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Portugal é um dos países com uma das legislações mais vetustas quanto aos direitos dos animais. As normas ainda consideram os cães, gatos, burros, cavalos ou vacas, como "coisas" à disposição de donos, equiparando-se a uma telha, mesa, cadeira ou penico. Se alguém solicitar a intervenção da polícia para acudir a um gato ou cão atropelado, invariavelmente terá como resposta ..."contacte uma entidade defensora dos animais"..., ou ..."não nos compete fazer algo, até porque juridicamente os animais são coisas"... etc, etc. Muito a propósito, aqui recordo a forma absolutamente criminosa como uma certa personalidade ex-detentora de elevadíssimo cargo republicano, soube contornar a Lei e à boa maneira chico-espertista própria de um qualquer mitra de subúrbio, encontrou "especificidades culturais" que permitiam num certo caso, os touros de morte em Portugal.
Na ânsia de obter tilintantes recursos a qualquer preço, a Câmara Municipal de Lisboa, decidiu iniciar uma campanha de angariação de meios seja de que maneira for. Após as corridas da Renault no Marquês de Pombal e Avenida da Liberdade, tivemos a infecta, rasquíssima e terceiro mundista campanha de Natal da TMN, também na praça do Marquês. Iluminações pífias, plastificados e como símbolos da actual situação, barracas aqui e ali, fizeram o pleno do mau gosto e do vale tudo.
Chegou a vez do arquipélago dos Açores. Pela cidade foram surgindo outdoors, iluminações e iniciativas para a promoção da região autónoma. Muito legitimamente, incentiva-se o turismo naquela parte de Portugal. Com o que não posso de forma alguma estar de acordo, é com o desastroso e arrogante sinal de insensibilidade perante o lastimável espectáculo oferecido pelo relvado da Praça de Espanha, pretensamente transformado em campo de pastagem de vacas leiteiras. Um vendaval permanente, um frio de congelar vulcões, a poluição sonora e rodoviária 24 horas por dia. Nem um abrigo pré-fabricado para os animais poderem passar a noite?! Incrível, mas verdadeiro.
A desculpa explicativa do imperdoavelmente inexplicável: ..."os animais são monitorizados por tratadores e naquele sítio usufruem de um ambiente idêntico ao do local onde normalmente pastam"...
Além de deles nos servirmos muitas vezes de forma bárbara - alimentando-nos, vestindo-nos e calçando-nos -, os bichos servem para brincadeiras, umas mais tradicionais que outras. Metade do país está armado de espingardas e caça-se não se sabe bem o quê. A taxa de abandono de animais domésticos é vergonhosa. São os novos e indefesos escravos, sempre à disposição.
Se a tudo isto somarmos a despótica insensatez dos órgãos componentes do Estado, nada mais há para comentar, a não ser um ...que bestas!