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Há quase cinquenta anos, um misterioso tiroteio em Dallas, tornou possível testemunhar quase em directo, o assassínio de um Chefe de Estado. Na ocasião, John Kennedy - uma das mais colossais fraudes mediáticas do passado século - foi abatido aos olhos de uma população chocada e incrédula. As imagens do acontecimento, são igualmente o testemunho da normal aflição de Jackie Bouvier Kennedy que desvairada, rasteja pela parte traseira da limusina presidencial. O pânico daquela mulher, a cabeça estilhaçada do presidente e a tragédia interiorizada por um povo inteiro, remete-nos para aquele outro dia, pouco mais de meio século antes, quando o landau preto, transportava a família real portuguesa. Os mesmos sons de tiroteio, as correrias apavoradas dos atónitos espectadores da matança, a coragem abnegada de cocheiros, polícias e de alguns populares. Mas neste caso, o que a memória colectiva registará para sempre, foi a atitude de uma rainha que erguendo-se na carruagem, não fugiu nem procurou proteger-se. Mais do que a própria vida, defendeu os seus e com a esta demonstração pública de abnegada coragem, honrou o trono e a sua pátria de eleição.
Duas mulheres de ascendência francesa. Duas opostas atitudes e uma certa maneira de exercício do dever. De uma, a senhora dos salões mundanos, registará a história o delírio da obsessão pela imagem, o fait-divers e a futilidade glamourosa de uma capa de revista. Da outra, a heroína do Terreiro do Paço, ficará para sempre, o testemunho de que provou estar preparada para o perfeito desempenho da esmagadora tarefa representativa que a vida lhe reservara. Em suma, duas formas de ver a França. A de ontem e a dos nossos dias.
*Post dedicado ao António Bastos, do Estado do Tempo