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Esta semana que passou a SIC Notícias noticiou que Portugal poderá estar na falência em 2014. Andei à procura e não encontrei mais referências. Ora, recuperando o que escrevi no início do ano:
Eu tenho uma "teoria" que carece de fundamentação que é a de que o arrendamento será um mercado muito mais sustentável e proveitoso. Porque as pessoas não se "enforcarão" durante 20, 30 ou 40 anos, porque têm muito mais flexibilidade para mudar de casa em qualquer circunstância (mudança de emprego, desemprego, saída do país) e, principalmente, porque em vez de pagarem ao banco, que por sua vez paga à banca na qual se endividou, o dinheiro mantém-se entre os consumidores, ou seja, com efeitos mais práticos a nível do desenvolvimento da economia real. Mas como eu não percebo nada de economia, isto até pode estar errado.
Aos empréstimos das famílias juntem-se os empréstimos das empresas e o panorama começa a não ser o melhor. Se a nossa incapacidade de pagamento dos empréstimos/dívida externa se vier a verificar, creio que estaremos de facto à beira de ter o país vendido aos estrangeiros.
E juntando-lhe a enorme dívida externa agravada pelo governo actual, será que é preciso ser um génio da economia para perceber que vamos entrar na bancarrota mais cedo ou mais tarde se continuarmos assim? Será que toda a sociedade portuguesa prefere continuar a não enfrentar a realidade, a passar ao lado das evidências e a viver apenas pensando no prazer imediato, na satisfação a curto prazo?
Esta semana, ainda antes da tal notícia (ou no mesmo dia, se a memória não me falha), tive oportunidade de colocar umas breves ideias/questões ao Dr. Basílio Horta numa conferência no ISCSP, onde discorri brevemente sobre o facto de termos uma máquina estatal que gasta quase 50% da riqueza que o país gera, (o que o Professor António Rebelo de Sousa clarificou dizendo que isso não é necessariamente negativo, desde que tenha um efeito reprodutivo na economia e não seja despesa pública corrente - o que, convenhamos, atendendo ao desmesurado tamanho da pesada burocracia estatal e em muitos casos ineficiente, me causa certas dúvidas) - que em conjunto com uma política de intervenções na economia sem critérios ou accountability (veja-se os casos do BPN e do BPP, sobre os quais muito escrevemos por aqui, as famosas adjudicações directas ou outras que tais negociatas), me parece causar distorções graves no mercado, pois o Governo vai muito para lá da mera regulação, intervindo activamente.
Além disto, a legitimidade que tem vindo a ser granjeada em demasia ao papel do Estado pelo tal discurso contra aquele papão, de que todos falam mas que ninguém sabe bem o que é, o neo-liberalismo, causa-me a ligeira sensação que se está a asfixiar ainda mais a já de si frágil sociedade civil e iniciativa privada portuguesa.
E só para finalizar, quanto ao sector privado, é elementar que, como explica José Manuel Moreira em "Empresários, mendigos e ladrões" (Leais, Imparciais e Liberais), tão fácil é tornar delinquentes em empresários, visto terem o mesmo tipo de características empreendedoras - "correm riscos, aproveitam oportunidades, planeiam as coisas e, o que é mais importante, avançam com elas" - como o é tornar empresários em "pedintes e saqueadores".
Qualquer semelhança com o que se passa em Portugal é pura coincidência.