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Quando é que deixaremos de promover a mediocridade?

por Samuel de Paiva Pires, em 14.03.09

 

(imagem picada daqui)

 

É ler o que escrevem o Joshua e o Miguel. Num caso, a revolta de um desempregado cujo intelecto em muito poderia ser útil ao país, do outro, a história do pai do Nuno e do Miguel que foi sofrendo uma espécie de purga académica e social. Quando é que deixará de ser crime em Portugal pensar? Simplesmente pensar, escrever, ter opinião. Quando os medíocres cognitiva e intelectualmente pouco dotados conseguem impor os seus redutores pontos de vista simplesmente porque se acham revestidos de um poder que tudo lhes permite e afastam os que poderiam melhor dirigir os destinos da nação, o que é que nos restará? Quando mesmo na academia pensar de forma diferente deixa de ser possível, quando muitos dos que à partida integrariam naturalmente a elite de um país desenvolvido são remetidos ao silêncio e impedidos de fazer seja o que for apenas porque divergem do pensamento único dos demagogos e situacionistas de serviço, quem é que nos guiará?

 

E se eu sei do que falo, nesta semana em que mais uma vez me provaram porque é que eu tenho razão em criticar as Juventudes Partidárias e, já agora, diga-se de passagem que a minha ficha de filiação na JSD foi recusada há já uns meses, sem qualquer aparente justificação, e já não voltará a dar entrada, contrariando o que certo líder da Jota fez crer ao público de certa conferência ao afirmar que eu já seria militante - estes senhores que vão à "minha" faculdade vender as Juventudes Partidárias como a 7.ª maravilha do mundo e que por azar deparam com alguém que não alinha pelo tal espírito das conferências do porreirismo amorfo, esquecendo-se (como? Se nem sabem...) que na academia temos por obrigação questionar tudo, em especial as certezas e verdades que o resto da sociedade possui.

 

Portanto, ao contrário do que noutras ocasiões disse, para escamotear o mau funcionamento da JSD (já agora a fotocópia do meu B.I. deveria ser-me devolvida, mas enfim...), de resto em tudo semelhante ao pouco que sei de como funciona a JS, NÃO SOU NEM NUNCA FUI MILITANTE DA JSD. Julguei que poderia conseguir dobrar a minha coluna vertebral porque eventualmente no fim o mérito e as capacidades de cada indivíduo prevalecem sobre a mediocridade vigente da maioria e aqueles mais capazes podem tentar contribuir para uma sociedade melhor e um país mais desenvolvido (só posso vislumbrar uma pequena parcela da agonia de Schumpeter quando constatou a negação basilar de tal através da demonstração do cariz sectário, primitivo e básico do carácter dos cidadãos típicos quando entram no dominío da ciência da polis). Enganei-me, e continuo a preferir quebrar do que torcer. Obrigado pelo apoio meu caro amigo a quem ultimamente tenho ouvido o "não precisas disso para nada". Prostrado e desiludido peço aqui desculpa aos poucos amigos e familiares que por intermédio da minha pessoa se tornaram militantes apenas porque eu também me filiaria.

 

Talvez por vezes ganhasse mais em estar quieto e calado, talvez até devesse deixar de escrever neste blog e remeter-me ao silêncio, ser apenas um ilustre anónimo e desconhecido, dedicando-me apenas aos livros e à escrita sem qualquer tipo de divulgação pública. Até que ponto é que não me terei já prejudicado ao escrever neste blog? Divirtam-se a destruir a nação que a mim faltam-me apenas 4 meses para acabar o curso e tenho muito sobre que escrever para que tal aconteça. E depois, depois logo se verá, se aquela resposta que há muito espero me libertará, ou se terei que passar mais algum tempo por cá a assistir tranquilamente à lenta degenerescência nacional. Passem bem pois então.

publicado às 00:38


17 comentários

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De Anónimo a 14.03.2009 às 01:42

Nunca se cospe no prato de onde ainda se pode vir a comer...
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De AMJFernandes a 14.03.2009 às 11:43

Caro Samuel.

As juventudes partidárias não trazem nada de novo ao sistema político, antes pelo contrário ajudam a cimentar vícios que vêm de longe. O facto é que elas não são mais do que escolas do não pensar, apenas votar votar votar. O tal votar inútil também pronunciado por Medina Carreira.
Por muito idealistas que sejamos (não obstante o nosso realismo) em crer num futuro, ou melhor, num cenário em que a política se torne efectivamente numa possibilidade racional de fazer escolhas para o bem comum, o facto é que no actual estado de situação isso é impensável.
As juventudes partidárias, tal como os partidos aos quais elas são inerentes, sempre partiram da premissa "tudo pelo partido, nada contra o partido", ou seja, sejam os partidos de esquerda ou de direita não pode haver dissidência de pensamento, bem ao estilo salazarista.
Tal facto torna-se bem patente na nossa grande Assembleia da República Portuguesa, quando se impõe disciplina de voto (a maior restrição da liberdade que existe num suporto parlamento democrático), que mais não é do que seguir o pensamento dominante do partido. Quem não seguir certamente não terá vida fácil.
De certo modo Samuel, apraz-me que não tenhas conseguido entrar, pelo simples facto de que assim evitas muitos dissabores e muito provavelmente ganhares vícios dos quais te tens querido manter livre. Por outro lado não me admira que não te tenham deixado entrar, pelos motivos que tu próprio sabes: qualquer um que pense por si próprio nesses meios que são as jotas, são um perigo para o normal funcionamento das mesmas.

Ao anónimo que tão sabiamente diz que não se cospe no prato de onde ainda se pode vir a comer, devo-lhe dizer que não se trata de cuspir, de certeza que a educação do Samuel não o permite (ao contrário de muitos militantes licenciados que compõem os quadros de decisão das Jotas e que a meu ver já deveriam ter terminado a primária e cujo grau de educação deixa muito a desejar). Trata-se sim da possibilidade de escolha em não querer comer algo de que não se gosta. Porque a diferença reside no facto de que eu o Samuel e tantos outros temos a possibilidade de exercer o nosso voto livremente sem constrangimentos, de pensar e de decidir por nós próprios. Os filiados, que normalmente não sabem ao que se filiam, não têm esse poder de decidir, e muito poucos ainda sabe o que é pensar.

Com os melhores cumprimentos e um abraço,
Alfredo Fernandes

PS: de alguém que sabe pensar para outro que também pensa - os sistemas e as juventudes partidárias são homeostáticos, é esta a sua grande característica!
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De Andre Ferreira a 14.03.2009 às 11:14

Nao se preocupe, caro Samuel. De todas as formas, afiliado a uma ideologia impedi-lo-ia de poder dizer o que pensa, por dever de lealdade, assim que pelo menos nao se tem de comprometer com aquilo com que nao concorda, igualmente.

(Por uma qualquer ignobil razao alheia a mim proprio, o meu computador hoje insiste em nao por acentuaçao nas palavras.)
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De Daniel João Santos a 14.03.2009 às 13:34

E bastou ver os comentários que tivemos por causa do brilhante escrito do meu amigo Joshua.

Logo desceram a terreiro os que não gostam dos que pensam e são livres.
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De Cristina Ribeiro a 14.03.2009 às 13:48

Samuel, é por esta e por outras que me orgulho de estar no Estado Sentido!
Beijinho
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De manuel gouveia a 14.03.2009 às 14:56

Temos que refundar a nossa cidadania e talvez aí salvemos a pátria.

Os jovens têm que se dedicar à política e aos sindicatos, não podem continuar a deixar que sejam os velhos a trocar as suas reformas pela ausência das nossas! O centrão está esgotado.

Precisamos de sangue novo e de um partido novo!
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De Inês Narciso a 14.03.2009 às 15:17

Caro Samuel,
Quero dizer-te que apoio e partilho da tua indignação.
É incrível como as "Jotas", tendo idealmente um potencial tão positivo, podem ser na realidade, nada mais nada menos, que um "prato onde se pode vir a comer".
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De Luís Miguel Bonifácio a 14.03.2009 às 16:39

O facto de te teram recusado a filiação é uma absoluta prova de mediocridade.

Mas também sou sincero numa coisa. Não te estava a ver "encarneirar" numa organização dessas.
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De AMJFernandes a 14.03.2009 às 21:13

Exmos.

Continuando a questão/assunto que envolve este post, relativamente aos partidos políticos e consequentes juventudes partidárias - e de certo complementando o meu comentário, utilizo um provérbio de que gosto: "de boas intenções está o inferno cheio".
Quero com isto dizer, que os ideais que enformaram a criação das juventudes partidárias, de envolver os jovens na política de uma forma mais activa, com pluralidade de pensamento, não passou disso mesmo, ideais. Quer os partidos políticos quer as juventudes tornaram-se aquilo que o nosso caro anónimo referiu "um parto de onde se come". Ora isto apenas vem corroborar o que há muito já sabia: os partidos e as Jotas desde há muito que são verdadeiros centros de emprego, onde todos lutam contra todos na procura de um emprego ao sol. Isto assim não é política, e assim muito dificilmente se conseguirá fazer alguma coisa de bom para o país.
Por isso meu caro anónimo e pedindo desde já desculpa pelo carácter rude da minha afirmação, esteja à vontade e coma do prato onde o Samuel cuspiu, certamente deverá precisar mais desse prato que o Samuel, mesmo que já cuspido.
Samuel duvido que alguma vez tenhas caído na ingenuidade de pensar que ao entrares nas JSD poderias de alguma forma mudar o que quer que seja. Tenho para mim que és demasiado realista para caíres nessa tentação. Creio sim que possas ter tido um laivo de idealismo como eu e qualquer pessoa tem no seu dia-a-dia, em querer mudar o que está mal. Mas isso ainda bem que o tens. Se não procurarmos fazer o que achamos correcto, então quem o fará?
Em relação ao pedires desculpa por algumas pessoas se terem filiado porque supostamente tu também irias ser filiado, só tenho duas coisas a dizer: em primeiro essas pessoas se entraram espero que o tenham feito conscientemente e partirei dessa premissa, de que elas sabiam o que estavam a fazer e no que acreditavam e o facto de tu não estares filiado em nada deve obstar à continuação dessas pessoas na JSD; segundo, se o fizeram apenas porque tu lá ias estar e mais nada, então elas pertencem ao conjunto de pessoas que votam por votar e que perfazem os interesses das JSD e de todas as outras jotas e partidos políticos.
De resto tens as minhas palavras de apoio e um abraço enquanto amigo e visitante deste blog. Em relação ao coment do Prof. Maltez diz muito sobre o que muito de nós pensa...

Com os melhores cumprimentos,
Alfredo Fernandes
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De Lady-Bird a 14.03.2009 às 22:00

Também entregas-te? lol

Quando fiz 17/18 anos, pedi a uma colega do Colégio que era da Jsd para me inscrever, preenchi os papéis e entreguei cópia do Bi... nunca mais me disseram nada, vai para 4 anos... parto do princípio que não estou lá... que se lixe, tenho que me ir informar, se estiver lá, desfilio-me... estou farta desta palhaçada... vou mas é formar um partido! lol
´
beijinho
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De Lady-Bird a 14.03.2009 às 22:01

errata: onde está "entregas-te", leia-se "entregaste" lol

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De AEF a 14.03.2009 às 23:39

www.mep.pt ´
e não tem juventude partidária!
;)
é sem dúvida necessário manter a espinha dorsal bem tensa, sem vergar.
força! e olhar em frente.
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De Bruno Gonçalves Bernardes a 15.03.2009 às 15:54

Talvez devessemos continuar a ler estes exemplos que pululam pela blogosfera nacional, para nunca esquecermos que não vivemos no paraíso que muitos parecem querer anunciar em período continuado de pré-campanha eleitoral. É que me parece que esta política do planeamento a curto prazo, ditada pelas regras da lógica quaternária e dos pequenos -ismos que ficarão apenas no rodapé de uma qualquer enciclopédia poeirenta, continuarão a poluir as mentes dos que estão dentro e dos que estão fora; e como já aqui disse muitas vezes e, também, em público, mesmo dentro continuo a querer que as estruturas partidárias sejam actores da sociedade e não apenas centros de emprego e formação política precária. São exemplos destes que mostram o quanto temos de aprender com o sentido da liberdade, daquela que guiou as nossas maiores mentes, aquelas que voaram.
Espero que continues a voar, Samuel.

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