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Medina Carreira diz a Ricardo Costa

por Nuno Castelo-Branco, em 01.04.09

 1. [...] A primeira morte é económica. O modelo socialista/social-democrata/democrata-cristão, centrado na caridade do Estado e na subalternização do indivíduo, está falido, e brinda-nos com recessões de quatro em quatro anos. Basta ler "O Dever da Verdade" (Dom Quixote), de Medina Carreira e Ricardo Costa, para percebermos que o nosso Estado é, na verdade, a nossa forca. Através das prestações sociais e das despesas com pessoal, o Estado consome aquilo que a sociedade produz. Estas despesas, alimentadas pela teatralidade dos 'direitos adquiridos', estão a afundar Portugal. Eu sei que esta verdade é um sapo ideológico que a maioria dos portugueses recusa engolir. Mas, mais cedo ou mais tarde, o país vai perceber que os 'direitos adquiridos' constituem um terço dos pregos do caixão da III República [...]

 

Medina Carreira nada de novo vem anunciar. José António Saraiva explicou esta evolução de forma lapidar, comparando Portugal e Espanha. O artigo intitulava-se - se bem me lembro -, "O Fim do Regime". No Expresso, onde era director. No entanto e tal como Medina Carreira, não conseguiu escrever e elucidar-nos quanto à conclusão lógica para a saída deste beco em que Portugal se encontra. Sabemos qual é a solução. Eles também sabem mas não têm a necessária coragem para publicamente o afirmar.  Este blog - entre muitos outros - tem-na, tal como o Combustões ou o Centenário da República, por exemplo.

publicado às 17:46


10 comentários

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De bento a 01.04.2009 às 18:54

A aliar à capacidade de análise de medina Carreira temos a assertividadee coerência do vosso blog. Excelente! Já temos a origem do problema, já temos a solução, assim tivéssemos a coragem necessária e a força de vontade para mudar os estado das coisas..
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De Pedro M. da Cunha Coutinho a 01.04.2009 às 19:28

Acha sinceramente que a solução para tudo isto é a Monarquia?
Sou monárquico mas, sinceramente, não me parece que a Monarquia (que aliás pelo menos desde o século XV adoptou o modelo de caridade "estatal") venha alterar nada disto...
A solução é, como aliás Medina Carreira já disse, termos uma justiça que funcione (para acabar com a corrupção) e um povo que trabalhe (para que a Segurança Social, ou algum modelo semelhante que apareça não vá à falência por andar a sustentar preguiçosos).

Saudações,

Pedro Miguel da Cunha Coutinho
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De Nuno Castelo-Branco a 01.04.2009 às 20:00

Não pense que ando a tentar vender a "monarquia a pataco", tal como os republicanos o fizeram durante trinta anos. Creio é que os portugueses aceitaram as mudanças necessárias, se existir um claro sinal de que o sistema não é o mesmo. Acredito que a mudança da forma de representação do Estado pode influenciar poderosamente na aceitação dos sacrifícios e reformas que podem salvar a própria existência do país. E ao contrário de Medina carreira, julgo que o Estado terá sempre um papel a desempenhar, especialmente no sector da assistência. Não somos um país rico e a nossa iniciativa privada é perfeitamente inócua. Não podemos simplesmente ignorar os cuidados de saúde das pessoas. Neste sector muito há para fazer, desde a contribuição desigual a instaurar - quem pode mais paga mais -, até a uma moralização das prescrições farmacêuticas - doses recomendadas e não desperdício de caixas inteiras, por exemplo -, reformulação das condições de acesso á carreira médica - com serviço público mínimo obrigatório e cobertura total do território português, etc.
Há que proceder a uma criteriosa racionalização das necessidades e cortar cerce no despesismo que está a liquidar o país. Apertado controle das obras de "prestígio eleitoral", cerceamento do acesso à função pública através de um severo concurso de competências, reformulação do mapa autárquico (o reordenamento territorial), diversificação da economia no sentido extra-europeu (regresso ao Ultramar), recuperação prioritária daquilo que já existe e que durante cem anos foi a espinha dorsal da estrutura viária nacional, desde as estradas aos caminhos de ferro, não nos esquecendo da completa reabilitação do património urbano, impedindo simultaneamente o alastrar das zonas suburbanas que apenas beneficiam a marginalidade social e um certo empresariado da especulação. Tudo isto é possível, mas algo temos forçosamente de mudar. Para a psique colectiva, os símbolos são importantes.
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De Nuno Castelo-Branco a 01.04.2009 às 20:03

Na terceira linha acima, onde digo aceitaram, quero dizer aceitarão.

Evidentemente, muito fica por dizer, mas apenas consigo transmitir aquilo que o simples bom senso indica. Estarei errado?
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De Pedro M. da Cunha Coutinho a 01.04.2009 às 21:32

Concordo com muito do que diz. Percebo a sua prespectiva no que diz respeito à mudança de regime como uma forma de dar um sinal aos portugueses...Temo contudo que isso não baste.
A grande mudança devia dar-se na Justiça, especialmente no que diz respeito à corrupção. As palavras Honra e Ética deviam voltar a entrar no quotidiano dos portugueses (muitas vezes estas palavras parecem ter perdido sentido para as pessoas mais "sofisticadas" e parecem só se encontrar nos mais "simples").
Espero sinceramente que qualquer coisa mude.

Saudações,

Pedro Miguel da Cunha Coutinho
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De Nuno Castelo-Branco a 01.04.2009 às 23:21

Isso é evidente, Pedro Miguel. Até porque essa mudança implica um outro ordenamento constitucional, muito simplificado e mais eficaz. Já em posts anteriores fiz algumas sugestões. O serviço desinteressado pelo bem comum é fundamental. O problema reside na mudança das mentalidades que só é possível com o sentido da hierarquia e a disciplina. Isso começa desde cedo em casa e na escola. Como vê o programa é vastíssimo e abrange todas as áreas. Mas não é impossível. ´É certo que argumentarão com a ameaça de cerceamento da liberdade de expressão, coisa absolutamente falsa e fora de qualquer hipótese, até porque isso destruiria qualquer reforma séria. Na Europa existem muitos exemplos de sucesso que comprovam o que hoje em Portugal muitos pensam e dizem.
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De João Amorim a 02.04.2009 às 10:05

E acha que o povo quer perder o privilégio do subsídio e da igualdade decretada? O regime devia mudar por expressão de uma esperança colectiva mas ao primeiro discurso de mudança virão os "situacionistas" alertar para o povo se cuidar....
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De JRF a 02.04.2009 às 22:22

Creio é que os portugueses aceitaram as mudanças necessárias, se existir um claro sinal de que o sistema não é o mesmo.
Talvez.
O instinto de auto-preservação de quem tem sugado o país é muito forte. Se a mudança de sistema, implicasse como é desejável a restauração de uma série de valores éticos perdidos e uma conduta digna, temo que a mudança de sistema nunca poderá ser feita sem muito barulho. Muito e violento.
O senhor Sócrates não anda solitário nas suas desventuras, tem uma desprezível máquina a trabalhar para ele. E quem diz o senhor Sócrates, diz muitos outros.
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De Ricardo Silva a 03.04.2009 às 07:34

mas ninguém cala essa besta cúbica do Medina Carreira?

O regime está no fim como esteve a monarquia no final do sec XIX, pelas mesmas razões.....legiões de parasitas intelectuais sem ideias, mas com muitas opiniões

Os direitos adquiridos, como a nacionalidade ou a capacidade de evocar a monarquia (algo que muitos paises não podem fazer pela pouca história que têm) ou mesmo de ter uma identidade, de pertencer a uma comunidade (já sem falar no direito ao ensino, saude....etc) é o resultado do esforço de muitas gerações no sentido do bem comum

Mas quem é esse Medina Carreira para contestar isso?

É por estas e por outras que os monarquicos têm e terão sempre a melhor percepção do que é o sentido de comunidade e a procura do bem comum.
Para os republicas temos sempre de voltar à "estaca zero"...espécie de estado social idilico onde ganha quem tem a melhor arma.

Os monarquicos defendem uma forte oposição a este eterno retorno `"estaca zero"...o Rei tal como a sociedade é um acumular de direitos adquiridos....e se estes nos consomem os recursos, temos nós o dever e a obrigação perante os que nos precedem e os que advirão de garantir pela imaginação e esforço que esses "direitos adquiridos" sejam letra férrea, o cimento que garante o bem comum.

Apenas os inuteis baixam os braços, os ignorantes aforram os tostões , os cobardes abdicam de direitos adquiridos e os vaidosos queimam tudo em redor para que a sua sombra seja mais brilhante....

..os outros, nós, continuaremos a malhar em ferro frio e a acreditar que o futuro pertence a quem defende algo mais que o seu reflexo no espelho e mais do que debitar "verdades", temos sim de apresentar soluções

Abaixo os medinas deste pais, venha o Rei

bem haja
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De Pedro Freire a 05.04.2009 às 15:20

Espero bem que ninguém cale a voz do Medina Carreira, uma das pouquíssimas que se atrevem a dizer verdades inconvenientes. Não sei se Ricardo Silva o quer enquadrar no grupo dos parasitas intelectuais sem ideias, mas com muitas opiniões. Creio que não é o caso. Esses parasitas, que existem realmente, são outros, exactamente os que Medina Carreira critica.
Se o desejado Rei vem para calar as vozes que não lhe agradem, é melhor que não venha. Pessoas com poderes a tentar vozes já há demasiadas.

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