bem servir e defender os interesses?
A desonestidade e o prejuízo dos outros para proveito próprio são infelizmente facetas vulgares e extremas de um individualismo deturpado pelo egoísmo Resulta pois natural que ideias pouco escrupulosas como de que "na sociedade todos competem pelos mesmos fins e o que importa é vencer" (não importa os meios claro está !) ganhem aceitação generalizada.
Devido a razões várias de natureza pessoal e não querendo alongar-me muito, digo-lhe que conheço bem os E.U.A. e este sendo um grande país não é o melhor para viver, recomendo-lhe a Austrália e o Canada. O melhor dos E.U.A. é o facto de o seu gigantismo proporcionar muitas oportunidades de emprego em todas as áreas imagináveis, no entanto tem também grandes problemas. A promiscuidade entre a classe politica e os grupos económicos ligados ao enorme complexo industrial-militar é um problema gigantesco que sacrifica as classes menos abastadas. A assistência médica e o ensino para o cidadão vulgar são maus. Trata-se menos um país de futuro do pode crer .
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De Carlos M. Fernandes a 01.12.2008 às 17:00

Mas lá está, como diz, o problema não é o individualismo. É a desonestidade. São casos de polícia, e têm que ser tratados por esta. Não somos melhores ou piores do que há alguns séculos atrás, não somos melhores ou piores do que outros povos. Mas Portugal, e muitos países europeus, têm uma justiça patética. Ineficaz, o que implica a ausência de punição. E lenta, o que afecta principalmente o cidadão comum, contribuinte, pois este não tem dez anos para perder num processo. É este, na minha opinião, o verdadeiro cancro de Portugal: a Justiça. Se por algum milagre a justiça portuguesa passar a funcionar como devia (milagre) muito coisa melhora por arrasto. É a minha convicção.

Quanto à emigração, prefiro os EUA. De longe. O Canadá, nunca (e à Austrália torceria um pouco o nariz). Um verdadeiro latino nunca poderia viver no Canadá. Eu sei que há muitos portugueses por lá. Mas é por isso que eu costumo dizer que Portugal é um enclave escandinavo no sul da Europa. Falta-lhe a chama latina. A paixão. E essa paixão vive melhor com o delicado equilíbrio americano entre caos e ordem, do que com a ordem absoluta do Canadá e outros "paraísos".
Ah, e garanto-lhe que para um investigador, os EUA ainda são o pais do futuro. A Ciência na América e a Ciência na Europa não têm comparação. E é por isso que eu, apesar de gostar muito da Europa (e de amar o país onde vivo, a Espanha), penso muitas vezes se, depois de desperdiçar meia vida, ainda quero desperdiçar a outra metade. A hipótese de emigração para os EUA não é um acto de revolta. A acontecer, seria uma opção sensata. E é por isso que muitos, no ramo, fazem o mesmo. A Europa vê-os partir, mas finge-se cega, do alto da sua superioridade moral.
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De João de Brecht a 28.11.2008 às 17:13

Bem Vindo ao Estado Sentido!
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De Samuel de Paiva Pires a 28.11.2008 às 19:08

Bem vindo Nuno!

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