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A absurda ideia de que há um "Regresso a Marx", por José Pacheco Pereira:
Podia continuar por páginas e páginas. Duvido que Marx achasse mal a globalização financeira como passo para a globalização do capitalismo e, claro, da revolução. Por exemplo, falando sobre a protoglobalização que conhecia no seu tempo, Marx acabava por ser um partidário da política de canhoneira, que, abrindo a tiro os grandes mercados fechados da Índia, do Japão e da China, permitia que o capitalismo se tornasse mundial e, a prazo, a revolução também. Marx considerava que o capitalismo era superior ao "despotismo oriental" na grande ordem do progresso da História e nos seus artigos americanos defendeu a Guerra do Ópio. Aqui, até Eça de Queirós era mais "antimperialista".
Podia de facto continuar por páginas e por páginas, mas não vale a pena. Se ao menos o "regresso a Marx" se traduzisse numa leitura de Marx, um dos autores fundamentais da nossa contemporaneidade, ainda valia a pena. Não é isso que se passa, mas a deterioração acentuada do pensamento da chamada "esquerda independente" e das modas mediáticas. E disso Marx não tem culpa.