por Samuel de Paiva Pires, em 09.06.09
Vir a citar Fernanda Câncio, mas no que diz respeito ao artigo de Saramago sobre Berlusconi, está cheia de razão. Comungo inteiramente da sua opinião:
berlusconi está, do meu ponto de vista, longe de ser um político admirável ou até uma pessoa recomendável. mas confundir juízos políticos ou éticos baseados em atitudes públicas e com relevo e interesse público com frases como 'uma coisa que dá festas, organiza orgias' ou 'acompanhante de menores' e ainda por cima fazê-lo em nome de 'valores que liberdade e dignidade impregnaram a música de Verdi e a acção política de Garibaldi' é provar absoluto desconhecimento dos valores citados. ou, para usar um termo caro a saramago, delinquir. contra a liberdade, a dignidade e a ética, em nome de uns quaisquer 'padrões morais' que só podem arrepiar quem não se guia por cartilhas moralistas e pudibundas e respeita o valor fundamental da privacidade e da liberdade individual.
Complementada ainda por Ferreira Fernandes:
Berlusconi estava em sua casa e não cometia nenhum crime nela. Se a questão era a do avião oficial usado irregularmente, que publicassem as fotos do avião e de gente que não deveria estar nele e estava (e até há essas fotos). O que é inadmissível é negar o direito à privacidade de Silvio Berlusconi, lá por ele ser o Berlusconi.
Execrável é mesmo o artigo de Saramago. Nada que não se esperasse de um comunista primário com "aqueles" valores morais que ele e outros que tais tanto teimam em proclamar na teoria, e simultaneamente vilipendiar na prática...