Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




CURIOSIDADES ECONÓMICAS

por Nuno, em 25.01.09

 

 

A ciência histórica sofre muito com a selecção dos factos feita por cada historiador. Esta serve geralmente os interesses de quem paga os ordenados, pelo que a objectividade fica comprometida a par da cientificidade. Isto explica que na minha opinião a “salvação” da ciência Histórica possa estar na perspectiva Braudeliana (e da historiografia americana) que tanto peso atribui à análise económica. A leitura dos números é mais incontornável que a dos factos.

O Miguel Castelo Branco recentemente citou no seu Blogue um gráfico interessante da evolução do Produto Interno Bruto per capita português em relação ao PIB médio europeu entre 1870 e 2008.

No meu primeiro curso (Geografia) na UL perdi muito tempo a fazer anaáise estatística e de gráficos desse tipo.

 

Uma leitura atenta do mesmo indica os seguintes factos curiosos:

 

-O ponto alto atingido em 1889 (64%), curiosamente só voltou a ser igualado 100 anos depois, em 1989 já dentro da CEE e no contexto da entrada maciça dos fundos de coesão.

 

-Entre 1910 e 1928 o PIB português reduziu-se aproximadamente 15%.

 

-No período do Estado Novo, entre 1928 (ascensão de Salazar) e 1973 ocorreu um aumento de perto de 30%, não obstante os constrangimentos económicos da segunda guerra mundial e da guerra colonial. Importa ter ainda em conta, o muito baixo endividamento do país na altura da revolução de 1974 e as enormes reservas de ouro (as terceiras maiores do mundo na altura).

 

-Após o 25 de Abril de 1974 até 2008 (34 anos) o PIB aumentou um pouco menos de 10%, sem o ónus da referida guerra colonial e os apoios financeiros da CEE. Actualmente o endividamento nacional aproxima-se dos 70% do PIB de um ano. As projecções para 2009 indicam que o PIB deverá reduzir-se no mínimo  –1.5% (pelo que os tais 10% passam com sorte a 8.5%).

 

Tudo isto leva a pensar acerca de qual poderia ser a situação económica portuguesa se tivessem sido mantidos os níveis de crescimento anteriores a 1974... Infelizmente estou convencido de que isso nunca teria sido possível, porque em Portugal a democracia era inevitável e ela por cá anda a par com a corrupção e ineficiência. Só se tivéssemos uma ditadura disfarçada de democracia como na Rússia de hoje.

 

Agora que cada um tire as suas conclusões.

 

O gráfico suscitou dúvidas entre os leitores pelo que passo a explicar a metodologia utilizada na sua construção.

A mesma foi a de somar todos os PIB (valores absolutos) de um ano respeitantes ao conjunto de países indicados e dividir pelo seu numero para obter a média para um dado ano.  Este PIB médio europeu corresponde sempre a 100%. Seguidamente vemos a quanto corresponde em percentagem o PIB português (valor absoluto) do mesmo ano em relação ao PIB médio europeu.

Clarificando ainda mais, se por exemplo a média do PIB europeu for 20.000 euros em 1990 e o PIB (produção de riqueza) português for 15.000 nesse mesmo ano, no gráfico aparece um ponto correspondente a 75%. O gráfico resulta pois do apuramento da relação entre o PIB português e o PIB médio europeu entre 1870 e 2008.

Obtive o gráfico no seguinte Blogue http://pedroarrojagrupofinanceiro.blogspot.com que está  mais centrado na área de economia.

 

 

 

 

publicado às 21:33


9 comentários

Imagem de perfil

De Nuno Castelo-Branco a 25.01.2009 às 21:59

Já as tirei, mas não digo em público.
Imagem de perfil

De Cristina Ribeiro a 25.01.2009 às 22:20

Só um " llelé da cuca " não vê o óbvio.
Sem imagem de perfil

De Diogo a 25.01.2009 às 22:25

O povo sente-o embora não o saiba descrever. O ruído é muito. O tempo, só o tempo permitirá ver com a objectividade necessária esse passado e então sim poderemos prosseguir rumo ao futuro, ao progresso e à prosperidade colectiva.
Sem imagem de perfil

De Zé do Carmo a 26.01.2009 às 03:31

O gráfico não se refere directamente ao PIB, mas à percentagem do PIB português em relação ao europeu (em médio), o que quer dizer que, quando aumenta essa percentagem pode apenas significar que o pib europeu desceu (guerras, etc). Creio que é o que se passa em 1970-1974, que reflectirá o choque petrolifero. É mais difícil de ler do que parece, sem a indicação do pib europeu em termos absolutos.
Imagem de perfil

De Nuno a 26.01.2009 às 19:52

Vejo que em parte compreendeu o gráfico, mas fez alguma confusão na interpretação.

Isso porque o amigo pensa que o aumento do PIB português não ocorre realmente se o PIB médio europeu sofrer uma redução (como no caso em que falou em 1973).
Ora do que se está a falar realmente no gráfico é do crescimento relativo do PIB português (não absoluto) em relação ao PIB médio europeu, além de que a nossa economia nunca funcionou de uma forma independente da europeia (quando esta se retrai a nossa acompanha).

Na verdade o crescimento do PIB nacional em termos absolutos tem pouco significado se não for comparado com o dos outros países. O nosso PIB pode crescer e no entanto estarmos a ficar relativamente mais pobres.
Sem imagem de perfil

De Anónimo a 26.01.2009 às 21:19

"pensa que o aumento do PIB português não ocorre realmente se o PIB médio europeu sofrer uma redução (como no caso em que falou em 1973)."
Creio que percebi o gráfico.
Pode ocorrer realmente, ou não, mas com estes dados não podemos ter uma certeza, apenas indícios.
De uma forma ou de outra, a repúlbica não se pode gabar...
Há graficos no Bairoch que nos colocam a par com a Dinamarca em termos de pib. Teríamos falhado em parte devido ao analfabetismo, que era idêntico nos finais do séc XIX mas que desapareceu em pouco tempo no reino do Norte e que aqui ainda é o que é, quase 8%. Já o SM, o Rei D. Carlos, punha grande ênfase na alfabetização.
Imagem de perfil

De Nuno a 27.01.2009 às 01:33

Visto que o gráfico do meu post suscitou tantas duvidas introduzi uma explicação simples e pormenorizada de forma a facilitar a compreensão de todos. No que se refere às polémicas em torno da monarquia versus republica não opino, não tenho qualquer ideia definida sobre o assunto. Não vejo a importância pratica da questão.
Tenho no entanto péssima opinião dos indivíduos da primeira republica.
Aquilo que tenho estudado mais ultimamente (e sobre o qual escrevo) são as realizações do Estado Novo e do Estado Democrata pós 25 de Abril.
Sem imagem de perfil

De António Bastos a 26.01.2009 às 16:16

Isso prova bem a fraude em que temos vivido e na qual, como escrevias no teu último post, se tem enchido o olho ao "Zé povinho" com as obras públicas que, como sabemos, para além de renderem votos permitem, com as suas derrapagens, financiar a oligarquia da partidocracia que nos tem "sugado até ao tutano", para citar o Miguel CB. É o socialismo no seu melhor. "Roubar o povo em nome do povo", como dizia Tocqueville.
Sem imagem de perfil

De bom detective privado a 29.11.2011 às 02:04

boa tarde very obrigadao! amei ver aquele post está enriquecedor. passei a guest frequente a 100 no website. abraços

Comentar post







Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas