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O país é domado por um grupo sem prestígio mas com poder (Baptista Bastos, Diário de Notícias, 29-4-2009).
É esta a melhor definição possível de alvitre por quem queira julgar a presente situação política portuguesa.
Desfeitas as ilusões acerca da possibilidade de sair uma qualquer maioria absoluta nas próximas eleições parlamentares, os diversos agentes partidários ligados aos "rotativos", vão comentando antecipadamente todos os cenários possíveis. Em qualquer democracia europeia cuja solidez é demonstrada pela normalidade do exercício das funções governativas por partidos minoritários no parlamento, a maioria absoluta é sempre um fim para as forças presentes na competição eleitoral. Não sendo possível tal sucesso, é normal proceder-se aos arranjos que possibilitem a viabilização de uma solução governativa. Tal tem acontecido ao longo de décadas nas já "velhas democracias" do norte da Europa e até em Espanha, o recurso aos partidos menos expressivos tem mantido a estabilidade dos mandatos conferidos pelas urnas. Na Alemanha - o dito motor da UE -, encontra-se em funções um governo de grande coligação CDU/SPD, demonstrando que para os momentos cruciais, dever-se-á recorrer àquilo a que durante a I Guerra Mundial, se chamava União Sagrada.
A situação política portuguesa encontra-se numa fase de vertiginoso declínio, acompanhando o péssimo desempenho económico. Os dois partidos que se têm revezado no poder, têm a obrigação moral de estabelecer os entendimentos necessários para enfrentar uma situação catastrófica que ameaça a sobrevivência do próprio regime. Já não se trata da rotineira divisão tordesilhesca de cargos, prebendas e vaidades, mas sim da derradeira hipótese de contrariar a mortal descrença que corrói o país de lés a lés.
Desta vez, João Cravinho parece ter razão, porque a continuação da estéril chicana partidocrática terá um fim abrupto e por todos já esperado. A quem interessa?