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(imagem picada daqui)

 

Tem vindo a crescer em Portugal um sentimento de insegurança quanto ao futuro, sentimento avolumado por uma crise internacional, económica e social, de proporções ainda não experimentadas pela maioria dos portugueses. São momentos em que importa colocar perguntas à Democracia que desejamos.

Admitindo-se que a situação concreta é grave, torna-se necessário encará-la de frente, antevendo todos os aspectos em que os portugueses experimentam dificuldades.

Os tempos de crise vão-nos trazer privações mas também vêm exigir reflexão.  Este é o momento de olharmos para o que somos. Para este país tão desaproveitado. Para a sua costa atlântica com Portos tão ameaçados, para uma fronteira tão vulnerabilizada, para um património cultural tão desaproveitado.

Temos de perguntar até onde deixaremos continuar o desordenamento do território, que levou a população a concentrar-se numa estreita faixa do litoral, ocupando as melhores terras agrícolas do país e esquecendo o interior, reduzido a 10% do PIB.

Temos de perguntar à economia portuguesa por que razão os bens de produção são despromovidos perante os “serviços”, o imobiliário, e ultimamente, os serviços financeiros. O planeamento das próprias vias de comunicação se subjugaram a essa visão.

Temos de perguntar até onde o regime democrático aguenta, semana após semana, a perda de confiança nas instituições políticas e uma atitude de “caudilhização” do discurso.

Temos de perguntar até onde continuaremos a atribuir recursos financeiros a grandes naufrágios empresariais, ou a aeroportos e barragens faraónicas que são erros económicos.

Temos de perguntar até onde o sistema judicial aguenta, sem desguarnecer os direitos dos portugueses, a perda de eficácia e a morosidade crescente dos processos.

Temos de perguntar se não deveríamos estabelecer um serviço de voluntariado cívico em que os desempregados possam prestar um contributo à comunidade.

Temos de perguntar até onde as polémicas fracturantes que só interessam a uma ínfima minoria política, não ofendem a imensa maioria das famílias, preocupadas com a estabilidade pessoal e económica.

Temos de perguntar como vamos aproveitar o ciclo eleitoral que se avizinha, a começar pelas eleições europeias, onde será desejável que apareçam independentes que lutem pelos interesses nacionais.

Temos de perguntar se nas relações lusófonas, estamos a dar atenção suficente às relações especiais que sempre existiram entre Portugal e o Brasil.

Para ultrapassarmos as dificuldades, precisamos de todos os nossos recursos humanos em direcção a uma economia mais “real”, mais sustentada, mais equitativa, uma economia em que respirem todas as regiões a um mesmo “pulmão”.

Apesar de tudo, o nosso sector bancário fugiu das estrondosas irresponsabilidades dos congéneres mundiais. Saibam os Governos regulamentar os apoios para as empresas grandes, médias ou pequenas mas que sejam produtivas.

Em regime democrático, exige-se processos e discursos ditados pelo imperativo de responsabilidade. A equidade e integridade territorial só poderão ser obtidas com a participação de todos, e com sacrifícios para todos.

Estamos confiantes que somos capazes de fazer das nossas fragilidades as nossas maiores vantagens. Onde outros tiveram soluções muito rígidas que falharam, nós venceremos promovendo os portugueses que lutam por um país de imensas vantagens competitivas.

Mostremos como somos um grande País, uma Pátria em que todos cabem porque acreditam na Democracia. Portugal precisa de mostrar o seu projecto para o século XXI. Pela minha parte, e pela Casa Real que chefio, estou, como sempre, disponível para colaborar.

D. Duarte de Bragança
Lisboa, 3 de Março de 2009
Discurso de encerramento do I Congresso Marquês Sá da Bandeira

publicado às 02:54


5 comentários

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De Melekh Salem a 04.03.2009 às 09:25

Belo discurso. Quem será que o terá escrito?
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De Nuno Castelo-Branco a 04.03.2009 às 12:33

De certeza absoluta não foi quem escreve os discursos de Cavaco, nem sequer aqueles outros que escreviam os discursos de Sampaio e Soares. O que importa verdadeiramente, é o conteúdo. Se D. D. Duarte assume um discurso destes, não é de estranhar, porque ando a ouvi-lo dizer isto há décadas.
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De Escarapão a 04.03.2009 às 19:45

Independentemente do discurso, D.Miguel daria voltas na tumba por imaginar que um seu descendente directo, desse cobertura institucional a algo ligado a Sá da Bandeira seu inimigo figadal!
Estude História, Estide História!
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De Nuno Castelo-Branco a 05.03.2009 às 00:09

Eu sei o que quer dizer. No entanto, duvido muito que o esquema de organização do Estado dos tempos de D. Miguel, sejam os mais adequados na actualidade, até porque toda a base de sustentação - Cortes Gerais, os 3 Estados, etc - volatilizaram-se. Se hoje a nossa sociedade nada tem em comum com os tempos da monarquia constitucional, imagine-se então com o regime de D. Miguel?
Tenho a estranha sensação que em vez de um rei, há quem pretenda um, mas ao estilo de Vítor Manuel III. Assim existe um bom argumento para um caudilho "primeiro-ministro". Não será um equívoco?
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De Escarapão a 07.03.2009 às 00:11

A citação do "study History" é do Churchill e seria para d. Duarte. Caríssimo quanto ao suposto "regime" de D. Miguel este simplesmente não chegou a existir.
A economia de guerra, as sanções e isolamento ao que o país foi votado impediram qualquer tipo de reconstrução da sociedade.´
Concordo e é claro que cultural, económica, socialmente e etc estamos a anos-luz da época, nem creio que alguém deseje isso.
Agora que ao nivel dos Ideaias, da Ética, Honra e Patriotismo desejo estar próximo dos absolutistas e longe dos "malhados".
Não percebo o equívoco. Mas então o que a maioria(tal como em muitos países principalmente Europeus) defende não é um Rei/Presidente da República, meramente decorativo?
Cordialmente

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