Samuel, eu não sou da extrema-esquerda nem defendo déspotas. E não posso dizer que fiquei satisfeita com o acto do jornalista iraquiano (que pagará bem caro a gracinha, talvez até com a própria vida) mas apenas que o compreendo muito bem. E que Bush estava a pedi-las. E que um sapato é muito pouco para o que ele merecia, apesar do insulto que o gesto implica.
Experimente fazer um exercício simples: pôr em prática o velho ditado inglês que diz "put yourself in one's shoes", já que é de sapatos que falamos. Você é iraquiano (não americano nem europeu, e não está sentado no seu sofá confortável mas numa qualquer rua de Bagdad, que a qualquer momento pode ser bombardeada) e de repente tem à sua frente o homem que considera responsável por todas as suas desgraças dos últimos anos: um número arrepiante de amigos e conhecidos mortos, o seu país destruído, uma guerra que não tem fim à vista (ou, se o tiver, vai ser ainda pior), falta de todos os bens essenciais, a total incerteza sobre o que resta de tempo de vida à sua família, etc, etc... Diga-me só, honestamente: o que faria?
Ana mas eu concordo absolutamente com o que diz, e achei piada tanto ao acto do jornalista como à forma como Bush encarou a situação! Eu só pretendia chamar a atenção para o facto de a extrema-esquerda cá do burgo se deliciar com este incidente, a mesma extrema-esquerda que propagandeia os Che, Fidel, Kim-Jong-Il, Estalin e afins deste mundo, onde dirigiram(em) regimes muito abertos à liberdade de expressão...