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São curiosas as parecenças entre os antigos líderes comunistas estrangeiros mais carismáticos e alguns dos nossos mais conhecidos. Acredito bem que tal não seja mais do que fruto do acaso, mas não me posso esquecer do que dizia quando eu era muito novo a mãe de um amigo meu:“aquela gente comunista é tão fanática que a pouco e pouco fica toda a parecer-se com o seus ídolos políticos”. Não negando ser algo duvidoso que a metamorfose física realmente ocorra, lá que são parecidos são! E nesse caso a Sra. Odete Santos será parecida com quem ? Talvez com a Rosa Luxemburgo.
Falta o bigode e a pera. O ar é mais paternal e o contexto é mais pacífico
Aqui falta novamente o bigode e pera
A crise económica endémica nacional agravada pela conjuntura internacional tem precipitado uma catadupa de despedimentos colectivos, falências das empresas e dificuldades generalizadas em obter empréstimos dos bancos. Tudo isto confere força à extrema esquerda e ao Bloco de Esquerda em particular que começa a deixar vislumbrar os seus projectos políticos para Portugal e que não são muito diferentes dos já propostos pela UDP, o PSR, ou o próprio PCP; nacionalizações, combate aos negócios privados, expropriações, distribuição de propriedades particulares a preços simbólicos.
A proposta mais recente do Bloco de Esquerda foi a do candidato Luís Fazenda e que ilustra o respeito que tem pela propriedade privada. Tendo por objectivo combater as casas devolutas, defende que o Estado “requisite” temporariamente os imóveis (salvo erro já ouvi esta cantilena antes em meados dos anos 70), os recupere e os alugue posteriormente a valores simbólicos (reduzidos). Tudo isto contra a vontade dos proprietários e para tornar impossível que as ditas habitações permaneçam vazias à espera de um momento mais favorável para serem vendidas.
Os “bloquistas” consideram a valorização do mercado imoral, tal como os rendimentos do aluguer de uma habitação ou a simples liberdade de uma pessoa decidir ou não arrendar, vender ou manter a sua casa vazia. O Bloco de Esquerda considera que a propriedade privada é coisa de ricos, capitalista e exploradores. Curioso, o meu merceeiro trabalha afanosamente seis dias por semana com a mulher e já comprou vários imóveis para além do próprio estabelecimento. Normalmente todos os dias nos últimos 30 anos, entre as 8h da manhã e as 9h da noite sempre o encontrei lá a labutar. Afinal de contas não sabia e aquele individuo à primeira vista respeitável não passa de um capitalista explorador e imoral. Resta-me uma dúvida explorador de quem? Dele próprio? Dos clientes? Salvo erro só lá compra quem quer.
Os dirigentes da esquerda portuguesa pensam que o povo deve viver em imóveis colectivos, a preços fixos estabelecidos pelo Estado. A incúria escandalosa dos governos do rotativismo (PS e PSD) é responsável pelas ambições renovadas da extrema esquerda portuguesa. Um dia quem sabe se com mais uns tantos votos ainda nos põem a todos a marchar alegremente para os campos em troca de senhas de ração. Digo isto e no entanto é necessário diferenciar o Bloco de Esquerda do PCP, os primeiros são movidos por ideais em muitos casos separados da realidade, enquanto os segundos sabem bem o que querem. O Sr. Louçã e respectivos colaboradores não procuram alcançar nada menos que a utopia (palavras deles) o que é natural se considerarmos que são comunistas caviar, com pouca relação com o mundo real, movem-se entre ideais sem ter em conta as complexidades do mundo real.