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A diferença de ser rainha

por Nuno Castelo-Branco, em 17.03.09

 

 

Anda o país inteiro embasbacado com a rainha Rania da Jordânia. A sua beleza e à vontade perante qualquer situação em que seja chamada ao contacto directo com o público, atraem os olhares e sobretudo, a curiosidade pelo trabalho que tem desenvolvido no âmbito social. Não se trata de alguém apenas preocupada com questões de imagem, onde a marca e o lançamento de novas tendências para penteados lhe seriam por si, garantia de visibilidade. Não é uma Carla Bruni ou uma aspirante a manequim de lusa identidade, nem sequer uma ambiciosa do poder pelo poder, como algumas que almejam em suceder aos próprios maridos no exercício de funções oficiais.

 

A rainha é muito mais que um simples fait-divers social. Esquecida ou atenuada a memória da nossa nação, relativamente ao importantíssimo papel reservado às soberanas consortes que ao longo de séculos reinaram em Portugal, todos concluem agora a importância que o ostentar de uma coroa significa para o derrubar de preconceitos, alertar consciências e formação das mentalidades. O exemplo ainda recente da rainha D. Amélia, consistiu naquele derradeiro exemplo que no nosso país, serviu como verdadeiro substituto de funções hoje obrigatórias para os departamentos do Estado. Combate contra a pobreza e exclusão, apoio à infância, instalação dos grandes institutos científicos que modernizaram a sociedade, a protecção ao património cultural e não menos importante, a maior visibilidade do papel desempenhado pelas mulheres no todo nacional, eis o secular programa daquelas que um dia se sentaram no trono português. De Isabel de Aragão a Amélia de Orleães, muitas foram as mulheres que contribuíram decisivamente para o progresso. É de elementar verdade histórica sublinhar o decisivo contributo prestado à própria causa da independência nacional, administrando a regência com sageza e total probidade, fazendo exercer sempre que necessária, a régia autoridade que manteve a hierarquia, disciplina e vontade mobilizadora da população. O sentido do dever para com os seus - o povo que somos -, é parte inseparável da condição da soberana. Muitas vezes discretas ou praticamente incógnitas, acorreram aos necessitados, demoveram as reticências de políticos, arrecadaram fundos, galvanizaram as consciências, tornaram Portugal um país mais visível e respeitado na Europa. Tal como Rania, cumpriram escrupulosamente os trabalhos que a sua condição lhes impunha. De forma natural, sem alarde ou vertigens de protagonismo serôdio. Arrisco mesmo a afirmar que existe hoje em Portugal, quem continue de forma quase invisível mas decisiva, a tarefa de sempre e assim aproveito para aqui manifestar o respeito pelo precioso trabalho social hoje incansavelmente desenvolvido pela Duquesa de Bragança. Não sendo nada susceptível a mesuras cortesãs, creio ser esta pequena lembrança, uma questão de justiça.

 

Portugal perdeu a memória. Rania está entre nós e por uns momentos, a sua visibilidade fez toda a diferença.

publicado às 12:50


8 comentários

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De Diogo a 17.03.2009 às 17:52

Grande valor tem esta rainha. E num país, região, em que ser mulher não é fácil. Quanto mais ser uma rainha mulher em defesa, de entre outros, dos direitos das mulheres. Faço vénia!
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De manuel gouveia a 17.03.2009 às 19:57

Grandes mulheres. Ficamos reféns delas!

Hoje precisamos de grandes homens e grandes mulheres que nos tirem deste buraco.
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De mike a 17.03.2009 às 20:03

Pode até ser, Nuno. Mas eu sou dos que anda embasbacado.
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De Miguel Neto a 17.03.2009 às 20:06

Concordo em absoluto. Se me permite, secundando o sentido do seu texto, gostaria de relembrar mais dois nomes (entre tanto outros possíveis) de Mulheres / Senhoras / Soberanas de Portugal, que nunca precisaram DO protagonismo para desempenharem um papel decisivo na nossa história:

- Dª. Teresa, filha de D. Afonso Henriques que desempenhou um papel decisivo de ajuda e apoio ao Rei no governo de Portugal, após a batalha de Badajoz;

- Dª. Filipa de Lencastre, a MÃE da nossa Ínclita Geração.

Que Deus as guarde, Senhoras.
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De Nuno Castelo-Branco a 17.03.2009 às 23:45

D. Leonor, a fundadora das Misericórdias, ainda hoje fundamentais em Portugal e em todo o antigo Ultramar.
D. catarina de Áustria, a grande regente durante a infância de D. sebastião.
D. Luísa de Gusmão, mulher admirável que num dos mais difíceis momentos da nossa história, esteve à altura do papel que aquela lhe reservou.
D. Maria Pia, o chamado "Anjo da Caridade" que hoje veria a última palavra substituída por Solidariedade (a caridade dos nossos tempos, politicamente falando). Ainda está em Superga, esperando o regresso a Lisboa, local que jamais quis abandonar. Esperemos que esta república de m... lhe faça justiça antes de 2011, centenário da sua morte.
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De Miguel Neto a 18.03.2009 às 09:20

SENHORAS! As suas vidas e os seus actos deviam ser aprendidos nos bancos de escola e servir como exemplo. Sobre as suas vidas deviam-se fazer séries (sérias - não palhaçadas neo-modernas politicamente correctas) para as televisões.
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De Daniel João Santos a 17.03.2009 às 20:13

Bem lembrado...

Infelizmente este país só dá valor aos outros.

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De maria.menezes a 18.03.2009 às 23:34

Bonito texto, Nuno. Tomei a liberdade de o copiar e colocá-lo no blogue da FRP.
Mais uma ves os Duques de Bragança foram excluídos, sendo as pessoas mais indicadas para receberem os Reis da Jordânia. Esta falta é inademissível porque não é "politiquemente correcto" significando também, a inexistência da democracia portuguesa. Enfim! É o que dá termos "gasolineiros" no poder!!!

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