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...que tem estado a ser divertida esta guerrinha blogosférica com os amigos do Jovem Socialista. Mas já deixou de ter piada a constante mania da perseguição e o complexo de inferioridade/superioridade do Luís Brandão Pereira, especialmente quando um dos membros do blog, João Correia, se destacou muito pela positiva, tal como já indiquei. Luís, era completamente escusado o naco de prosa de baixo nível com que nos presenteou. Razão tem Pedro Arroja quando costuma dizer que o debate ou discussão em Portugal degenera quase sempre em ataques pessoais e de carácter, sem qualquer nível (sic). Se eu quisesse de facto enxovalhar alguém meu caro, já teria começado desde ontem a apontar o sem número de erros de sintaxe, gramática e ortografia que infelizmente são apanágio de quem por ali escreve. Se há coisa que me faz doer a alma são erros de português. Pelo menos houve alguém que notou o mesmo:
Além do mais, a clássica estratégia de vitimização complementada pelo contra-ataque inspirado na melhor escola de cacetaria e provocações pessoais, fundada por esse grande arauto do MES e actual ministro da propaganda, Augusto S.S., e pelo querido líder, não colhe muitos frutos por aqui, já lho disse mas você é teimoso. Não vou entrar em ataques pessoais típicos dos jotinhas.
Posto isto, atente-se então nestas pérolas com que o Luís nos brindou:
Cá eu não me deixo ofender facilmente com essas bocas de "fascistas". Aprecio demasiado a minha liberdade, minha e dos outros, e só por isso publico o seu comentário, porque é precisamente a liberdade que eu defendo que lhe permite dizer coisas e que respeito, por muito que eu discorde - como é que diz que disse? Você defende a liberdade do quê e de quem? E por isso permite a outros dizer coisas? Com comentários moderados??? Nem a censura do Estado Novo faria melhor...
Por acaso acertou, há mesmo mais do que um Nobel de Economia. E, só por acaso, quem disse isto não foi Krugman. Ve como não está errado? - é este tipo de postura que o caro Luís espera que eu tenha? "Toma toma, eu faço citações sem indicar a quem me estou a referir porque sou muito bom e sei mais que tu!". Bonito, muito bonito.
Esta também é bastante boa: Posto isto, serão jotices ou estupidez acreditar em Prémios Nobel, em Professores de Harvard ou Ministros de Economia? Se calhar o melhor é perguntar ao especialista Samuel. - E assim se disfarça a falta de conhecimento com aquilo que Jorge Assunção lhe indicou caro Luís e a que eu já o tinha introduzido, a falácia lógica.
Mas vão lá ver este maravilhoso post, sem dúvida do mais reles que já tenho lido por aí. E se quer mesmo Hayek meu caro Luís, para além de eu já me ter referido a um conceito deste ("palavra doninha"), aqui lhe deixo algo que me parece muito apropriado, retirado da edição online de O Caminho para a Servidão, disponibilizada pela Ordem Livre (em português do Brasil), e que creio se tornará cada vez mais apropriado quando o meu amigo André Ventura da Costa nos revelar a sua tese sobre a democracia totalitária. Assim sendo, aqui fica parte do capítulo 10 da obra de Hayek - "Por que os piores chegam ao poder?":
Há três razões principais para que um grupo numeroso, forte e de idéias bastante homogêneas não tenda a ser constituído pelos melhores e sim pelos piores elementos de qualquer sociedade. De acordo (136) com os padrões hoje aceitos, os princípios que presidiriam à seleção de tal grupo seriam quase inteiramente negativos.
Em primeiro lugar, é provavelmente certo que, de modo geral, quanto mais elevada a educação e a inteligência dos indivíduos, tanto mais se diferenciam os seus gostos e opiniões e menor é a possibilidade de concordarem sobre determinada hierarquia de valores. Disso resulta que, se quisermos encontrar um alto grau de uniformidade e semelhança de pontos de vista, teremos de descer às camadas em que os padrões morais e intelectuais são inferiores e prevalecem os instintos mais primitivos e "comuns". Isso não significa que a maioria do povo tenha padrões morais baixos; significa apenas que o grupo mais amplo cujo valores são semelhantes é constituído por indivíduos que possuem padrões inferiores. Ê, por assim dizer, o mínimo denominador comum que une o maior número de homens. Quando se deseja um grupo numeroso e bastante forte para impor aos demais suas idéias sobre os valores da vida, jamais serão aqueles que possuem gostos altamente diferenciados e desenvolvidos que sustentarão pela força do número os seus próprios ideais, mas os que formam a "massa" no sentido pejorativo do termo, os menos originais e menos independentes.
Se, contudo, um ditador em potencial tivesse de contar apenas com aqueles cujos instintos simples e primitivos são muito semelhantes, o número destes não daria peso suficiente às suas pretensões. Seria preciso aumentar-lhes o número, convertendo outros ao mesmo credo simples.
A esta altura entra em jogo o segundo princípio negativo da seleção: tal indivíduo conseguirá o apoio dos dóceis e dos simplórios, que não têm fortes convicções próprias mas estão prontos a aceitar um sistema de valores previamente elaborado, contando que este lhes seja apregoado com bastante estrépito e insistência.
Serão, assim, aqueles cujas idéias vagas e imperfeitas se deixam influenciar com facilidade, cujas paixões e emoções não é difícil despertar, que engrossarão as fileiras do partido totalitário.
O terceiro e talvez mais importante elemento negativo da seleção está relacionado com o esforço do demagogo hábil por criar um grupo coeso e homogêneo de prosélitos. Quase por uma lei da natureza humana, parece ser mais fácil aos homens concordarem sobre um programa negativo - o ódio a um inimigo ou a inveja aos que estão em melhor situação -do que sobre qualquer plano positivo. A antítese "nós" e "eles", a luta comum contra os que se acham fora do grupo, parece um ingrediente essencial a qualquer ideologia capaz de unir solidamente um grupo visando à ação comum. Por essa razão, é sempre utilizada por aqueles que procuram não só o apoio a um programa político mas também a fidelidade irrestrita de grandes massas. Do seu ponto de vista, isso tem a vantagem de lhes conferir (137) mais liberdade de ação do que qualquer programa positivo. O inimigo, seja ele interno, como o "judeu" ou o "kulak", seja externo, parece constituir uma peça indispensável no arsenal do líder totalitário.
Olhe e já agora, fique também com um bocadinho de Schumpeter, da obra Capitalismo, Socialismo e Democracia. Quanto a este só tenho a obra em inglês mas retirei este excerto de alguns capítulos que tenho em fotocópias, da edição brasileira:
"O cidadão típico, por conseguinte, desce para um nível inferior de rendimento mental logo que entra no campo político. Argumenta e analisa de uma maneira que ele mesmo imediatamente reconheceria como infantil na sua esfera de interesses reais. Torna-se primitivo novamente. O seu pensamento assume o carácter puramente associativo e afectivo. E isto acarreta duas outras consequências de sombria significação.
Em primeiro lugar, mesmo que não houvesse grupos políticos tentando influenciá-lo, o cidadão típico tenderia na esfera política a ceder a preconceitos ou impulsos irracionais ou extra-racionais. A fraqueza do processo racional que ele aplica à política e a ausência real de controle lógico sobre os resultados seriam bastantes para explicar esse facto. Ademais, simplesmente porque não está interessado, ele relaxará também seus padrões morais habituais e, ocasionalmente, cederá à influência de impulsos obscuros, que as condições da sua vida privada ajudam a reprimir. Mas, no que tange à sabedoria e racionalidade de suas inferências e conclusões, seria igualmente mal se ele explodisse em manifestações de generosa indignação. Nesta última hipótese, tornar-se-á ainda mais difícil para ele ver as coisas nas suas proporções correctas ou mesmo ver mais de um único aspecto da questão de cada vez. Daí se deduz que, se emergir de sua incerteza habitual e revelar a vontade definida e postulada pela doutrina clássica da democracia, ele se tornará ainda mais obtuso e irresponsável do que habitualmente. Em certas circunstâncias, isto poderá ser fatal para a nação.
Em segundo, contudo, quanto mais débil o elemento lógico nos processos da mentalidade colectiva e mais completa a ausência de crítica racional e de influência racionalizadora da experiência e responsabilidade pessoal, maiores serão as oportunidades de um grupo que queira explorá-las. Tais grupos podem consistir de políticos profissionais, expoentes de interesses económicos, idealistas de um tipo ou outro, ou de pessoas simplesmente interessadas em montar e dirigir espectáculos políticos. A sociologia desses grupos não tem importância para o nosso argumento. E importante é que, sendo a natureza humana na política aquilo que sabemos, tais grupos podem modelar e, dentro de limites muito largos, até mesmo criar a vontade do povo. Na análise dos processos políticos, por conseguinte, descobrimos não uma vontade genuína, mas artificialmente fabricada. E amiúde, esse produto é o que realmente corresponde à volonté générale da doutrina clássica. E, na medida que assim é, a vontade do povo é o resultado e não a causa primeira do processo político."